É o período mais
radical do movimento modernista, em conseqüência da necessidade de definições
e do rompimento de todas as estruturas do passado. Manifesta um caráter
anárquico e destruidor.
O nacionalismo manifesta-se em múltiplas facetas: voltas às
origens; pesquisa de fontes quinhentistas; a procura de uma "língua brasileira"
(a do povo nas ruas); as paródias (visando repensar a história e literatura
brasileiras); e a valorização do índio verdadeiramente brasileiro. É o
tempo dos manifestos nacionalistas do "Pau-Brasil" e da "Antropofagia"
(dentro da linha comandada por Oswald de Andrade), dos manifestos do "Verde-Amarelismo"
e do grupo "Anta", que já trazem as sementes do nacionalismo fascista
comandado por Plínio Salgado.
No final da década de 20 o nacionalismo apresenta duas vertentes:
o nacionalismo crítico, consciente, de denúncia da realidade brasileira,
que identificava-se com a esquerda; o nacionalismo ufanista, exagerado,
utópico, identificado com a extrema direita.
Nesta fase podem ser destacados nomes que continuaruiam a
produzir nas décadas seguintes, como: Mário de Andrade,
Oswald de Andrade, Manuel
Bandeira, Antônio de Alcântara Machado;
além de nomes como, Menotti del Picchia, Cassiano
Ricardo, Guilherme de Almeida e Plínio Salgado.
- Segunda Fase - corresponde ao período que vai de
1930 a 1945. Reflete o conturbado momento histórico: depressão econômica,
avanço do nazi-fascismo, a II Guerra Mundial( no plano internacional);
ascensão de Getúlio Vargas e consolidação de seu poder com a ditadura
do Estado Novo(no plano interno).
A poesia desta fase representa um amadurecimento e aprofundamento
das conquistas da geração de 1922, notando-se a influência de Mário e
Oswald de Andrade sobre os jovens que iniciaram sua produção poética após
a realização da Semana (Carlos Drummond dedica seu livro de estréia, "Alguma
poesia" - 1930 - a Mário de Andrade).
Os novos poetas cultivam o verso livre e a poesia sintética.
Passam a questionar com maior vigor a realidade, isto resultando em uma
poesia mais construtiva e politizada. Surge uma corrente mais voltada
para o espiritualismo e o intimismo (caso de Cecília
Meireles, uma fase de Murilo Mendes, Jorge
de Lima e Vinícius de Morais).
Há um aprofundamento das relações do "eu" com o "mundo", embora
sempre com a consciência da fragilidade do "eu".
Esse período registra a estréia de alguns dos nomes mais significativos
do romance brasileiro, tais como: José Lins do Rego,
Graciliano Ramos, Rachel
de Queiroz, Jorge Amado e Érico
Veríssimo.
O romance desse período caracteriza-se pela denúncia social;
o regionalismo ganha importância até então nunca alcançada na literatura
brasileira, sendo as relações dos personagens com o meio natural e social
levadas ao extremo.
Os ombros
suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
(Carlos Drummond de Andrade).

("Bananal", 1927 - Lasar Segall).
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