Modernismo
 

- Jorge Amado -

"A luta do cacau tornou-me um romancista."
(Jorge Amado).

  Jorge Amado de Farias nasceu em Itabuna, zona cacaueira no sul do estado da Bahia, a 10 de agosto de 1912. Em 1931, matricula-se na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro e estréia com o romance "O País do Carnaval". Levado por Rachel de Queiroz, em 1932, passa a freqüentar grupos políticos de esquerda, filiando-se ao Partido Comunista. Em 1935, formado em Direito, passa a sofrer perseguições políticas, que o levam a exilar-se, temporariamente, na Argentina. Na época da II Guerra Mundial fez oposição ao Estado Novo, o que o levou a prisão (ficou preso de 1936 até 1937). Com a redemocratização, em 1946, elege-se deputado pelo PCB, perdendo o mandato no ano seguinte com a decretação da ilegalidade do partido. A partir de 1958, inicia uma produção metódica, que lhe permite viver da literatura.
  É o escritor brasileiro mais lido em todo o mundo, com sua obra traduzida em vários idiomas.
  Jorge Amado representa o regionalismo baiano das zonas rurais do cacau e da zona urbana de Salvador. Sua grande preocupação foi fixar tipos marginalizados para, através deles, analisar toda uma sociedade. Seus romances, escritos numa linguagem que retrata o falar do povo,

são marcados pelo lirismo e pela postura ideológica (o autor nunca fez segredo de suas posições políticas, dedicando alguns de seus livros ao líder comunista Luís Carlos Prestes, o "Cavaleiro da Esperança", como também escrevendo uma biografia do mesmo - "Vida de Luís Carlos Prestes - O Cavaleiro da Esperança", em 1945).
  No entanto, podem ser notadas posições mais amenas em seus romances após a década de 50, o que tem levado os críticos literários a compartimentar sua obra em:
- Romances proletários - retratam a vida urbana em Salvador, com forte coloração social. É o caso de: "Suor"; "O País do Carnaval"; e "Capitães de Areia".
- Ciclo do cacau - seus temas são as fazendas de cacau de Ilhéus e Itabuna, a exploração do trabalhador rural e os exportadores (nova força econômica da região). Pertencem a este ciclo: "Cacau"; "Terras do Sem Fim"; e "São Jorge do Ilhéus".
- Depoimentos líricos e crônicas de costumes - fase iniciada com "Jubiabá" e "Mar Morto", se consolida com "Gabriela, cravo e canela", e estende-se até as últimas produções do autor.
  Também escreveu a biografia "ABC de Castro Alves".
  Mas se há algo que caracteriza a obra de Jorge Amado é a liberdade (tanto no plano social quanto no individual). Sendo um exemplo maior, um verdadeiro hino dessa busca por liberdade, a novela "A Morte e a Morte de Quincas Berro d' Água".
  No dia 06 de agosto de 2001, faleceu Jorge Amado e sua morte, assim como sua obra, cruzou fronteiras sendo sentida em todo o mundo: Jacques Chirac, primeiro ministro francês, divulgou nota lamentando a perda; a BBC de Londres, jornais russos e alemães também deram destaque a notícia; jornais portugueses (país onde a obra de Jorge é leitura obrigatória nas escolas) afirmaram que a Língua Portuguesa estava de luto; o New York Times deu a notícia da morte do escritor, afirmando que ele estava para a Literatura assim como Pelé está para o futebol.
  O cortejo fúnebre foi saudado por estudantes, que aplaudiram das janelas, a passagem do carro do corpo de bombeiros encarregado de transportar o corpo de Jorge Amado para suas últimas homenagens.
  O último pedido de Jorge foi simples: queria ser cremado e ter suas cinzas jogadas na mangueira que ele mesmo plantou em seu jardim, onde costumava ler para os filhos e receber amigos, para que a planta pudesse crescer usando-o. O pedido foi atendido pela família.