Realismo e Naturalismo
 

- "Memórias Póstumas de Brás Cubas" -

  Este livro é revolucionário a partir de sua estrutura: são memórias, mas póstumas. Isto quer dizer que o narrador rememora sua vida após a morte, constituindo-se dessa forma, num "defunto-autor" (uma vez que a narração é feita em primeira pessoa). O objetivo de Machado de Assis, com isso, era fazer com que "Brás Cubas" narrasse sua vida com total isenção, sem qualquer vínculo com a sociedade ou com a própria vida, não precisando dar satisfações ou se preocupar com as conseqüências de suas opiniões. Nesse caso, nada melhor do que a morte para gerar uma sinceridade plena. Na dedicatória do livro já podem ser notadas as intenções do autor:

"Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico com saudosa lembrança estas memórias póstumas."

  Note que o verbo está no passado - "roeu" - , isto significa que "Brás Cubas" não existe mais, até seu corpo já foi completamente decomposto. Daí surge sua liberdade para comentar a vida, as pessoas e a si próprio, da forma que bem entender:

"... estas são as memórias de um finado, que pintou a si mesmo e a outros, conforme lhe pareceu melhor e mais certo."

  Machado também carrega no pessimismo e mostra, neste livro, suas posições e características, quanto: ao Romantismo (faz críticas a seus personagens sempre idealizados e perfeitos); à vida (aí está presente a essência do "defunto-autor", livre da hipocrisia e sem preocupação com o julgamento dos outros, pode manifestar qualquer opinião); ao amor (visto como algo que, apesar de ter um ápice, sempre chegaria ao fim); e ao negativismo (por melhor que parecesse uma situação, sempre haveria um aspecto negativo a ser considerado).