Realismo e Naturalismo
 

- "Dom Casmurro" -

  Escrito em 1900, é um retorno de Machado de Assis à narração em primeira pessoa; "Bentinho/Dom Casmurro" é o personagem-narrador que tenta "atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência". À primeira vista o romance parece girar em torno de um provável adultério: "Bentinho" é casado com "Capitu" e, após a morte de seu maior e mais fiel amigo, "Escobar", se convence de que ele fora amante de sua esposa e de que o filho da mesma não seria dele, mas sim de seu amante. "Capitu" nega, mas "Bento" junta vários indícios para elaborar sua convicção, sendo o mais importante a semelhança de seu filho com o morto.
  Como o livro é narrado pelo marido, não temos como saber se essas desconfianças e semelhanças são reais ou apenas fruto de seu ciúme doentio. De qualquer forma isso não importa, pois, sendo verdadeira ou falsa, a convicção de "Bentinho" tem o mesmo resultado: a destruição de seu casamento (o casal se separa de fato, mas não socialmente - "Capitu" e o filho vão viver na Europa sob o pretexto de um tratamento de saúde dela) e de sua vida.
  Entretanto, isso serve apenas de pano de fundo para a confecção de brilhantes perfis psicológicos e análises de comportamento. Além disso, nesse romance (como em outras situações da obra de Machado) conclui-se que o real pode ser o que parece real - o desfecho das situações será sempre o mesmo, quer elas existam ou simplesmente façam parte da imaginação do personagem.