Em sua obra não
aparecem os temas regionalistas e sim a sondagem psicológica do indivíduo,
a análise de suas angústias e seus dramas existenciais. O fato em si pouco
interessa à escritora, "o importante é a repercussão do fato no indivíduo",
como ela mesma declarou.
Sua obra apresenta como principal eixo o questionamento do
ser, o "estar-no-mundo", o intimismo, a pesquisa do ser humano, resultando
no chamado "romance introspectivo". Esse eterno questionar faz a obra
da romancista apresentar certa ambigüidade, um jogo de antíteses marcado
pelo "eu" e pelo "não-eu", o ser e o não ser.
Quanto a linguagem, percebe-se uma certa preocupação com a
revalorização das palavras, dando-lhes roupagem nova, explorando os limites
do significado, além do uso de metáforas e aliterações. Há também grande
preocupação com aquilo que está escrito sem o uso da palavra, é a valorização
das "entrelinhas".
No que diz respeito à estrutura da narrativa, a obra de Clarice
Lispector apresenta algumas novidades como a ruptura com a linearidade
(interessa-lhe a narrativa baseada na memória, nas emoções, isto é, no
"fluxo da consciência" do narrador) e o predomínio do monólogo (os diálogos
são em pequeno número, dando lugar ao monólogo interior, que é uma das
técnicas adequads à análise introspectiva).
"Há três coisas
para as quais nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar
os outros, nasci para
escrever, e nasci para criar meus filhos.
Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará
perdido se der amor e às vezes receber
amor em troca."
(Clarice Lispector).
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