Arcadismo
 

- Cláudio Manuel da Costa -

  Nasceu em 1729, nas proximidades de Mariana, Minas Gerais. Inicia os estudos no Brasil, com jesuítas, concluindo-os em Coimbra, onde forma-se em Direito. Vive um tempo em Lisboa, onde entra em contato com as primeiras manifestações árcades.
  Em 1768, já em Vila Rica, lança seu livro de poesias, "Obras", e funda a Arcádia Ultramarina (este nome faz menção a uma arcádia portuguesa, só que além-mar).
  Participa da Inconfidência Mineira, sendo preso e encontrado enforcado na cadeia, em 1789.
  Antes de 1768 cultivou o estilo gongórico, sob influência jesuíta. Depois dedica-se ao Arcadismo, destacando-se por seus sonetos, perfeitos na forma e na linguagem, mas sem profundidade.
  Seus temas giram em torno das contradições da vida, das reflexões morais, bem ao gosto dos poemas quinhentistas (em seus sonetos, percebe-se grande influência camoniana) , cultivou a poesia bucólica, pastorial, citando a natureza como refúgio; também escreveu sobre o sofrimento amoroso, as musas.

  Em seu poema épico "Vila Rica", exalta os bandeirantes e narra a história da atual Ouro Preto desde a sua fundação.

"Quem deixa o trato pastoril amado
Pela ingrata, civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.

Que bem é ver nos campos transladado
No gênio do pastor, o da inocência!
E que mal é no trato, e na aparência
Ver sempre o cortesão dissimulado!

Ali respira amor, sinceridade;
Aqui sempre a traição seu rosto encobre;
Um só trata mentira, outro a verdade.

Ali não há fortuna, que soçobre;
Aqui quanto se observa, é variedade:
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!"

(Poema de Cláudio Manuel da Costa).