Foi responsável
pela consolidação do Romantismo no Brasil, trabalhando de forma brilhante
todos os seus temas iniciais (indianismo, natureza pátria, religiosidade,
sentimentalismo, espírito de brasilidade). Cantou, em suas poesias, os
três elementos que formaram o povo brasileiro (considerava-se uma síntese
do povo brasileiro - seu pai era português e sua mãe, mestiça de negro
e índio).
Didaticamente sua obra pode ser dividida em:
- Poesia lírica - apresenta profundos traços de subjetivismo e
visível influência de seus vários casos amorosos, principalmente seu amor
frustrado por Ana Amélia; são poemas marcados pela dor e sofrimento, chegando
a beirar o ultra-romantismo em alguns momentos. O poeta buscava "casar
o pensamento com o sentimento, a paixão com a idéia", embora a razão sempre
perdesse terreno para o coração.
Entre seus poemas líricos mais famosos temos: "Se se morre
de amor", "Ainda uma vez - adeus!", "Como, és tu?" e "Não me deixes".
- Poesia medieval - reunidos sob o título de "Sextilhas de frei
Antão", são uma série de poemas escritos em português arcaico, à moda
dos trovadores medievais.
- Poesia nacionalista - apresenta uma poesia que ora exalta a pátria
distante, ora idealiza a figura do índio. Os poemas saudosistas exaltam
a natureza brasileira, sem nunca se referirem ao elemento humano, pois,
se citassem o homem brasileiro, teriam de se referir às crises vividas
pela nossa sociedade.
Entretanto, é no indianismo que atinge o máximo de sua obra
(é o representante maior da poesia indianista brasileira). Apesar de idealizado,
seu índio está mais próximo da realidade quando comparado ao índio de
José de Alencar. Seus versos indianistas, além de exaltar a natureza,
desenham um índio portador de sentimentos e atitudes artificiais, extremamente
europeizado. Destacam-se pela carga lírica, dramática e épica. Formalmente
caracterizam-se pela perfeita utilização dos vários recursos da métrica,
da musicalidade e do ritmo.
Entre os poemas indianistas destacam-se: "I - Juca Pirama";
"Marabá"; "O canto do piaga"; "Canção do tamoio"; "Leito de folhas verdes";
e "Os timbiras" (poema épico inacabado).
Canção do
Exílio
"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu' inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá".
(Gonçalves Dias).
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