Humanismo
 

- Fernão Lopes -

  Provavelmente nasceu em Lisboa (1380 ? - 1460 ?), de origem plebéia. Mesmo não tendo freqüentado a universidade, parece ter lido os autores clássicos (Aristóteles, Ovídio, Cícero). Em 1419 é feito guarda-mor da torre do Tombo. Em 1434 é nomeado cronista-mor do reino para escrever a crônica de todos os reis portugueses. Mas, de sua autoria só podemos comprovar a crônica de D. Pedro, de D. Fernando e de D. João I.
  Como historiador, Fernão Lopes tem amor à verdade histórica e dúvida permanente em relação à verdade do documento escrito. Afasta criticamente do centro de sua crônica, a figura do rei, e nos apresenta uma descrição crítica e analítica da sociedade portuguesa em seus aspectos sociais e econômicos. Mas não perde o senso estético, o que leva seu texto à categoria de arte. Utiliza a estrutura da novela de cavalaria na organização do seu enredo, a linguagem coloquial, narrativa viva, movimentada e espetacular. Extraordinária é sua capacidade de traçar o perfil moral de seus personagens como notamos no fragmento abaixo, extraído da crônica de D. Pedro.

"Este Rei acrescentou muito nas quantias dos fidalgos, depois da morte de el-Rei seu padre; ca, não embargando que el Rei D. Afonso fosse comprido de ardimento e muitas bondades, achavam-no, porém, de ser escasso, e de apertamento de grandeza E el-Rei D. Pedro era em dar mui ledo; e tanto, que muitas vezes dizia que lhe afrouxassem a cinta, que então usavam não mui apertada, para que se lhe alargasse o corpo, para mais espaçosamente poder dar, dizendo que o dia que o rei não dava, não devia ser havido por rei. (...)"