Modernismo
 

- Graciliano Ramos -

  Nasceu em Quebrângulo, Alagoas, a 27 de outubro de 1892. Fez apenas os estudos secundários em Maceió, sem nunca cursar uma faculdade. Após uma rápida passagem pelo Rio de Janeiro, onde foi revisor de jornais, fixa-se em Palmeira dos Índios (Alagoas), exercendo a prefeitura da cidade.
  Estréia em livro no ano de 1933, com o romance "Caetés", nessa época trabalha em Maceió, dirigindo a Imprensa Oficial e a Instrução Pública. Em março de 1936 é preso por suas ligações com o Partido Comunista sem, contudo, ser formalmente acusado. É libertado em janeiro do ano seguinte, após sofrer humilhações de todo o tipo e passar por vários presídios. Essas experiências são retratadas no livro "Memórias do Cárcere". Em 1945, com a queda da ditadura de Getúlio Vargas e a redemocratização do país, filia-se ao Partido Comunista Brasileiro (integrou o mesmo até 1947, quando o partido foi novamente considerado ilegal). Viaja para os países socialistas do leste europeu, em 1952, descrevendo essa experiência em "Viagem". Falece no Rio de Janeiro, a 20 de março de 1953.
  Foi o principal escritor do chamado romance regionalista da segunda fase do Modernismo. Sua obra focaliza não só o drama social do Nordeste (a seca, o coronelismo, as desigualdades sociais) como também o mundo psicológico dos personagens. Conseguiu levar ao extremo o

clima de tensão presente nas relações homem / meio natural, homem / meio social, tensão essa geradora de um relacionamento violento, capaz de moldar personalidades e transfigurar o que os homens têm de bom. Nesse contexto violento, a morte é uma constante, é o final trágico e irreversível (suicídios em "Caeté" e "São Bernardo"; assassinato em "Angústia"; e as mortes do papagaio e da cadela "Baleia" em "Vidas Secas").
  A luta pela sobrevivência parece ser o ponto de contato entre todos os seus personagens, sendo a lei maior a da selva.
  Graciliano Ramos é autor de enredos que envolvem a seca, o latifúndio, o drama dos retirantes, a caatinga, a cidade. Seus personagens são seres oprimidos, moldados pelo meio. E, dentro das estruturas vigentes, não há o que se fazer, a não ser aceitar a força do "inevitável". A única saída seria mudar as estruturas e o sistema, que geram esse quadro social de opressão.
  Do ponto de vista formal, é o escritor brasileiro de linguagem mais sintética. A concisão atinge o clímax em seus textos (não há uma palavra a mais ou a menos). Sua narrativa apresenta a mesma qualidade, seja ela feita em primeira ou terceira pessoa.