águas na sua vida); e a criação
da imagem de "palhaço da burguesia", o que, em muito, ofuscou o brilho
de sua obra e amargurou o escritor em seus últimos anos de vida. Morreu
em São Paulo, em 1953.
Sua obra apresenta como características: um nacionalismo que
busca as origens sem perder a visão crítica da realidade brasileira; a
paródia, como forma de repensar a literatura (onde reaproveita textos
da Literatura Brasileira, sendo bastante conhecida sua paródia feita sobre
"Canção do exílio", de Gonçalves Dias - "Canto de regresso à pátria");
o humor (Oswald foi grande cultivador do poema-piada); a valorização do
falar cotidiano, buscando o que seria a língua "brasileira"; a síntese
(o poeta prende-se somente ao essencial, daí escrever poemas bastante
curtos); e uma análise crítica da sociedade burguesa capitalista (notadamente
nas obras produzidas após 1930).
No aspecto formal, inovou a poesia com seus pequenos poemas,
em que sempre havia forte apelo visual.
Sua prosa é responsável por dois romances revolucionários:
"Memórias sentimentais de João Miramar" e "Serafim Ponte Grande". Estes
quebram toda a estrutura dos romances tradicionais, apresentando capítulos
curtíssimos e semi-independentes, misturando prosa e poesia, que, ao final
da leitura, formam um grande painel da época e da burguesia.
Sua peça mais importante foi "O rei da vela" (escrita em 1937,
mas só encenada em 1967), na qual analisa a sociedade brasileira dos anos
30, momento de profunda crise.
Canto de Regresso
à Pátria
"Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo."
(Oswald de Andrade).
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