Modernismo
 

- Oswald de Andrade -

(Oswald de Andrade em pintura de Tarsila do Amaral).

"A verdade é sempre interpretada, acomodada a um fim construtivo e pedagógico."
(Oswald de Andrade, em seu livro de memórias).

  José Oswald de Sousa Andrade nasceu em São Paulo, a 11 de janeiro de 1890. Cursou a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, bacharelando-se em 1919. Fez várias viagens à Europa, onde entrou em contato com os movimentos de vanguarda. No retorno de sua primeira viagem, em 1912, trouxe as idéias do Futurismo e tornou-se um dos principais vultos do Modernismo. Sua atuação marcou-se pelo espírito irreverente, polêmico, irônico e combativo.
  Iniciou sua vida literária no jornal "O Pirralho", fundado por ele mesmo. Em 1924 viaja novamente para a Europa, onde lança o "Manifesto Pau-Brasil" (do aprofundamento das idéias desse manifesto e da radicalização de algumas posições resultou o movimento Antropofágico, que liderou mais tarde).
Sua vida (atribulada e polêmica, não só no que dizia respeito às artes, como também à política e aos sentimentos), não pode ser desvinculada de sua obra. Nela é interessante chamar a atenção para dois fatos: o ano de 1929, quando vai à falência como fazendeiro de café (um divisor de

águas na sua vida); e a criação da imagem de "palhaço da burguesia", o que, em muito, ofuscou o brilho de sua obra e amargurou o escritor em seus últimos anos de vida. Morreu em São Paulo, em 1953.
  Sua obra apresenta como características: um nacionalismo que busca as origens sem perder a visão crítica da realidade brasileira; a paródia, como forma de repensar a literatura (onde reaproveita textos da Literatura Brasileira, sendo bastante conhecida sua paródia feita sobre "Canção do exílio", de Gonçalves Dias - "Canto de regresso à pátria"); o humor (Oswald foi grande cultivador do poema-piada); a valorização do falar cotidiano, buscando o que seria a língua "brasileira"; a síntese (o poeta prende-se somente ao essencial, daí escrever poemas bastante curtos); e uma análise crítica da sociedade burguesa capitalista (notadamente nas obras produzidas após 1930).
  No aspecto formal, inovou a poesia com seus pequenos poemas, em que sempre havia forte apelo visual.
  Sua prosa é responsável por dois romances revolucionários: "Memórias sentimentais de João Miramar" e "Serafim Ponte Grande". Estes quebram toda a estrutura dos romances tradicionais, apresentando capítulos curtíssimos e semi-independentes, misturando prosa e poesia, que, ao final da leitura, formam um grande painel da época e da burguesia.
  Sua peça mais importante foi "O rei da vela" (escrita em 1937, mas só encenada em 1967), na qual analisa a sociedade brasileira dos anos 30, momento de profunda crise.

Canto de Regresso à Pátria

"Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo."

(Oswald de Andrade).