Morreu em São
Paulo, em sua casa na rua Lopes Chaves, a 25 de fevereiro de 1945.
Seu "Paulicéia desvairada", tem como objeto de análise e constatação
a cidade de São Paulo e seu provincianismo, a burguesia, a aristocracia,
o proletariado; uma cidade multifacetada. As inovações de linguagem que
apresenta fizeram desse livro uma espécie de "bandeira" do Modernismo.
Demonstrando não sofrer nenhuma influência, dedica o livro a seu grande
mestre: ele mesmo, Mário de Andrade.
Buscou em toda sua obra uma língua mais próxima do falar do
povo, uma língua brasileira (daí muitos de seus textos começarem com "si",
"quasi", "guspe", ao invés de "se", "quase", "cuspe"). Os "brasileirismos"
e o folclore tiveram a máxima importância para o poeta, como atestam os
livros: "Clã do jabuti" (utilizando material do folclore, costumes e linguagem
de diferentes regiões do país, o autor apreende a diversidade cultural
do Brasil) e "Remate de males" (dá seqüência à mesma temática do livro
anterior, mas também apresenta poemas que resultam da sondagem do mundo
interior do poeta). Ao lado disso, suas poesias, romances e contos revestem-se
de uma nítida crítica social, sempre atacando a alta burguesia e a aristocracia.
"Amar, verbo intransitivo" é um romance caracterizado pela
análise psicológica das personagens e por desmascarar a hipocrisia e o
convencionalismo da burguesia paulista, penetrando fundo em sua estrutura
familiar, sua moral e preconceitos, ao mesmo tempo em que aborda os sonhos
e a adaptação dos imigrantes à "Paulicéia".
Talvez a criação máxima de Mário de Andrade seja "Macunaíma,
o herói sem nenhum caráter"; a partir de seu anti-herói, o autor enfoca
o choque do índio amazônico (que nasceu preto e virou branco - síntese
do povo brasileiro) com a tradição e a cultura européia na cidade de São
Paulo, valendo-se para tanto de profundos estudos do folclore.
Eu sou trezentos...
"Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Oh espelhos, ôh! Pireneus! ôh caiçaras!
Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro!
Abraço no meu leito as milhores palavras,
E os suspiros que dou são violinos alheios;
Eu piso a terra com quem descobre a furto
Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos!
Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
Mas um dia afinal eu toparei comigo...
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo.
(Mário de Andrade).
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