Coloca-se
como inimigo do misticismo, buscando ver as coisas como elas são, sem
refletir sobre elas e sem atribuir-lhes significados ou sentimentos humanos.
É importante lembrar que os poetas simbolistas, que antecederam Pessoa,
estavam impregnados de forte misticismo, enquanto "Alberto Caeiro" busca,
de forma coerente e lógica, afastar-se da reflexão sobre Deus.
Na sua linha de pensamento religioso, destitui o menino Jesus
de santidade e o retrata como uma criança normal, espontânea, levada,
brincalhona e alegre, no poema "VIII", de "O Guardador de Rebanhos".
De acordo com sua busca de simplicidade e espontaneidade,
"Alberto Caeiro" escreve versos livres e brancos.
O Guardador
de Rebanhos
Passou a diligência pela estrada, e foi-se;
E a estrada não ficou mais bela, nem sequer mais feia.
Assim é a ação humana pelo mundo fora.
Nada tiramos e nada pomos; passamos e esquecemos;
E o sol é sempre pontual todos os dias.
(Poema "XXLII" - "Alberto Caeiro").
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