Sua poesia social
apresenta belas composições quando o autor assume a coloração regional,
usando a memória de um menino branco marcado por uma infância repleta
de imagens de engenhos e de negros trabalhando em regime de escravidão.
Em certos momentos aborda uma temática mais ampla, ao denunciar
as desigualdades sociais, atingindo maravilhosa expressão poética através
de um hábil jogo com as palavras.
A partir de "Tempo e eternidade" (trabalho em conjunto com
Murilo Mendes) inicia uma fase religiosa, onde se observa a luta entre
o material e o espiritual, temática que reaparece em "A túnica inconsútil"
e "Meia coeli".
"Invenção de Orfeu" representa a última fase de sua obra;
escreve um poema épico em dez cantos (à moda de Camões
e Dante), com uma linguagem bastante complexa, buscando interpretar a
ligação do homem com o universo.
Mulher proletária
"Mulher proletária - única fábrica
que o operário tem, (fabrica filhos)
tu
na tua superprodução de máquina humana
forneces anjos para o Senhor Jesus,
forneces braços para o senhor burguês.
Mulher proletária,
o operário, teu proprietário
há de ver, há de ver:
a tua produção,
a tua superprodução,
ao contrário das máquinas burguesas
salvar o teu proprietário."
(Jorge de Lima).
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