(funda o Sindicato
do Ferro e a Cia. Petróleos do Brasil). Por suas posições passa a enfrentar
a fúria das multinacionais e os "obstáculos" impostos pelo governo brasileiro.
Disso resulta outra "indignação": "O escândalo do petróleo", livro-denúncia
publicado em 1936. O empenho com o qual se bateu pelos interesses nacionais
custou-lhe seis meses de prisão, em 1941, durante o governo de Getúlio
Vargas.
Nos últimos anos, colabora com artigos em jornais brasileiros
e argentinos. Falece a 5 de julho de 1948, em São Paulo.
Suas idéias políticas, assim como suas opiniões a respeito
da cultura nacional, foram deixadas numa vasta série de artigos de jornal,
entrevistas e prefácios.
Monteiro Lobato enquadra-se no Pré-Modenismo por duas características
de sua obra - o regionalismo e a denúncia da realidade brasileira - uma
vez que, no plano puramente estético, o autor assume posições anti-modernistas
(o próprio Lobato afirmou que preferiu jogar xadrez nas praias do Guarujá,
durante a Semana de Arte Moderna).
Como regionalista, o autor dimensiona com exatidão o Vale
do Paraíba paulista do início do século XX, sua decadência após a passagem
da economia cafeeira, seus costumes e sua gente, tão bem retratados nos
contos de "Cidades mortas". Na descrição do tipo humano característico
da região, está o traço mais marcante da ficção de Monteiro Lobato, surge
"Jeca Tatu" (inicialmente tratado como vagabundo e indolente, para só
depois o autor reconhecer a realidade daquela população subnutrida, vivendo
na miséria, marginalizada socialmente, sem acesso à cultura, acometida
de toda a sorte de doenças endêmicas).
O preconceito racial e a situação dos negros após a abolição
foi outro tema abordado pelo autor de "Negrinha" - as personagens são
gordas senhoras que, num falso gesto de bondade, "adotavam" menininhas
negras para escrevizá-las em trabalhos caseiros.
Quanto à linguagem, Monteiro Lobato luta para aproximá-la
o máximo possível do coloquial, além de incorporar à linguagem literária
termos e expressões típicas da fala regional.
Ao lado da chamada literatura adulta, o autor deixou extensa
obra voltada para o público infantil, um campo até então mal explorado
na Literatura Brasileira. Seu primeiro livro para crianças foi "Narizinho
arrebitado" (1921), rebatizado depois como "Reinações de Narizinho"; todas
as narrativas centram-se num único espaço, o "Sítio do Pica-Pau Amarelo",
e o autor cria enredos onde predomina a fantasia. Mesmo na literatura
infantil, Monteiro Lobato não abandona a luta pelos interesses nacionais,
com seus personagens representando vários aspectos do povo brasileiro,
e o "Sítio do Pica-Pau Amarelo" sendo uma imagem do Brasil (por exemplo,
em "O poço do Visconde" o autor mistura ficção e realidade em torno do
problema do petróleo).
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