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Landmarks
Postado Quarta-feira, Julho 25, 2007 as 7:35 PM pelo B:.Pr:. Guiseppe 33
A primeira vez em que se fez menção à palavra Landmark em Maçonaria foi nos Regulamentos Gerais compilados em 1720 por George Payne, durante o seu segundo mandato como Grão-Mestre da Grande Loja de Londres, e adoados em 1721, como lei orgânica e terceira parte integrande das Constituições dos Maçons Livres, a conhecida Constituição de Anderson, que, em sua prescrição 39, assim, estabelecia:
"XXXIX - Cada Grande Loja anual tem inerente poder e autoridade para modificar este Regulamento ou redigir um novo em benefício desta Fraternidade, contanto que sejam mantidos invariáveis os antigos Landmarks..."
Os Landmarks, que podem ser considerados "constituição maçônica não escrita", longe de ser uma questão pacífica, se constituem numa das mais controvertidas demandas da Maçonaria, um problema de difícil solução para a Maçonaria Especulativa. Há grandes divergências entre os estudiosos e pesquisadores maçônicos acerca das definições e nomenclatura dos Landmarks. Existem várias e várias classificações de Landmarks, cada uma com um número variado deles, que vai de 3 até 54.
Virgilio A. Lasca, em "Princípios Fundamentales de la Orden e los Verdaderos Landmarks", citado por Nicola Aslan em "Landmarques e Outros Problemas Maçônicos", dá a seguinte relação de compilações de "Landmarks":
3, para Alexander S. Bacon e Chetwode Crawley;
6, para a Grande Loja de Nova York, que toma por base os capítulos em que se dividem as Constituições de Anderson;
7, para Roscoe Pound, a Grande Loja da Virgínia e o cubano Carlos F. Betancourt;
9, para J. G. Findel;
10, para a Grande Loja de Nova Jersey;
12, para A. S. Mac Bride;
15, para John W. simons e para a Grande Loja de Tennessee;
17, para Robert Morris;
19, para Luke A. Lockwood e a Grande Loja de Connecticut;
20, para a Grande Loja Ocidental de Colômbia, com sede em Cali;
25, para Albert Galletin Mackey e Chalmers I. Paton e ainda a Grande Loja de Massachussets, a qual, embora só admitindo 8 Landmarks, estes são iguais àqueles enunciados por Mackey;
26, para a Grande Loja de Minnesota;
29, para Henrique Lecerff;
31, para o Dr. Oliver;
54, para H. G. Grant e para a Grande Loja de Kentucky.
As Potências Maçônicas latino-americanas, via de regra, adotam a classificação de vinte e cinco Landmarks compilada por ALBERT GALLETIN MACKEY.
Os Landmarks de Albert Galletin Mackey
I - Os processos de reconhecimento são os mais legítimos e inquestionáveis de todos os Landmarks. Não admitem mudança de qualquer espécie; desde que isso se deu, funestas conseqüências posteriores vieram demonstrar o erro cometido.
II - A divisão da Maçonaria Simbólica em três graus - Aprendiz, Companheiro e Mestre - é um Landmark que, mais que qualquer outro, tem sido preservado de alterações apesar dos esforços feitos pelo daninho espírito inovador.
III - A lenda do terceiro grau é um Landmark importante, cuja integridade tem sido respeitada. Nenhum rito existe na Maçonaria, em qualquer país ou em qualquer idioma, em que não sejam expostos os elementos essenciais dessa lenda. As fórmulas escritas podem variar, e na verdade variam; a lenda do Construtor do Templo de Salomão, porém, permanece em essência. Qualquer rito que a excluir ou a altere substancialmente, deixará de ser um Rito Maçônico.
IV - O Governo da Fraternidade por um Oficial que é seu presidente, denominado Grão-Mestre, eleito pelo povo maçônico, é o quarto Landmark da Ordem Maçônica. Muitos pensam que a eleição do Grão-Mestre se pratica por ser estabelecida em lei ou regulamento, mas nos anais da Instituição, escontram-se Grão-Mestres muito antes de existirem Grandes Lojas, e se todos os Regulamentos e Constituições fosse abolidos, sempre seria mister a existência de um Grão-Mestre.
V - A prerrogativa do Grão-Mestre de presidir todas as reuniões maçônicas, feitas onde e quando se fizerem, é o quinto Landmark. É em virtude dessa lei, de antiga usança e tradição, que o Grão-Mestre ocupa o Trono e preside todas as sessões da Grande Loja, assim como quando se ache presente à sessão de qualquer Loja subordinada à autoridade maçônica de sua obediência.
VI - A prerrogativa do Grão-Mestre de conceder licença para conferir graus em tempos anormais, é outro importantíssimo Landmark. Os estatutos e leis maçônicas exigem prazos, que devem transcorrer entre a proposta e a recepção do candidato, porém o Grão-Mestre tem o direito de dispensar esta ou qualquer exigência, e permitir a Iniciação, a Elevação ou Exaltação imediata.
VII - A prerrogativa que tem o Grão-Mestre de dar autorização para fundar e manter Lojas, é outro importante Landmark. Em virtude dele, o Grão-Mestre pode conceder a um número suficiente de Mestres-Maçons o privilégio de se eunir e conferir graus. As Lojas assim constituídas chamam-se "Lojas Licenciadas". Criadas pelo Grão-Mestre só existem enquanto ele não resolva o contrário, podendo ser dissolvidas por ato seu. Podem viver um dia, um mês ou seis. Qualquer que seja, porém, o prazo de sua existência, exclusivamente ao Grão-Mestre a deve.
VIII - A prerrogativa do Grão-Mestre de criar Maçons por sua deliberação é outro Landmark importante. O Grão-Mestre convoca em seu auxílio seis outros Mestres-Maçons, pelo menos, forma uma Loja e sem uma forma prévia confere os graus aos candidatos, findo o que, dissolve a Loja e despede os Irmãos. As Lojas asssim convocadas por este meio são chamadas "Lojas de Emergência" ou "Lojas Ocasionais".
IX - A necessidade de se congregarem os Maçons em Lojas é outro Landmark. Os Landmarks da Ordem prescrevem sempre que os Maçons deveriam congregar-se com o fim de entregar-se a tarefas operativas e que às suas reuniões fosse dado o nome de "Lojas". Antigamente, eram estas reuniões extemporâneas, convocadas para assuntos especiais e logo dissolvidas, separando-se os Irmãos para de novo se reunirem em outros pontos e em outras épocas, conforme as necessidades e as circunstâncias exigissem. Cartas Constitutivas, Regulamentos Internos, Lojas e Oficinas permanentes e contribuições anuais são inovações puramente moderna de um período relativamente recente.
X - O Governo da Fraternidade, quando congregada em Loja, por um Venerável e dois Vigilantes é um outro Landmark. Qualquer reunião de Maçons congregados sob qualquer outra direção, como, por exemplo, um presidente e dois vice-presidentes, não seria reconhecida como Loja. A presença de um Venerável e dois Vigilantes é tão essencial para a validade e legalidade de uma Loja que, no dia de sua consagração, é considerada como uma Carta Constitutiva.
XI - A necessidade de estar uma Loja a coberto, quando reunida, é outro importante Landmark que não deve ser descurado. O cargo de Guarda do Templo, que vela para que o local da reunião seja absolutamente vedado à intromissão de profanos, independe, pois, de qualquer Regulamento ou Constituição.
XII - O direito representativo de cada Irmão nas reuniões da Fraternidade, é outro Landmark. Nas reuniões gerais, outrora chamadas "Assembléias Gerais", todos os Irmãos, mesmo os Aprendizes, tinham o direito de tomar parte. Nas Grandes Lojas, hoje, só tem direito de assistência os Veneráveis e Vigilantes, na qualidade, porém, de representantes de todos os Irmãos das Lojas. Antigamente, cada Irmão se auto-representava. Hoje são representados pelas Luzes de sua Loja. Nem por motivo dessa concessão, feita em 1817, deixa de existir o direito de representação firmado por este Landmark.
XIII - O direito de recurso de cada Maçon das decisões de sua Loja para a Grande Loja, ou Assembléia Geral dos Irmãos, é um Landmark essencial para a preservação da Justiça e para previnir a opressão.
XIV - O direito de todo Maçom visitar e tomar assento em qualquer Loja é um inquestionável Landmark da Ordem. É o consagrado "Direito de Visitação", reconhecido e votado universalmente a todos os Irmãos que viajam pelo orbe terrestre. É a conseqüência do modo de encarar as Lojas como meras divisões da família maçônica.
XV - Nenhum Irmão desconhecido dos Irmãos da Loja pode a ela ter acesso como visitante sem que primeiro seja examinado, conforme os antigos costumes, e como tal reconhecido. Este exame somente pode ser dispensado se o Irmão visitante for conhecido por algum Irmão da Loja, o qual por ele será responsável.
XVI - Nenhuma Loja pode intrometer-se em assunto que diga respeito a outra, nem conferir graus a Irmãos de outros Quadros.
XVII - Todo Maçom está sujeito às leis e aos regulamentos da jurisdição maçônica em que residir, mesmo não sendo, aí, obreiro de qualquer Loja.
A inafiliação constitui, por si própria, uma falta maçônica.
XVIII - Por este Landmark, os cadidatos à Iniciação devem ser isentos de defeitos ou mutilações, livres de nascimento e maiores. Uma mulher, um aleijado ou um escravo não podem ingressar na Fraternidade.
XIX - A crença no GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO é um dos mais importantes Landmarks da Ordem. A negação dessa crença é impedimento absoluto e irremovível para a Iniciação.
XX - Subsidiariamente à crença em um ENTE SUPREMO, é exigida, para a Iniciação, a crença numa vida futura.
XXI - Em Loja, é indispensável a presença, no Altar, de um LIVRO DA LEI, no qual supõe-se, conforme a crença, estar contida a vontade do Grande Arquiteto do Universo. Não cuidando a Maçonaria de intervir nas peculiaridades da fé religiosa dos seus membros, o "Livro da Lei" pode variar conforme o credo. Exige, por isso, este Landmark que um "Livro da Lei" seja par indispensável das alfaias de uma Loja Maçônica.
XXII - Todos os Maçons são absolutamente iguais dentro da Loja, sem distinção de prerrogativas profanas, de privilégios que a sociedade confere.
A Maçonaria a todos nivela nas reuniões maçônicas.
XXIII - Este Landmark prescreve a conservação secreta dos conhecimentos havidos pela Iniciação, tanto os métodos de trabalho como suas lendas e tradições, que só devem ser comunicados a outros Irmãos.
XXIV - A fundação de uma ciência especulativa, segundo métodos operativos e uso do simbolismo e a explicação dos ditos métodos e dos termos neles empregados com o propósito de ensinamento moral, constitui outro Landmark.
A preservação da Lenda do Templo de Salomão é outro fundamento deste Landmark.
XXV - O último Landmark é o que afirma a inalterabilidade dos anteriores, nada lhes podendo ser acrescido ou retirado, nenhuma modificação podendo ser-lhes introduzida. Assim como de nossos antecessores os recebemos, assim os devemos transmitir aos nossos sucessores - Nolumus est leges mutari.
"Bons Primos Carbonários - IRMÃOS PARA SEMPRE!"
"Cuando los que mandan pierden la vergüenza, los que obedecen pierden el respeto"
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São João, Nosso Padroeiro...
Postado Segunda-feira, Junho 25, 2007 as 7:21 PM pelo B:.Pr:. Guiseppe 33
Desde que surgiram as primeiras associações de oficio organizadas hoje, englobadas sob o rótulo geral de "Maçonaria Operativa", ou "Maçonaria de Ofício" cada ofício tinha o seu padroeiro.
A primeira organização de que se tem noticia, é a dos "Collegia Fabrorum", criados em Roma, no século VI a.C., por necessidade oriunda da atividade bélica: era a época em que as legiões romanas espalhavam-se pelo mundo conhecido, em sua ânsia conquistadora, destruindo, com a guerra, as povoações conquistadas. Os "collegiati" seguiam os legionários, para reconstruir o que fosse destruído por estes.
A principio, os patronos dos ofícios eram os deuses do panteão greco-romano que a Igreja, depois, chamaria de "pagãos" havendo, posteriormente, já na era cristã, a adoção de outros padroeiros. Com o declínio dos "collegiati" , após a queda do Império Romano do Ocidente, os ofícios passaram para o domínio exclusivo da Igreja, com as Associações Monásticas, que, evidentemente, buscavam seus protetores entre os santos e, principalmente, entre os mártires da Igreja.
Com a evolução dos ofícios, os frades passaram a ensiná-los a leigos, que se colocavam sob a sua proteção, dai surgindo, no século XI, as Confrarias, que, embora formadas por mestres leigos, sofriam forte influência do clero católico, do qual aprenderam a arte da arquitetura e o cunho religioso dado aos trabalhos. Quase na mesma época surgiam as Guildas, que eram, inicialmente, entidades simplesmente religiosas, passando, a partir do século XII, a formar corpos profissionais. Tanto as Confrarias quanto as Guildas, pela influência religiosa, mantinham o hábito do culto a protetores dos ofícios.
Deve-se considerar, também, por essa época, o "Compagnonnage" , criado pelos Templários, para o serviço em suas distantes comendadorias do Oriente. Cada um dos ofícios que compunha o "Compagnonnage" também possuía o seu santo protetor: São José, para os carpinteiros, Sant’ Ana, para os marceneiros, Santo Eloi, para os ourives, Santa Bárbara, para os telhadores, a Assunção, para os pedreiros e canteiros, etc.
Só depois do século XII é que surgiria a organização profissional por excelência, que foi a dos Ofícios Francos, ou Franco-Maçonaria. A palavra "franco", na Idade Média, designava não só o que era livre, em oposição ao servil, mas, também, todos os indivíduos, ou todos os bens que escapavam às servidões e direitos senhoriais. Os Ofícios Francos eram formados por grupos privilegiados de artesãos, desligados dos feudos, das obrigações e das imposições dos poderes real e feudal e com liberdade de locomoção. Esses grupos, dedicados à arte de construir, tinham os seus privilégios concedidos e garantidos pela Igreja, que era o maior poder da época, fazendo com que eles fossem bastante apegados a ela, aos seus santos e aos princípios religiosos.
Estas corporações de ofício costumavam comemorar, festivamente, o início do verão e o do inverno, ou seja, as datas solsticiais, ou solstícios. Solstício é a época do ano na qual o Sol, tendo-se afastado do equador o mais possível, parece estacionar, durante alguns dias, antes de tomar a se aproximar daquela linha. Os solsticios, portanto, ocorrem quando o Sol atinge suas posições mais afastadas do equador terrestre, havendo os de verão e de inverno. Para os habitantes do hemisfério sul da Terra, o solstício de verão ocorre quando o Sol atinge sua posição mais austral (meridional, sul) e, o de inverno, quando ele atinge sua posição mais boreal (setentrional, norte).
O solstício de inverno, no hemisfério sul, ocorre a 21 de junho, enquanto que o de verão acontece, a 21 de dezembro, invertendo-se no hemisfério norte, onde o de verão é a 21 de junho e o de inverno a 21 de dezembro. Por influência da Igreja, mentora das corporações, essas datas solsticiais acabaram se confundindo com as datas dedicadas a São João, o Batista (24 de junho) e São João, o Evangelista (27 de dezembro), que não são exatamente as mesmas dos solstícios. E, graças a isso, os dois São João foram considerados os patronos das corporações, hábito que chegou, em alguns casos, à Maçonaria dos Aceitos (por ser formada por homens não ligados à arte de construir, mas aceitos pelos operativos), também chamada de "Especulativa" .
Esclareça-se, entretanto, que não é em todos os ritos teístas que isso acontece. Para a Maçonaria inglesa, por exemplo, a grande festa maçônica é a de São Jorge, padroeiro da Inglaterra.
Para os ritos adogmáticos, como o Moderno, ou Francês, não há padroeiros, já que o rito, em respeito à concepção metafísica de cada maçom, evita símbolos religiosos. O Grande Oriente da França, que criou a Palavra Semestral, em 1777, e que implantou o dogmatismo e sem imposição de crenças, continua a considerar as exatas datas solsticiais, para a emissão da Palavra.
Pode-se notar, também, que, quando se fala, nos demais ritos teístas, como o Escocês, em "S. João, nosso padroeiro", a referência não é a apenas um, mas a dois santos da Igreja Católica: o S. João Batista e o S. João Evangelista.
O Batista, filho de Zacarias e Isabel, foi o precursor de Jesus, anunciando a vinda do Messias e batizando-o, no rio Jordão. Segundo o que consta nos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, seus pais já eram velhos quando o conceberam, por graça divina; já adulto, pregou, ao povo, a penitência, para a espera do Messias, vivendo, ele mesmo, uma vida austera, no deserto, alimentando- se de gafanhotos e mel silvestre.
Anatematizou Herodes e foi encarcerado por este. Depois, Herodias, amante de Herodes, mandou que sua filha, Salomé, exigisse, dele, a cabeça do João Batista, que acabaria, então, sendo degolado, no ano 28 ou 29 da era atual.
O Evangelista, filho de Zebedeu, foi, como seu irmão Tiago, um dos apóstolos de Jesus (na realidade, os chamados apóstolos eram membros de uma confraria, muito comum entre os hebreus e chamada, em hebraico, de "shaburá" sendo, os seus membros, os "shaberim"). Foi autor de um Evangelho (o Evangelho do Espírito), o Apocalipse e três Epístolas. Era um dos companheiros constantes de Jesus e um dos preferidos por ele. Foi o primeiro a reconhecê-lo ressuscitado na Galiléia. Depois do ano 58, instalou-se em Éfeso, de onde continuou sua pregação, tendo sido o último apóstolo a morrer, no fim do primeiro século da era cristã, sob o reinado de Trajano.
Em homenagem ao S. João Batista é que as Lojas do Rito Escocês (como de outros ritos) dizem-se "Lojas de S. João". E é em homenagem ao Evangelista, que TRADICIONALMENTE RITO ESCOCÊS abre o Livro da Lei Sagrada NO EVANGELHO DE SÃO JOÃO, capítulo 1, versículos 1 a 5, que mostram o triunfo da Luz sobre as trevas, texto básico PARA O GRAU DE APRENDIZ e que diz o seguinte:
"No Princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no Principio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele e sem Ele nada existiria. Nele estava a Vida e a Vida era a Luz dos homens. A Luz resplandece nas trevas e as trevas não a compreenderam"
Esse texto, que tem tudo a ver com o grau de Aprendiz Maçom, pois este, simbolicamente, veio das trevas, para procurar a Luz, acabou sendo, no Brasil, injustificadamente, substituído pelo salmo 133, da Fraternidade, que é um texto aplicável a toda a escala do rito e não especificamente ao grau de Aprendiz.
O Rito Adoniramita também homenageia o Evangelista, abrindo o Livro, no grau de Aprendiz, no Evangelho de S. João, capitulo 1, versículos 6 a 9:
"Houve um homem enviado por Deus, que se chamava João. Este veio por testemunha, para dar testemunho da Luz, afim de que todos cressem por meio dela. Ele não era a Luz, mas veio para que desse testemunho da Luz. Era a Luz verdadeira, que alumia a todos os homens, que vem a este mundo. "
Nos demais ritos teístas praticados entre nós, isso não ocorre: no Rito de York, o Livro das Sagradas Escrituras é simplesmente aberto em qualquer trecho (pois não há uni obrigatório); no Rito Schroeder ele está presente, mas permanece fechado; e, no Rito Brasileiro, com base no Escocês deturpado praticado no Brasil, a abertura é no salmo 133.
A representação simbólica dos solstícíos deve estar presente nos templos, no CÍRCULO ENTRE PARALELAS TANGENCIAIS E VERTICAIS. Este sugere que o Sol não transpõe os trópicos, recordando, ao maçom, que a consciência religiosa de cada obreiro é de foro íntimo e portanto inviolável. Além da representação dos solstícios — inicio do verão e do inverno — as duas paralelas representam os trópicos de Câncer e de Capricórnio, em todos os ritos teístas representam também, Moisés e o Rei Salomão, o primeiro porque instituiu a Lei de Deus (o decálogo) e erigiu o Tabernáculo, e o segundo porque construiu o templo de Jerusalém. No Rito Escocês principalmente, as paralelas tambem SIMBOLIZAM O S. JOÃO BATISTA E O S. JOÃO EVANGELISTA.
Na Carbonária, o santo padroeiro é São Theobaldo, o protetor dos Carvoeiros e que ficou designado pelos Florestais como o seu santo de referência e crença, tendo o mesmo papel para a Ordem dos Carbonários, que São João Batista para os Pedreiros.
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Os Suiços e suas Armas
Postado Domingo, Junho 10, 2007 as 3:02 PM pelo B:.Pr:. Guiseppe 33
OS SUIÇOS E SUAS ARMAS
Uma velha anedota suíça reza que o príncipe alemão Wilhelm Hohenzollern certa vez, quando em visita a Suíça, foi convidado a assistir um dos inúmeros treinamentos militares a que os cidadãos desse país são submetidos. A um dado momento perguntou ao comandante do exercício: Quantos homens em armas você possue? Foi-lhe respondido: Um milhão. O príncipe, posteriormente Kaiser da Alemanha, então indagou: O que você faria se cinco milhões de meus soldados cruzassem sua fronteira amanhã? Ao que o comandante suíço replicou: Cada um de meus homens daria cinco tiros e iria para casa!
No debate sobre o direito a posse e uso de armas, aqueles favoráveis apontam para a Suíça onde a quase todo adulto do sexo masculino é legalmente permitido a posse de armas de fogo. Uma das poucas nações com taxa per capita de armas mais alta do que os Estados Unidos, a Suíça praticamente não ostenta crimes com armas de fogo. Assim sendo, argumentam os que são a favor, o controle governamental de armas não é necessário.
Contudo, os que são contrários , apontam a Suíça como uma das nações desenvolvidas que apresentam controle mais rigoroso sobre armas. Afirmam que todas as armas são registradas e que a compra de armas curtas requer inspeção prévia e uma licença. Crimes com armas de fogo realmente são inexistentes na Suíça, portanto, concluem, é necessário um rigoroso controle sobre as armas.
Quem está certo? Como sempre os anti-armas estão errados, mas isso não torna o grupo favorável necessariamente certo. A posse de armas na Suíça desafia as simplificações e os chavões dos debates alhures.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Tal como os EUA, a Suíça ganhou sua independência através de uma guerra revolucionária feita por cidadãos armados. Em 1291, alguns cantões iniciaram uma guerra de libertação nacional contra o império Habsburgo da Áustria. Na lenda, a revolução foi precipitada por Guilherme Tell, embora não hajam provas definitivas sobre sua real existência.
Ao longo do século seguinte a milícia suíça libertou a maior parte do pais dos austríacos. Os cidadãos que constituíam a milícia usavam as mais poderosas armas daqueles tempos: espadas e flechas. Para a vitória suíça foi crucial a motivação das suas tropas de voluntários.
Desde os primeiros anos da independência os suíços foram obrigados a portar armas. Depois de 1515, a Suíça adotou uma política de neutralidade armada. Pelos quatro séculos seguintes grandes impérios europeus surgiram e cairam, levando consigo muitos países mais fracos. A Rússia e a França chegaram a invadir seu território, e os Habsburgos, e posteriormente o Império Austro-Húngaro, foram uma constante ameaça.
Mas a Suíça quase sempre manteve sua independência. A política suíça era "prevenção da guerra através da determinação em se defender".
Durante a 1ª Guerra Mundial, tanto a França como a Alemanha consideraram a hipótese de invadir o território suíço para atacar o flanco do outro. Na 2ª Guerra Mundial, Hitler queria as reserva suíças de ouro e precisava de comunicação e trânsito livres pelo país para abastecer as forças do Eixo no Mediterrâneo. Porém, quando os estrategistas militares viram os cidadãos bem armados, a terra montanhosa e as fortificações civis de defesa, a Suíça deixou de ser um alvo atraente para invasões. Enquanto duas guerras mundiais devastavam cidades e países, a Suíça gozava de uma paz segura.
Na Suíça, a Confederação Helvética evoluiu para um governo central fraco deixando muita autoridade nas mãos dos cantões ou níveis mais baixos de governo. A tradição de autonomia local ajudou a deixar a Suíça livre das violentas guerras civis entre católicos e protestantes que devastaram a Alemanha, França e Inglaterra. Em 1847/48 os liberais de toda Europa revoltaram-se contra os governos aristocráticos. Eles foram bem sucedidos apenas na Suíça, controlando a nação inteira após um breve conflito chamado de Guerra de Sonderbrund (as baixas foram apenas 128). Os direitos civis foram firmemente garantidos e todos os vestígios de feudalismo banidos.
Apesar da esperança dos reformadores alemães, o povo suíço não mandou seus soldados para a Alemanha em 1848 a fim de apoiar a revolução popular. Após a derrota da revolução germânica, a aristocrática Prússia pensou em invadir a Suíça, porém concluiu que a tarefa era impossível. Como um historiador resume: "A Suíça foi criada em meio a batalhas, alcançou sua dimensão atual através de conquistas e, depois disso, defendeu sua existência através da neutralidade armada. A experiência da historia suíça fez a independência nacional e o poder realmente sinônimos de cidadãos armados".
O EXÉRCITO DO POVO
Atualmente, o serviço militar para os homens suíços é universal. Por volta dos 20 anos de idade, todo o cidadão passa por 118 dias consecutivos de treinamento no "Rekrutenschule." Esse treinamento pode ser o primeiro encontro de um jovem com seus compatriotas que falam diferentes línguas (a Suíça tem 4 línguas oficiais: o alemão, o francês, o italiano e o romanche). Antes mesmo do serviço militar obrigatório começar, rapazes e moças podem ter cursos opcionais com o fuzil de assalto Stgw. 90 (SIG 550) do exército suíço. Eles ficam de posse da arma por 3 meses e recebem 6 sessões de 6 horas de treinamento. Dos 21 aos 32 anos de idade, o cidadão suíço constitue a linha de frente do exército, o "Auszug", e dispende 3 semanas do ano (em 8 dos 12 anos) para continuar o treinamento. Dos 33 aos 42 anos, ele serve no "Landwehr" (que é a Guarda Nacional); a cada poucos anos, ele se apresenta para treinamento de 2 semanas. Finalmente, dos 43 aos 50 anos, ele serve na "Landsturm"; neste período, ele só passa um total de 13 dias em cursos militares .
Durante a carreira de soldado, o cidadão também passa por dias de inspeção obrigatória de equipamentos e pratica de tiro ao alvo. Assim, em uma carreira militar obrigatória de 30 anos, o suíço gasta apenas 1 ano no serviço militar direto. Após a baixa do exército regular os homens ficam na reserva até a idade de 50 anos (55 para oficiais).
Pela Constituição Federal de 1847, aos membros do serviço militar são dados equipamentos, armas e roupas. Depois do 1º período de treinamento os recrutas devem guardar as armas, a munição e os equipamentos "am ihrem Woh nort" (em suas casas) até o termino do serviço.
Hoje em dia aos alistados são distribuídos fuzis automaticos Stgw.90 e, aos oficiais, pistolas. A cada reservista são entregues 24 cartuchos de munição em embrulhos selados para o uso em emergências. (Ao contrario do que dizem os anti-armas, está munição de emergência é a única pela qual o reservista tem de prestar contas).
AS ARMAS DO POVO
Depois da dispensa militar, ao ex-reservista é dado um fuzil de repetição sem registro ou outras obrigações. A partir de 1994, o governo passou a dar fuzis automáticos aos ex-reservistas também. Os oficiais também recebem suas pistolas ao final do serviço.
Quando o exército adota um novo fuzil de infantaria, os velhos são vendidos a população a preços subsidiados. Os reservistas são encorajados a comprar munição militar (7,5 e 5,6mm - 5,56mm nos outros paises - para fuzis, e 9mm e 7,65mm Luger para pistolas) que é vendida a preço de custo pelo governo objetivando a prática do tiro ao alvo. A munição não-militar para armas longas e a munição .22 LR não são subsidiadas, porém não possuem qualquer controle de vendas. As munições não-militares para armas curtas mais poderosas do que o .22LR (como a .38 Spl) são registrada no momento da venda.
A munição militar suíça deve ser registrada se comprada em loja particular, mas não precisa de registro se for adquirida num estande militar. Os 3000 estandes oficiais de tiro da Suíça vendem a maioria absoluta de toda munição. Tecnicamente, a munição comprada no estande deve ser consumida no local, mas a lei é muito pouco conhecida e quase nunca observada.
O exército vende regularmente uma variedade de metralhadoras, submetralhadoras, armas anti-tanques, canhões antiaéreos, morteiros e canhões. Os compradores dessas armas precisam obter uma licença cantonal, o que é feito facilmente, e as armas precisam ser registradas.
Em uma nação de 6 milhões de pessoas, existem pelo menos 2 milhões de armas, incluindo 600.000 fuzis totalmente automáticos, 500.000 pistolas e numerosas metralhadoras. Praticamente em todo lar há uma arma. Além das armas militares subsidiadas, o suíço também pode comprar outras armas facilmente. Enquanto as armas longas não precisam de procedimentos especiais de compra, as armas curtas são vendidas somente para aqueles com um waffener werbsschein (certificado de compra) emitido por uma autoridade do cantão. O certificado é emitido sem problemas para todo requerente maior de 18 anos que não seja criminoso ou deficiente mental. Não existem restrições para o transporte de armas longas. Cerca da metade dos cantões tem rígidos procedimentos para a concessão do porte de armas curtas, e a outra metade simplesmente não tem regulamento algum. Não há diferença perceptível na taxa de criminalidade entre os cantões como conseqüência das diferentes políticas de porte de arma. Graças a uma ação movida por grupos suíços pró-armas, fuzis semi-automáticos não necessitam de permissão de compra e não são registrados pelo governo. Assim, as únicas armas longas registradas são as totalmente automáticas (metralhadoras)(três cantões exigem que os colecionadores que possuam mais de 10 armas automáticas sejam registrados). As vendas de armas de uma pessoa para outra são controladas em 5 cantões e completamente livres em todo o resto. Comerciantes de armas no varejo devem manter registro de suas vendas, mas as transações não são apresentadas ou cobradas pelo governo. Na Suíça, as vendas de armas longas e de carabinas de pequeno calibre não são nem mesmo lembradas pelos negociantes.
MOBILIZAÇÃO
Se algum dia uma nação teve uma milícia bem preparada, este pais é a Suíça. O economista do século XIX, Adam Smith, achava que a Suíça era o único lugar onde todas as pessoas haviam sido treinadas com sucesso em tarefas militares. Na realidade, a milícia é virtualmente sinônimo de nação. "O suíço não tem um exército: eles são o exército", diz uma publicação do governo. Completamente mobilizado, o exército suíço apresenta 15,2 homens por quilometro quadrado; em contraste, os EUA e a Rússia tem apenas 0,2 soldados por Km2. A Suíça é 76 vezes mais densa em soldados do qualquer outra super potência. Realmente, somente Israel tem mais exército por Km2.
A Suíça é também a única nação do ocidente que tem abrigos completamente fornidos de comida e suprimentos para um ano para todos os seus cidadãos em caso de guerra. Os bancos e os supermercados subsidiam em muito esta estocagem. Os bancos também tem planos para deslocar seu ouro para o centro montanhoso da Suíça no caso de invasão. A nação está pronta para se mobilizar rapidamente. Disse um soldado suíço: "se nós começarmos pela manhã, estaremos mobilizados pelo final da tarde. Isso porque a arma está em casa, a munição está em casa. Todos os jovens tem metralhadoras. Eles estão prontos para lutar". Os cidadãos-soldados, em seu caminho para os pontos de mobilização, podem fazer parar os automóveis que estiverem passando e ordenar seu transporte.
DEMOCRACIA
Desde 1291, quando as assembléias se reuniam em círculos nas praças das vilas, e somente os homens portando espadas podiam votar, as armas tem sido a marca da cidadania suíça. Como um porta voz do Departamento Militar disse," é uma velha tradição suíça que somente um homem armado tem direitos políticos". Essa política é baseada no entendimento de que somente àqueles que assumem a obrigação de manter o pais livre é permitido gozar completamente dos benefícios da liberdade. Em 1977, o movimento INICIATIVA MUNCHENSTEIN propôs permitir aos cidadãos a escolha do trabalho social, ou em hospitais, como alternativa ao serviço militar. A proposição foi rejeitada nas urnas e nas 2 casas do parlamento (o "Bundesversammlung's Nationalrat" e o "Standerat"). Existe previsão legal para objetores de consciência, mas esse grupo é de apenas 0,2% dos convocados.
RELACIONAMENTO COM OS VIZINHOS
Em 1978, a Suíça recusou-se a ratificar uma decisão do Conselho da Europa sobre controle de armas de fogo. Desde então, a Suíça tem sofrido pressões por parte dos outros governos europeus, que a acusam de ser uma fonte de armas para terroristas. Como resultado, em 1982, o governo central propôs uma lei proibindo estrangeiros de comprar na Suíça armas que eles não poderiam comprar em seus próprios países, e também exigindo que os cidadãos suíços obtivessem uma licença para a compra de qualquer arma, não apenas para as armas curtas.
Os ultrajados usuários de armas suíças formaram, então, um grupo chamado Pro Tell em homenagem do herói nacional Guilherme Tell. Em 1983, o Conselho Federal (o gabinete executivo) abandonou a proposta cerceadora porque a oposição era muitoforte, e sugeriu que os cantões regulassem cada um a sua maneira, a questão. Alguns meses antes, o parlamento do cantão de Friburgo já tinha aprovado tal lei com um único voto de vantagem. Um plebiscito popular anulou a lei no ano seguinte, com 60% dos votos.
CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS
Qualquer que seja o efeito das armas fora da Suíça, eles nem mesmo apresentam os pequenos crimes triviais em qualquer outro pais. Mesmo com todas as armas, a taxa de assassinatos é uma mera fração da americana sendo também menor do que a do Canadá e da Inglaterra (que controla severamente as arma), ou até mesmo do Japão, que praticamente as proíbe. A taxa de crimes com armas de fogo é tão baixa que não há nem mesmo registro estatístico.
A taxa de suicídios, entretanto, é quase o dobro da americana. As armas são usadas em cerca de 1/5 de todo os suicídios na Suíça, comparados aos 3/5 nos EUA e ao 1/3 dos suicídios canadenses.
Não é o verniz cultural suíço, ou suas leis sobre armas, que explicam essa taxa de crimes. Na verdade é a ênfase na atuação comunitária (onde a posse de uma arma é uma parcela de peso) que explica o baixo índice de criminalidade. No livro Cidades com poucos Crimes (CITIES WITH LITTLE CRIME), o autor Marshall Clinard compara a baixa taxa de crimes na Suíça com a mais alta incidência na Suécia, pais onde o controle de armas é mais severo. Esta comparação é mais surpreendente tendo em vista a densidade populacional mais baixa e a homogeneidade étnica da Suécia. Uma das razões para tão pouca criminalidade, diz Clenard, é que as cidades suíças cresceram relativamente devagar. Muitas famílias vivem por gerações no mesmo lugar. Portanto, grandes cidades heterogêneas com enclaves de favelas nunca surgiram.
Orgulhosa por ter o governo central mais fraco do ocidente, a Suíça é governada principalmente pelos seus 3. 095 "Einwohrnergemeinde" (comunas, sub-estados de um cantão). Poucos cantões ainda fazem suas leis pelo tradicional sistema "Labdsgemei", quando todos eleitores qualificados reúnem-se anualmente ao ar livre.
Diferente da polícia do resto da Europa, a polícia suíça é descentralizada. Juizes e jurados são eleitos pelo povo. Com menos mobilidade e laços comunitários profundamente desenvolvidos, é natural que existam poucos crimes.
A maioria das nações democráticas impõe longos períodos de prisão aos criminosos, mas não a Suíça. Para todos os crimes, exceto assassinatos, o suíço raramente fica mais que um ano na prisão; mesmo sérios delinqüentes tem suas sentenças comutadas. Como no Japão, o foco do sistema está na reintegração do transgressor à sociedade, muito mais que na sua punição.
Para os suíços não criminosos, dito é que cada um é seu próprio policial. Visitantes estrangeiros ficam surpresos ao ver os pedestres sempre esperando nos sinais de trânsito mesmo quando não há tráfego. O sistema de transporte público funciona, com sucesso, na base do pagamento voluntário.
Clinard deduz que os fortes governos centrais enfraquecem a iniciativa dos cidadãos e a responsabilidade individual. As comunidades, ou Cidades, que desejam se precaver do crime e da violência devem encorajar uma descentralização política maior através do desenvolvimento de pequenas unidades governamentais e do encorajamento da responsabilidade do povo para com a obediência às leis e ao controle da delinqüência.
No livro NAÇÕES NÃO POSSUÍDAS PELO CRIME, Fred Adler chega as mesmas Conclusões de Clenard. Ela também receita o sistema de governo comunal no qual as leis são decretadas através do voto popular e a estabilidade residencial.
A maioria dos suíços ainda vive em famílias patriarcais tradicionais . De fato, a Suíça tem a mais baixa porcentagem de mães trabalhando em relação a qualquer país europeu. Enquanto no resto do mundo as mulheres estavam lutando por igualdade de direitos, os suíços ainda estavam decidindo se as mulheres poderiam ou não votar (a longa demora na aprovação do sufrágio feminino deve ter algo a ver com a questão dos direitos civis e o serviço militar).
As escolas são severas e os adolescentes têm menos liberdade do que na maior parte da Europa. Os estudos mostram que os adolescentes suíços, diferentemente daqueles nos outros países, sentem-se mais próximos de seus pais do que de seus amigos. A comunicação entre as gerações é muito fácil.
Entre os fatores que contribuem para a harmonia entre gerações está o serviço militar, que oferece uma oportunidade para todos os grupos masculinos interagirem entre si. Adultos e jovens compartilham muitos esportes, como o esqui e a natação. O tiro ao alvo é outra importante atividade comunal, com prêmios e troféus muitas vezes exibidos em restaurantes e tabernas. Todo ano celebra-se o fim de semana "Feldschiessen", quando mais de 200 mil suíços participam das competições nacionais de tiro ao alvo e são consumidos cerca de 5 milhões de cartuchos.
Em Casa, escreve Jonh Mcphee, enquanto o pai limpa o fuzil na mesa da cozinha, seu filho está a observá-lo e a criança , assim, fica familiarizada com a arma. Marshall Clinard explica que, por causa das armas do exército serem guardadas em casa . . . muitas atividades associadas ao cuidado no manejo de armas, prática de tiro ao alvo, ou conversas sobre atividades militares, tornam-se comuns nas famílias. Tudo isso, juntamente com várias outras atividades levadas a cabo na Suíça envolvendo diversas faixas etárias, têm servido para inibir a separação de gerações, alienação, e o crescimento de uma cultura jovem à parte, que tem se tornado, de maneira crescente, uma característica de muitos outros países desenvolvidos,. Embora estes fatores representam somente uma parte do jeito suíço de ser, eles são uma parcela de peso para a baixa taxa de criminalidade e a propensão ao crime.
CONCLUSÕES
Uma análise da legislação de armas suíça mostra como é frágil a argumentação dos anti-armas de que elas são por si só maléficas (o mal materializado). Mostra, também, que o raciocínio simplista "mais armas significam mais crime", tão a gosto de nossos políticos, não é válido.
O oposto também não é verdadeiro. - Será que se o exército começasse a vender canhões e metralhadoras a preços subsidiados ao povo haveria um declínio da criminalidade em nosso país? Certamente não nos primeiros trinta anos.
A Suíça nos mostra apenas que não há relação entre criminalidade e a presença de armas na sociedade. Mostra que mais importante que o número de armas é seu contexto cultural. Na Suíça, as armas são um importante elemento de coesão de uma estrutura social que apresenta baixa taxa de criminalidade. Nota-se, claramente que, o controle dos indivíduos é mais eficiente e mais importante que o controle do Estado.
Para nós, entusiastas de armaria, o sistema suíço parece ser o paraíso. Mas é preciso observar a sociedade como um todo. Na Suíça, ter uma arma em casa não é uma questão de opção individual. É uma obrigação imposta pelo governo e uma exigência da sociedade. Em que outro pais uma imposição deste tipo seria aceita pelos cidadãos?
O que o mundo tem a aprender com a Suíça é que a melhor maneira de se reduzir o mau uso das armas é promover o seu uso com responsabilidade.
FIM
Traduzido e adaptado da revista American Rifleman de fevereiro de 1990 por autorização da National Rifle Association dos EUA.
O SOLDATENBUSCH
(Livro do soldado)
Cada cidadão que entra para o exército suíço recebe um exemplar do Soldatenbusch. Lá estão os rudimentos das táticas e técnicas militares, instruções sobre como se proteger das guerras nuclear, química e bacteriológica, assim como técnicas de ocultamento e construção de abrigos.
Mas o Soldatenbusch não é apenas um manual militar. Trata-se de algo mais profundo que podemos definir como um "Manual do Cidadão". Lá, ao lado de uma sinopse da história do país, o soldado encontrará capítulos mostrando a importância da democracia, a importância da participação do soldado nos plebiscitos comunais, e a importância de sua arma na defesa desses valores.
Folheando o Soldatenbusch percebe-se que os princípios democráticos estão firmemente arraigados na população. Num país onde o povo é armado não pode haver outra forma de governo que não seja democrático. Entende-se porque as instituições funcionam e porque existe respeito entre os cidadãos. A outra opção é o banho de sangue.
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Os Maçons e a Abolição da Escravatura
Postado Terça-feira, Maio 22, 2007 as 7:18 PM pelo B:.Pr:. Guiseppe 33
Do livro "Os Maçons e a Abolição da Escravatura"
Editora A Trolha - 1998
1884 - O CEARÁ LIBERTA SEUS ESCRAVOS, SOB A ÉGIDE DA MAÇONARIA
A partir de 1875, o abolicionismo começara a empolgar a opinião pública na província do Ceará, enquanto a atitude do Parlamento imperial, de caminhar para uma paulatina extinção da mão-de-obra servil, sem uma ação eficaz para a total abolição, preocupava os abolicionistas cearenses.
Tal situação fiz com que diversos grupos ativistas começassem a atuar dentro da mesma tendência paulista, de liberar, em grande escala,os cativos dos latifúndios.
Também começaram a ser criadas associações abolicionistas, destacando-se, entre elas, o Centro Abolicionista, de tendência moderada, e a Sociedade Cearense Libertadora, de linha jacobina (1). Esta era formada, em sua maioria, por maçons republicanos e abolicionistas e conseguiu agitar a província, com uma reunião na chamada "Sala do Aço", a 30 de janeiro de 1881, quando o seu presidente, João Cordeiro, à luz de velas, cravou um punhal na mesa revestida de pano negro , exigindo, de todos os presentes, o juramento de matar ou morrer pela abolição da escravatura, ao mais clássico estilo da Carbonária (2), também chamada de Maçonaria Florestal. Nos estatutos da Libertadora constava, expressamente:
"A Sociedade libertará escravos por todos os meios ao seu alcance". Seguindo essa linha, que era, também, a de Luís Gama (da Loja América) e Antônio Bento (da Loja Piratininga), em S. Paulo, a Libertadora usava, realmente, todos os meios, legais, ou ilegais, para libertar escravos. Assim, raptavam-nos das fazendas, escondiam escravos fugidos, disfarçando-os sob roupas finas e enviando-os para longe, com falsas cartas de alforria. Além disso, quando havia escravos à venda, os membros da Sociedade e suas mulheres doavam, para um fundo, relógios, correntes, anéis e brincos de ouro, para resgatá-los e dar-lhes liberdade. Cartas ameaçadoras eram enviadas a senhores de escravos.
Uma delas, em registro que foi conservado, era dirigida a um fazendeiro do Piauí, cujos escravos fugidos haviam sido acolhidos pela Sociedade, e continha um trecho terrivelmente ameaçador, embora alguns historiógrafos o considerem "pitoresco" :
"Nós, abaixo-assinados, membros da terrível Sociedade Libertadora Cearense, restituímos a liberdade
ao cidadão F...., e ordenamos-lhe que pretendendo voltar à terra de sua residência, se o seu senhor quiser obrigá-lo ao cativeiro, o poderá matar com uma faca bem grande, que lhe atravesse o coração de uma banda à outra".
A Sociedade chegou a aliciar os jangadeiros do Ceará, --- que, por isso, seriam homenageados por Patrocínio --- chefiados por Francisco José do Nascimento, conhecido como "dragão do mar". Fortaleza, capital e porto da província do Ceará, devido ao mar bravio, era péssimo ancoradouro e, por isso, os embarques e desembarques tinham que ser feitos por meio de embarcações pequenas e insubmersíveis, ou seja, as jangadas, as únicas a conseguir vencer o mar encapelado desse trecho da costa cearense. Os jangadeiros, então, faziam o transporte de passageiros e carga para os navios ancorados ao largo e recusavam-se a transportar escravos, sendo, por isso, fechado, o porto, ao tráfico interno de cativos, que eram vendidos, por seus proprietários, em outras províncias, diante do avanço da ação abolicionista.
A última tentativa de embarcar escravos --- duas mulheres --- para o sul do país, foi tumultuada, exigindo a presença do chefe de polícia, para garantir o embarque ; enquanto este discutia com os jangadeiros, as duas escravas foram raptadas por membros da Sociedade e libertadas. Os municípios cearenses começavam, nessa época, a libertar em massa os seus escravos. O primeiro a tomar tal atitude foi Acarape, que, por isso, teve o seu nome mudado para Redenção.
Seguiram-se diversos pequenos municípios até que, a 8 de maio de 1883, a liberdade, para os cativos, chegava a Fortaleza. Era o passo que antecedia o clímax: a 25 de março de 1884, finalmente, era abolida a escravidão na província do Ceará, quatro anos antes da Lei Áurea.. Foi quando Patrocínio chamou o Ceará de "terra da luz".
E tudo fora feito, principalmente, através do trabalho incessante da Sociedade Libertadora, de nítida inspiração maçônica.
NOTAS:
1. Os jacobinos formaram a mais importante das associações políticas da época da Revolução Francesa. A associação teve origem no Clube Bretão, criado por deputados liberais da Bretanha, logo após a abertura dos Estados Gerais, em 1789, em Versalhes. Acompanhando a Assembléia Nacional, em Paris, a associação reunia-se no Convento dos Jacobinos, à rua de Saint Honoré. O nome de jacobinos era dado, na França, aos, aos frades dominicanos, porque o seu primeiro convento, em Paris, estava instalado na rua Saint Jacques. E esse nome acabou sendo dado, por adversários, aos membros da associação, que, em 1791, passou a se intitular Sociedade dos Amigos da Constituição e, depois da queda da monarquia, em 1792, Sociedade dos Jacobinos, Amigos da Liberdade e da Igualdade. A maior parte da associação era formada por republicanos extremados. Com grande poder na época, ela, depois, foi perdendo sua influência, até ser dissolvida, em 1799. Nessa ocasião, a palavra "jacobino" já servia para designar os que defendiam opiniões extremamente revolucionárias.
2. Carbonária era uma sociedade secreta, nascida, inicialmente, entre os carvoeiros e lenhadores de Hanover, daí o título, do italiano: carbonaro = carvoeiro. A sociedade espalhou-se por quase toda a Europa, tendo bastante atividade política, nos séculos XVIII e XIX, principalmente na Península Itálica, onde foi responsável pela unificação da Itália (1870), e na Península Ibérica. Por extensão, o termo foi aplicado a todos os membros de sociedades secretas com fins revolucionários. A Carbonária foi, durante muito tempo, confundida com a Maçonaria --- daí o título de Maçonaria Florestal --- porque ambas as sociedades, em algumas ocasiões, chegaram a manter algum tipo de intercâmbio e colaboração, para uma finalidade comum, como no caso da campanha de unificação da Itália.
Todavia, os métodos, geralmente violentos e de luta revolucionária da Carbonária, afastam-na da Maçonaria, que sempre foi fundamentalmente libertária e avessa à violência. O punhal era o mais comum meio de justiça dos carbonários; e, em muitas de suas cerimônias, ele era usado para sinais e para reforçar juramentos e compromissos, como no citado caso da Libertadora. Daí a comparação.
Síntese da obra:
I - Os Primórdios do Abolicionismo no Mundo
II - Os Primórdios do Abolicionismo no Brasil
III - A extinção do Tráfico e o Início da Luta dos Maçons
IV - A Lei do Ventre Livre - O Visconde do Rio Branco
V - Os Grandes Vultos Maçônicos do Abolicionismo
VI - A Questão Militar e a Abolição da Escravatura
VII - O Caminho do Fim da Escravidão
VIII - Apêndices:
O Navio Negreiro (Castro Alves)
Vozes D´África (Castro Alves)
Carlos Gomes e o Abolicionismo.
"Bons Primos Carbonários - IRMÃOS PARA SEMPRE!"
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O primeiro Grande Conselho do Mundo
Postado Sexta-feira, Abril 20, 2007 as 7:09 PM pelo B:.Pr:. Guiseppe 33
Os Primórdios
Os Altos Graus --- acima do de Mestre --- suma característica do Rito Escocês Antigo e Aceito, começaram a surgir no século XVIII, em função de três acontecimentos principais:
1. Discurso de Ramsey
André Michel de Ramsey (1), escocês de Ayr, plebeu com fumaças de aristocracia, aportou na França, depois de alijado da Maçonaria de sua pátria, por insistir em criar graus cavalheirescos. Na França, satisfez a sua ânsia de nobreza, ao ser recebido como cavaleiro da Ordem de São Lázaro (Chévalier de Saint Lazare). E tão agradecido ficou que produziu, em 1737, um discurso, onde pretendia aristocratizar a Maçonaria, ligando-a aos nobres das Cruzadas, o que é pura lenda. Ele foi proibido de pronunciar o discurso, por ordem do cardeal Fleury (André Hercule de Fleury), ministro de Luis XV e dono do poder da época, na França, como ocorreu com outros cardeais (Richelieu, Mazzarino) ; mas o texto acabou sendo publicado no ano seguinte e influenciaria as tentativas posteriores de criação de Altos Graus.
Para alguns autores, o discurso foi, como tendência a uma profunda reforma institucional na Maçonaria, o ponto de partida para a adoção do sistema dos Altos Graus, além de ser uma verdadeira carta e um código geral de pensamento. Outros discordam, não lhe reconhecendo nenhuma influência importante e não vendo, nele, mais do que um apelo a lendas, uma paixão pelos títulos nobiliárquicos e uma pretensa origem dos franco-maçons nos cruzados.
2. Criação do Capítulo de Clermont
O Capítulo de Clermont foi criado em Paris, em 1754, com o nome de Colégio dos Jesuítas, onde ele foi instalado, local que já havia sido residência do pretendente ao trono inglês, Carlos Eduardo Stuart, filho de Jaime III. Dizendo-se uma Obediência maçônica, o Capítulo propunha-se a praticar os Altos Graus e não manter vínculos com a Grande Loja (da França), repudiando-a por suas atividades políticas. Este Capítulo teve uma existência bastante efêmera --- muitos autores nem mesmo o citam --- mas, como o discurso de Ramsey, acabaria rendendo frutos, através das idéias que propagou, para que surgissem, posteriormente, os Altos Graus.
3. O Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente
Considerado, por muitos, como o sucessor do Capítulo de Clermont, foi fundado, em 1758, em Paris, o denominado Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente, Grande e Soberana Loja Escocesa de São João de Jerusalém, que foi, no século XVIII, a mais importante das Potências ditas escocesas, as quais, embora nascidas na França, tiveram os seus primórdios com os partidários dos Stuarts --- denominados "escoceses" --- que reinaram, durante muito tempo, sobre a Inglaterra e a Escócia. O seu pomposo título distintivo mostra, claramente, a influência aristocrática, a fixação nas Cruzadas --- já expostas no discurso de Ramsey --- a fatuidade da época e o fascínio exercido pelos Altos Graus. No mesmo ano de 1758, o Conselho criou um sistema de Altos Graus, impondo-lhe o limite de 25 graus. Essa resolução foi inscrita, oficialmente, em seus Estatutos de 1762, e, no início, todos esses graus superiores eram chamados de "graus de perfeição". Essa escala de 25 graus foi denominada Rito de Perfeição, ou de Héredom.
Em 1761, Etienne Morin, membro da seção do Conselho instalada em Bordeaux, recebeu uma patente, através da qual ele era autorizado a fundar Lojas dos graus de perfeição nas Américas. Aí chegando --- através de Porto Rico --- só dois anos mais tarde, Morin constatou que outros o haviam precedido. Em parte de sua correspondência, citada por Lantoine, é abordada "uma respeitável Loja escocesa", encontrada tão bem composta, da mesma maneira que a Loja simbólica, que ele acreditou dever dar a elas as mesmas instruções. Isso significa que, além dessa Loja simbólica, já existia uma Oficina de Altos Graus, embora tenha sido só através de Morin que essas Lojas progrediram e prosperaram, sob a égide da seção bordelesa do Conselho, que lhe havia concedido a patente.
O Supremo Conselho de Charleston
Os Altos Graus tiveram, no Novo Mundo, uma acolhida muito grande e até sofreram acréscimos. Todos os tinham e a sua concessão, sem qualquer critério lógico e sem um poder moderador para discipliná-la e organizá-la, acabou fazendo com que o sistema se transformasse num verdadeiro caos.
Diante disso, um grupo de maçons, reunidos a 31 de maio de 1801, na cidade de Charleston, no Estado da Carolina do Sul (EUA), por onde passa o paralelo 33 da Terra, resolveu criar o Supremo Conselho do grau 33, que, por ser o primeiro, audenominou-se "Mother Council of the World", ou seja Supremo Conselho Mãe do Mundo (por que não pai?). Supõem, porém, alguns pesquisadores, que os Supremos Conselhos das Índias Ocidentais Francesas e de Kingston (Índias Ocidentais Inglesas), cuja existência é imprecisa, em ambos os casos, já atuavam desde 1796.
Marcando o início de uma fase de organização e método na concessão dos Altos Graus, o primeiro Supremo Conselho adotou a divisa Ordo ab Chao, ou seja, Ordem no Caos, o caos em que se havia transformado o emaranhado de Altos Graus, concedidos sem qualquer critério lógico e sem que houvesse um poder organizador, moderador e disciplinador.
Da criação desse Supremo Conselho participaram nove membros: Frederik Dalcho, John Mitchell, Abraham Alexander, James Moultrie, Thomas Bartholomew Bowen, Jean-Baptiste Marie Delahogue, Emanuel de la Motta, Moses Levy, Israel de Lieben. O conde Alexandre-François-Auguste Grasse-Tilly, genro de Delahogue, embora tenha sido, praticamente, o mentor da idéia, não aparece entre os fundadores. Nascido em 1765 e iniciado em Paris, antes da Revolução Francesa, na Loja Saint Jean d'Écosse du Contrat Social, ele foi para a América, passando muito tempo em São Domingos, como oficial, até chegar a Charleston, em 1786. A história de sua vida se identifica, a partir daí, com a história do Rito Escocês Antigo e Aceito, pois ele já vinha, desde 1796, pensando em fundar um Supremo Conselho e criar o 33o. grau.
Chegando a Paris, munido de uma patente que o habilitava a criar um Supremo Conselho, Grasse-Tilly encontrou grande agitação maçônica, provocada por dissidências e querelas em torno da colação dos Altos Graus de Héredon, as quais já haviam proporcionado diversos acordos, seguidos de tantas outras rupturas, ainda em conseqüência da implantação, em 1786, dos quatro Altos Graus do Rito Francês, ou Moderno. Em reação a esse sistema, o conde, em curto espaço de tempo, elevou ao 33o. grau um grande número de maçons franceses, formando um Supremo Conselho provisório. A 12 de outubro de 1804, os Grandes Oficiais do Rito constituíram o Grande Consistório, que convocou, para o dia 22 do mesmo mês, uma assembléia geral, com a finalidade de proceder à formação de uma Grande Loja Escocesa. Nesse dia, deu-se a criação da Grande Loja Geral Escocesa de França, do Rito Antigo e Aceito, com sede em Paris, elegendo-se, na ocasião, quarenta e nove dignitários e sendo proclamado o príncipe Luís Napoleão, como Grão-Mestre, e Grasse-Tilly como seu representante.
Grasse-Tilly foi o dirigente máximo (Soberano Grande Comendador) do Supremo Conselho da França, de 1804 a 1806, tendo Delahogue como Lugar-Tenente, segundo da escala e substituto imediato do Soberano Grande Comendador. Ele viria a ser sucedido pelo duque de Cambacérès, que governaria de 1806 a 1818, e retornaria ao cargo, dirigindo o Supremo Conselho de 1818 a 1821. Foi com Grasse-Tilly que o Rito Escocês, realmente, vicejou por quase toda a Europa, embora só com grandes esforços tenha aberto um discreto caminho na Inglaterra, onde a Maçonaria, sob a égide da Igreja Anglicana, não via com bons olhos um rito nascido do catolicismo jacobita (stuartista).
A "lenda" das Constituições de Frederico II
Criado o Supremo Conselho, que estabelecia um sistema totalmente novo de Maçonaria, desconhecido até então, atribuiu-se a sua organização a uma Constituição de 1o. de maio de 1786, que teria sido elaborada por Frederico II, rei da Prússia (2). Esse sistema só ficou conhecido a partir de 4 de dezembro de 1802, quando o Supremo Conselho de Charleston expediu uma circular, comunicando o fato, enaltecendo os Altos Graus e atribuindo, então, a sua organização a Frederico. Se essa organização tivesse, realmente, surgido nessa data --- 1786 --- é, no mínimo, estranho que o fato só ficasse conhecido em 1802.
A história "oficial", divulgada, inclusive, pelo Supremo Conselho da França, diz que Carlos Stuart, filho de Jaime III, sendo chefe de toda a Maçonaria, conferiu, a Frederico II, a dignidade de Grão-Mestre, nomeando-o, também, seu sucessor, qualidade na qual ele seria reconhecido como chefe dos Altos Graus. A 25 de outubro de 1782, ainda com os 25 graus de Héredom, eram confirmadas as Constituições e Regulamentos de Bordeaux. E quatro anos depois, segundo essa versão "oficial", Frederico transmitia os seus poderes e prerrogativas a um Supremo Conselho dos Grandes Inspetores Gerais, ao mesmo tempo em que aumentava a escala para 33 graus e publicava, a 1o. de maio de 1786, a sua Constituição.
Alguns fatos mostram que isso é pura lenda:
Em primeiro lugar, a 1o. de maio de 1786, Frederico não tinha condições de assinar nada, nem transmitir coisa nenhuma, já que se encontrava em estado semi-comatoso, vindo a falecer a 17 de agosto do mesmo ano.
A versão oficial não tem a mínima credibilidade entre os bons autores maçônicos, sendo refutadas por pesquisadores de primeira linha, como Findel. Rebold, Thory, Clavel, Cordier, Marconay e Lindsay. Rebold afirma que Frederico foi iniciado a 15 de agosto de 1738, em Brunswick e que, em 1744, a Loja "Três Globos Terrestres", de Berlim, fundada por artistas franceses, foi, por ele, elevada à categoria de Grande Loja, da qual ele foi aclamado Grão-Mestre, exercendo o mandato até 1747. A partir de então, ele não mais se ocupou ativamente da Maçonaria e, quando o sistema dos Altos Graus foi introduzido nas lojas prussianas pelo marquês de Bernez, ele se mostrou adversário da inovação, tratando-a com desdém, sendo duro em relação aos Altos Graus e prevendo que eles acabariam sendo motivo de constante discórdia entre as Lojas.
Marconay afirma que, em resposta a uma consulta sua, a Loja dos Três Globos enviou-lhe carta, onde refere que Frederico foi, em parte, o criador do sistema que a Loja adotou, mas que nunca interferiu em seus assuntos e nunca se ocupou em ditar leis aos maçons. Diz mais, essa missiva, que a Grande Loja dos Três Globos não reconhecia nem praticava mais do que os graus azuis de São João, mas que tinha um comitê, chamado Supremo Oriente Interior, que dirigia os trabalhos dos graus superiores, que não passavam de sete. E termina, afirmando que carecia de fundamento tudo aquilo que se referisse a prescrições de Frederico.
Findel, considerado um dos maiores pesquisadores maçônicos de todos os tempos, é mais contundente, chamando essa versão "oficial" de simples invenção, que só poderia ser divulgada por quem tivesse interesses estranhos à procura da verdade histórica.
Assim, tanto as Constituições, Estatutos e Regulamentos, quanto os Novos Institutos Secretos e Fundamentais da Muito Antiga e Venerável Sociedade dos Antigos Maçons Livres Associados, ou Ordem Real e Militar da Franco-Maçonaria, atribuídos a Frederico, com a fictícia data de 1o. de maio de 1786, devem ser vistos como documentos históricos do Rito Escocês Antigo e Aceito, mas gerado pelos criadores do primeiro Supremo Conselho e com data posterior à que consta nos documentos, pois, vale repetir, se uma inovação tão grande quanto essa já ficara totalmente organizada, em 1786, na Europa, por que ela permaneceria oculta e ignorada até 1802, sendo necessário que os norte-americanos revelassem ao mundo a sua existência?
Na realidade, a América do Norte, nesse início de século XIX (1801), ainda era vista, pelos europeus, como uma terra de índios, selvagem e inóspita, já que o seu território ainda estava sendo conquistado e eram constantes os atritos bélicos com os índios. Para se ter uma idéia, o famoso massacre de Little Big Horne, quando o regimento comandado pelo general Custer foi dizimado por índios apaches, sioux, arrapahoes e outros, ocorreu já no último quartel desse século, em 1876. Aceitar uma novidade vinda desse Novo Mundo seria muito difícil para a Europa, com seus séculos de civilização; já partindo de um de seus mais importantes monarcas ela seria muito mais palatável. E foi o que ocorreu.
Mas a "lenda" de Frederico foi, durante muito tempo, levada a sério na Europa. Rémy Boyau cita o seguinte fato: a 21 de novembro de 1879 --- setenta e oito anos após a fundação do Supremo Conselho de Charleston --- em "Impressões de um Aprendiz", Georges Martin mostra-se indignado, num arroubo juvenil e até cômico:
"A origem da Franco-Maçonaria confunde-se com a época pré-histórica, enquanto que a Constituição que nos rege data de 1786, menos de um século atrás! Quem fez essa Constituição? Frederico II, rei da Prússia! Já que eu vos comunico minhas impressões, eu devo falar francamente. Pois bem, do mais profundo de meu coração de francês e de antigo soldado da defesa de 1870-1871, eu declaro que todo o meu ser fica revoltado perante a idéia de que, entrando na Franco-Maçonaria, eu sou submetido ao jugo de uma Constituição emanada do déspota Frederico II, rei da Prússia"!
O disparate maior, nessa arenga do autor, todavia, é o de que a origem da Maçonaria confunde-se com a época pré-histórica. Ele só é superado pelo de George Oliver, que, em "Antiquities of Freemasonry", afirma que a Maçonaria remonta à época da criação do mundo, pois é grande a semelhança entre os seus princípios e os da primitiva Constituição que regia o Paraíso terrestre! Se é que houve um "Paraíso", como Oliver teve conhecimento de sua "Constituição"? E para que precisaria, o Paraíso, de uma Constituição?
Embora o nome de Frederico esteja em rituais de Altos Graus, como o criador da Ordem, isso deve ser tomado como lenda --- como tantas outras da Maçonaria --- e não como fato histórico.
Ir. José Castellani
Notas
1. Ramsay nasceu em Ayr, Escócia, em 1686, e faleceu em Saint-Germain, França, em 1743. Embora tenha afirmado que era filho de um baronete escocês e reclamado o título quando foi recebido em Oxford, em 1730, na realidade, seu pai era um padeiro ; essa sua origem foi esclarecida num panfleto intitulado "La Ramsayade" , atribuido a Voltaire, mas não reconhecido por ele. O que o enobreceu foi o título de Chevalier de Saint Lazare (Cavaleiro de São Lázaro), que lhe foi concedido pelo regente da França.
Ele foi iniciado a 10 de março de 1730, na Loja Horn, no Palácio Hard de Westminster, da qual o duque de Richmond foi Venerável Mestre. Filho de pai calvinista, exerceu, entre outros preceptorados, o de Carlos Stuart (1724), filho de Jaime III, pretendente católico ao trono da Inglaterra, e acabaria se tornando discípulo, companheiro e apologista do prelado e escritor francês Fénelon e, em conseqüência, do catolicismo. Apesar disso, ingressaria na Royal Society, de Londres, e na Universidade de Oxford, o que mostra que, apesar de católico stuartista, ele mantinha ligações com o anglicanismo.
2. Frederico II, o Grande, filho de Frederico Guilherme I (o "Rei Sargento") da Prússia, nasceu em 1712 e subiu ao trono em 1740, revelando-se tanto hábil administrador quanto guerreiro e conquistador insaciável. Cético e, muitas vezes, sem escrúpulos, era um déspota esclarecido e não renunciava às prerrogativas do absolutismo, embora acatasse muitas das idéias dos enciclopedistas franceses. Tinha, por isso, como lema, a frase: "Tudo para o povo, mas sem o povo". Atraiu para a sua residência, em Sans-Souci, muitos sábios e filósofos --- como Voltaire, por exemplo --- e gostava de ser chamado de "rei filósofo".
Iniciado em Brunswick, a 15/8/1738, antes de assumir o trono, regressou à residência real no mesmo ano, criando uma Loja no castelo de Rheinsberg, secretamente, já que seu pai era contrário à Maçonaria, provavelmente devido à origem britânica desta. Em 1740, quando se tornou rei, era criada, sob sua proteção, a 13/9, a Loja Três Globos Terrestres, formada por artistas franceses que haviam sido chamados à Prússia. A 24/6/1744, ela era elevada a Grande Loja Real, com Frederico como Grão-Mestre. Faleceu a 17/8/1786, após passar seis meses praticamente inconsciente
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Apontamentos sobre a História da Maçonaria
Postado Terça-feira, Abril 10, 2007 as 7:23 PM pelo B:.Pr:. Mazzini
A história da maçonaria portuguesa é um calvário sangrento. É a história de inúmeras vitimas, nas prisões nos cárceres, nas câmaras de tortura da inquisição, nos pelourinhos do povo e nas fogueiras dos numerosos autos-de-fé. Outros foram exilados nalguma ilha diabólica. Na base dum alvará do Grão-Mestre inglês Lord Weymouth, o matemático George Gordon, o autor da parte matemática do "Dictionarium Brittannicum de Bailey, escrito em 1730" introduzia a maçonaria em Portugal. Na instalação da primeira loja estiveram presentes numerosos oficiais da marinha inglesa. Em 1738 existiam em Lisboa duas lojas. Uma loja católica "A casa real dos maçons da Lusitânia " e uma loja protestante. A primeira reunia-se numa tasca dum Irlandês e era constituída principalmente por Irlandeses.
As informações que a inquisição recolheu de um dos compatriotas irlandeses, professor em teologia no colégio "Corpo Santo", Charles O'Kelley, um dominicano, davam uma imagem favorável. Mesmo assim todos os membros foram citados, entre eles também três frades da ordem de São Domingos. A inquisição ficou satisfeita com as declarações e voltou a sua atenção para a loja protestante. Cinco anos depois surgiram na maçonaria as primeiras testemunhas de sangue. Um frade dominicano, fanático provençal, descobridor dos heréticos, Bonnet de Meautry, que se chamou si mesmo "o carniceiro de Notre Seigneur" denunciou 17 franco maçons junto do Grão lnquisidor Dom Pedro de Silveira por causa de "conspiração e heresia" e exigiu energicamente o castigo dos "Pedreiros livres", homens cheios de ideias loucas sobre a religião.
O Rei João V consentiu numa perseguição e promulgou, sem consentimento das Cortes, um decreto retroactivo segundo o qual cada maçon foi condenado á morte sem possibilidade de apelação. A 8 de Marco de 1743 a loja Virtude em Lisboa foi assaltada. Os três membros presentes, Damião de Andrade e Manuel de Revelhos, ambos aristocratas e o irmão de serviço Christoph Diego, sofreram torturas mortais. Não indicaram nomes dos outros maçons mas, por uma denuncia duma mulher, a policia conseguiu encontrar três e detê-los. Foram os joalheiros franceses Jean Thomas Braslé e Jacques Mouton e o lapidário de diamantes e joalheiro de camafeus suíço Johann Coustos de Berna que participavam na instalação duma loja. Gravemente maltratados e torturados no palácio da inquisição, durante um período de três meses, sem que qualquer segredo tivesse sido revelado.
No mesmo dia Coustos e os seus irmãos foram por meio dum desfile publico levados para um auto-de-fé na igreja do São Domingos, vestidos numa mortalha, porque essa foi a maneira como eles foram executados, para lá de ouvir em presença do rei, o nuncio do papa e o ministro plenipotenciário de Castela o castigo: quatro anos de cárcere e excomunhão para o protestante suíço e cinco anos de deportação para os outros. A tortura do Braslé teve como consequência a sua morte. Em 1744 Coustos foi libertado por iniciativa do ministro plenipotenciário inglês Lord Crompton, depois da intervenção do Grão-Mestre inglês Lord Harrington e com Mouton trazido para um navio holandês "O Damietta" e depois levado para Portsmouth e Londres. Dois outros maçons morreram na fogueira depois de auto-de-fé. Um deles foi o advogado judaico Dr. Jorge da Silva. Durante o reinado do D. José I ( 1850 -1877) Sebastião Carvalho e Melo foi ministro plenipotenciário na corte de Viena, mais tarde Marques de Pombal e primeiro ministro de Portugal. Iniciado em 1744 numa loja em Londres pelo Grão-Mestre inglês Frederico de Gales, assistiu repetidas vezes às reuniões da loja "Para os três canhões" em Viena. As reformas progressivas (criando novos ramos de indústria e portos, um sistema de canalização grandiosa, uma constituição liberal, um edito de tolerância, a eliminação da inquisição, da tortura e das classes privilegiadas) foram uma bênção sob todos os aspectos para o paupérrimo país, próximo da banca rota, e culturalmente arruinado. Pombal protegeu a reanimação da maçonaria. Em Portugal e nas colónias surgiram lojas que fundaram grandes bibliotecas e importantes serviços de assistência social para a população. Durante o trabalho de salvamento por ocasião do terramoto lisboeta em 1755 os maçons mereceram o agradecimento da nação pela sua assistência abnegada.
A subida ao trono em 1777 da rainha clerical Maria I, que colaborou de novo com os fidalgos e o clero e chamou os jesuítas expulsos em 1769, punha cobro à obra do Pombal. A rainha renovou a lei anti-maçónica do seu avô. Muitos irmãos eminentes tiveram que fugir. Em 1788 teve lugar outro auto-de-fé. A revolução francesa foi mais um motivo para conflitos violentos. O governador de Madeira teve, em 1792, ordem para deter todos os maçons na ilha. Avisados pela mulher dele, conseguiram que o capitão dum navio inglês, Walter Ferguson, aceitasse transportar 64 irmãos, com suas famílias, no seu navio com dois conveses "Good Hope" de Funchal para América. Na barra no porto de Nova Iorque uma das velas ostentou símbolos maçónicos e as palavras "Asylum querimos". Em consequência disso a Grande Loja da Pensilvania convidou os refugiados para Filadélfia. Uma fragata da frota da União levou os mártires para Delaware River. Washington saudou-os em nome dos Estados Unidos e declarou-os como cidadãos americanos.
Em Portugal formaram-se, apesar de todas as perseguições, mais lojas. Durante longo espaço reuniram-se nos navios ancorados nos portos portugueses. Famosa foi a fragata "Fenix". Um navio de posto inglês onde tiveram lugar reuniões todas as sextas-feiras. Participaram capitães dos navios ingleses, oficiais ingleses e portugueses e monarquistas refugiadas de França. Às vezes estavam 140 irmãos presentes na "Loja da marinha real Fénix". Esta loja foi a loja mãe da loja maçónica lisboeta "Regeneração" donde resultaram mais cinco lojas maçónicas. A coesão dentro das lojas singulares em Lisboa, Coimbra, Porto, etc., foi assegurado por um grupo de seis pessoas "A comissão do expediente". 0 governo requereu em vão ao ministro plenipotenciário inglês, Sir John Partridge que mandasse regressar o navio de posto a Inglaterra. Mais severo foi o chefe da polícia, o Intendente Pina Manique. Num memorando dirigido ao príncipe regente D. João, filho da rainha que sofria de demência espiritual, declarou que um espião da policia, sob juramento, viu por um buraco que aquela "canalha amaldiçoada" pisara uma gravura do Salvador e que o crucificado derramou sangue sob suspiros lastimáveis. Mais uma vez os maçons foram postos sob pena de morte. Muitos maçons desapareceram nos cárceres para sempre. A despeito disso existiram numerosos exemplos de confissões de fidelidade heróica. Em 1798, 200 maçons juraram aceitar torturas terríveis antes de renunciar à arte real. As diferenças que existiram entre os maçons lisboetas e portuenses foram apaziguadas solenemente em 1802 numa reunião com 200 participantes dirigida por Abbé Monteiro no palácio de Gomes Freire d'Andrade. Cerca de 1802 estabelece-se a primeira Grande Loja. Um conselheiro do supremo tribunal, Sebastião Sampaio Castro, foi eleito o primeiro Grão-Mestre de Portugal. Don Hipólito José da Costa viajou para Inglaterra para concluir um pacto de amizade com a Grande Loja da Inglaterra. Este pacto foi celebrado. As perseguições pioraram.
As tropas franceses que em 1807 entraram em Portugal, comandadas pelo general Junot encontraram nove esqueletos atados de homens aparentemente maçons num calabouço subterrâneo. A época dos franceses mostrou-se primeiramente favorável para a maçonaria, mas em 1808 a Grande Loja teve problemas por motivos nacionalistas, porque ter sido forçada a pendurar em todos os templos maçónicos o imagem de Napoleão e por não condescender com o desejo do General Junot em aceitar um Grão-Mestre da sua graça. Sampaio foi reeleito em 1808. Mais duas vezes os franceses regressaram (uma vez sob Soult e depois sob Massena) ambos as vezes a actividade maçónica renasceu e de cada vez surgiu depois o antagonismo e até a luta. Em 1809 um desfile publico dos maçons das forças armadas inglesas com bandeiras e emblemas despertou de novo a atenção da inquisição. Nos anos seguintes foram deportados para os Açores 30 maçons da capital.
Entretanto a Grande Loja liderada desde 1809 por Fernando Romão d'Ataíde Freire continuou a trabalhar em segredo no mosteiro São Vicente de Fora com 13 lojas, das quais foram membros muitos oficiais e funcionários públicos liberais. O seu sucessor, o General Gomes Freire d'Andrade, um oficial e grande simpatizante da causa nacional, foi, depois de ser denunciado, enforcado em 1817 por ordem do então comandante em Portugal, o brigadeiro inglês Beresford, com onze irmãos que como o Grão-Mestre não se submeteram ao domínio estrangeiro, sendo partidários da monarquia constitucional e defensores da mudança. Um dia antes da execução um coronel inglês visitou o Grão-Mestre na cadeia e ofereceu-lhe como irmão a oportunidade para a fuga. Gomes recusou a oportunidade. Em 1853 foi erguido um monumento no sitio onde morreu.
Em 1818 D. João VI do Brasil declarou por sua vez a actividade maçónica um crime punido com a pena de morte. Durante os três anos da monarquia constitucional reinou mais uma vez a liberdade. O conselheiro do estado, Isão da Cunha Souto Mayor, actuou como Grão-Mestre. Depois da contra-revolução de 1823 apareceu logo a seguir um édito novo do D. João VI que condenava a actividade maçónica com o exílio de cinco anos em Africa. No ano seguinte o usurpador Dom Miguel de Bragança decretou uma portaria que acabou com as palavras "Viva o rei, Viva a religião católica-romana. Morte e ruína á raça malvada dos maçons". Uma pastoral do cardeal Sousa, arcebispo de Lisboa, foi motivo para o assassínio, pela plebe, de 17 maçons estando entre eles o Marques de Loulé. " Deve ser derramado em massa o sangue dos portugueses como antigamente o sangue dos judeus porque o infante jurou não embainhar a espada antes de resolver a situação com os maçons. Estou sequioso de banhar as minhas mãos de sangue", pregou o padre João Moriano. Seguindo a ordem do Grão-Mestre as lojas foram fechadas. Nesse período a actividade ficou limitada à Ilha Terceira . Mas quando depois da capitulação de D. Miguel em 1834, a jovem rainha legítima, Maria II, tomou o leme, a maçonaria espalhou-se novamente. lnfelizmente estabeleceu-se no seio dos maçons, que regressaram depois de longa emigração, várias interpretações e ritos, e também conforme a índole portuguesa defenderam com energia linhas políticas diferentes nas suas lojas. Existiam muitas divergências de opiniões. Por conseguinte não nasceu então uma maçonaria homogénea.
Durante um período existiram quatro Grandes-Lojas / Grandes Orientes e também uma Loja Provincial Irlandêsa que trabalharam com rituais inglês, escocês, irlandês e francês. Durante um século foram fundadas lojas, foram fundidas outras entre si, para mais tarde se separarem ou até se extinguirem.
(traduzido da Enciclopédia Internacional de Maçonaria por um M:. M:. da R:. L:. Alengarbe).
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Rito da Floresta
Postado Segunda-feira, Abril 02, 2007 as 3:21 PM pelo B:.Pr:. Mazzini
"E o Senhor Deus fez brotar da terra toda qualidade de árvores agradáveis à vista e boas para comida, bem como a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal". (GÊNESIS 2.9)
A madeira é o símbolo do inicio da vida, de uma árvore Eva colheu a maçã e por isso desceu do paraíso para colonizar a terra, a relação entre a madeira e o homem é antiga, escrita em várias passagens do velho testamento, de madeira de acácia foi construída a Arca da Aliança que serviu de depósito para as tábuas da lei, desde os primórdios da raça humana a madeira teve um papel essencial para a sobrevivência do homem, como instrumento de moradia deu abrigo ao corpo e alimento ao espírito, serviu de lenha a fogueira e de telhado.
Ao confrontarmos esta realidade percebemos dois lados distintos de um mesmo material, o lado da vida e o lado da morte, ao lado da vida a madeira é o instrumento que impulsionou o progresso da humanidade, servindo de templo a deus e de refúgio aos homens. Ao lado da morte, confrontamos a morte da madeira onde ela incendeia e vira cinzas sacrificando assim o seu corpo para nos alimentar com o calor produzido pela sua queima, na verdade ela apenas sofre uma metamorfose, transformando a sua forma, mas mantendo o seu espírito, pois uma vez queimada ela vira cinzas e volta para a terra de encontro ao seu criador de onde um dia brotou.
"...Porque há esperança para a árvore, que, se for cortada, ainda torne a brotar, e que não cessem os seus renovos..." (JÓ 14.7)
Ao lançar uma semente ao solo o homem espera o nascer de uma planta e enxerga apenas mais uma árvore ao longo do campo, mas nós não somos apenas homens meus caros Primos Fendedores, nós somos iniciados nos mistérios da natureza e vimos à luz do mundo proveniente do Grande Arquiteto do Universo, para nós o sentido da semente deve ser mais amplo, pois podemos nos comparar a uma semente lançada ao solo, ao semear o solo em uma mesma cova, várias sementes são lançadas com a esperança que uma delas nasça e vire uma bela árvore, não muito diferente do nosso inicio da vida onde dentro do útero milhares de espermatozóides nadam ao atingir o óvulo a ser fecundado, a árvore ao ser germinada recebe o sopro da vida assim como nós ao sermos criados recebemos nossa alma e o sopro do GADU que nos ilumina e nos cede um pouco da sua luz para que caminhemos sobre a terra, o crescer de uma planta se assemelha ao nosso crescimento onde temos que lutar para sobreviver a cada dia, ambos precisamos de água e tememos sucumbir durante a vida, ambos fazemos grandes esforços para que os nossos frutos sejam férteis e úteis e que maior satisfação para nós do que saber que os nossos frutos alimentaram alguém e o fizeram crescer e se tornar feliz, todos nós lutamos a cada dia para subir mais um degrau na escada de Jacó assim como a árvore traça o seu caminho vertical, na velhice nos contentamos em fazer uma boa sombra para os que estiverem a nossa volta e ao deixar este mundo partimos felizes por ter deixado um legado de felicidade onde muitos se lembraram de nós pelos frutos que deixamos ou por nossa majestosa presença.
"...O fruto do justo é árvore de vida; e o que ganha almas sábio é..." (PROVÉRBIOS 11.30)
A potencia natural da árvore e da madeira está descrita através dos tempos, serviu de cruz para Jesus, de combustível para a fogueira onde aqueceu muitos povos, mas também consumiu muita carne, como na dualidade da vida o homem também pode percorrer dois caminhos o da madeira usada para construir e aquecer e aquele usado para destruir, assim como a dualidade da vida a árvore que já viu enforcarem muitos em seus galhos serviu de casa e lar.
"... Inseparável do fogo, portanto da luz, a sombra. A sombra da árvore que, gira em torno de si forneceu o primeiro relógio solar, o primeiro quadrante solar...".
O bastão é de fato o princípio das ferramentas de trabalho é a mola impulsionadora da arte do trabalho serviu como primeiro elemento de manejo, originado a partir deste as ferramentas que seriam usadas no manejo da madeira e mais tarde da pedra, serviu também de símbolo de poder.
O Ritual da Floresta teve seu surgimento associado às confrarias de fendedores (lenhadores), que dedicavam a vida ao culto da madeira e a alquimia que consistia na transformação da matéria viva em objetos de serventia ao homem. A sua técnica e a transmissão de seus segredos de ofício foram incorporados aos rituais que permitiam que o bom fendedor realizasse o trabalho com maestria e seguindo as leis naturais.
Com o Ritual da Floresta os fendedores buscavam o seu caminho até Deus usando como base de ensinamento as suas técnicas copiadas do seio da floresta e assim associadas à presença do criador, extraindo o caminho moral a partir de seus instrumentos de ofício.
Este rito era praticado nas grandes florestas da França, Suíça, Noruega, Alemanha e Áustria, o ritual tem sua fonte provável nos Carpinteiros anteriores, os mais antigos, com grande influência cristã, sendo essencial a todos os carpinteiros de todas as especialidades e os Bons Primos Fendedores.
A natureza nos traduziu grande parte de nossos rituais e da nossa cultura ela ensina o modo de ser e de agir, podemos colher dentro de uma floresta milhares de ensinamentos ao observarmos um único ramo de um galho, como disse Hermes o Trimegisto "tudo que está em cima, está em baixo" ou seja, a terra é um espelho do céu e os ensinamentos de Deus podem ser notados ao observarmos a harmonia de uma floresta. No seio da floresta muitos ritos e rituais nasceram os chamados pagãos tentavam encontrar Deus através da natureza e muitos por isso foram condenados por praticas de bruxaria, porem muitos foram respeitados e hoje sabemos que foram percussores da atual maçonaria, os Druidas, por exemplo, eram magos da virtude e os seus rituais aconteciam dentro das florestas associando o homem ao poder da natureza e construindo assim o saber básico da formação da vida.
P. - Quantas madeiras um irmão deve conhecer?
R. - Quatro.
P. - Quais são elas?
R - O carvalho, o ulmeiro, a espinheira e o cedro.
P. - Dê-me uma explicação.
R. - O ulmeiro é a madeira que serviu para fazer o ataúde de nosso senhor, o carvalho a cruz onde ele expirou, a espinheira a coroa que lhe foi colocada o cedro onde Judas se enforcou.
Muito antes dos pedreiros livres terem surgido, os madeireiros livres já existiam, as confrarias de madeira são muito anteriores as de pedra, muitos dos rituais hoje existentes foram extraídos destas confrarias que já existiam há séculos, Hiran Abiff ao ser convidado a participar da construção do tempo de Salomão já trouxe consigo todo o conhecimento necessário para trabalhar na madeira, pois seu pai prevendo que o filho seria um grande mestre construtor e necessitaria deste conhecimento já o havia introduzido na confraria dos "Bons Primos Fendedores" onde este aprendeu e desenvolveu a sua técnica de construção, trabalhando nas florestas do Líbano tanto na sua confraria como em obras de destaque, razão pela qual sua fama cresceu e seu nome foi especialmente escolhido por Hiram Rei de Tiro para tomar parte nos trabalhos de construção no Templo de Jerusalém.
"...A natureza é um Templo onde pilares vivos às vezes deixam escapar confusas palavras, o homem passa por florestas de símbolos que observam com olhares familiares..."
João disse: (O Senhor) "Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento... ...E já está posto o machado á raiz das árvores; toda árvore, pois que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo... ...Eu, na verdade, vos batizo em água, na base do arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, que nem sou digno de levar-lhe as alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo, e em fogo... ... ele queimará a palha em fogo inextinguível." (Mateus 3.8, 3.10, 3.11 e 3.12)
"...Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor... ...Porque é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto..." (JEREMIAS 17.7 e 17.8)
"...No monte alto de Israel o plantarei; e produzirá ramos, e dará fruto, e se fará um cedro excelente. Habitarão debaixo dele aves de toda a sorte; à sombra dos seus ramos habitarão... ...Assim saberão todas as árvores do campo que eu, o Senhor, abati a árvore alta, elevei a árvore baixa, sequei a árvore verde, e fiz reverdecer a árvore seca; eu, o Senhor, o disse, e o farei..." (EZEQUIEL 17.23 e 17.24)
Como vimos à madeira a árvore e a vida estão intimamente ligadas o elo fundamental que transmite a força entre os seres, o raio de luz vindo do supremo árbitro dos mundos é uno e estável e age de forma a transmutar a matéria inerte em força de vida, ela une o homem à natureza e cria laços inseparáveis numa relação de harmonia com a base da vida. Estas poucas palavras apenas serviram para que os Primos possam ter uma idéia dos Sagrados Rituais das Florestas, e de sua relação com o homem e com a maçonaria. A verdade é um pelicano de asas abertas à espera do abraço acolhedor da busca do conhecimento, este texto não encerra o assunto nem é absoluto em pensamento, ele apenas abre as portas do conhecimento para que cada um possa iniciar a sua busca pelo conhecimento gravado no seio da natureza.
"Aquele que escuta a voz do vento e se cala diante do carvalho, ganha a sabedoria das coisas que inertes transmitem mais palavras do que um orador eufórico"
BIBLIOGRAFIA
Os Sagrados Rituais Maçônicos das Florestas, Príncipe Asklépius D'Sparta. Ed Madras, São Paulo, 1998.
Biblia Sagrada
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A Carbonária em Portugual
Postado Quinta-feira, Março 22, 2007 as 8:40 PM pelo B:.Pr:. Mazzini
INTRODUÇÃO
Abordar este tema é uma tarefa complicada, difícil, resultante da escassez de documentos, fruto natural de uma sociedade secreta. Porém, a sua acção deixou marcas profundas na sociedade portuguesa, se atentarmos sobretudo, que a Implantação da República foi fruto da Carbonária, e como em tudo na vida, a causas seguem-se consequências... Muita gente confunde Maçonaria com Carbonária, ou pelo menos, associa uma destas sociedades à outra. No entanto esta associação não se aparenta assim tão linear e muito menos a Carbonária funcionou como o braço armado da Maçonaria como se tem escrito e falado. Embora não fossem carbonários todos os maçons, a Carbonária foi muitas vezes uma associação paralela da Maçonaria. Introduzida em Portugal entre 1822 e 1823, manifestou a sua dinâmica social e política quando do Ultimato inglês em 1890 e de sobremaneira quando do desaire da revolta republicana de 1891 e posteriormente em 1908 quando no Porto foi abortada outra revolta. O inicio da sua actividade em Portugal, prende-se, sem dúvida, com antecedentes próximos, com o estado de governação despótica exercida pelo marechal britânico Beresford, que colocou a nação a ferro e fogo durante mais de uma década. É bom recordar, que entre as suas vítimas se encontrou o marechal Gomes Freire de Andrade, Grão Mestre da Maçonaria Portuguesa, enforcado no Forte de S. Julião da Barra, junto com outros companheiros, acusados de conspiração com a sua governação. Efectivamente, desde 1808, data em que por via das invasões francesas a corte procurou refúgio no Brasil, o País passou a colónia brasileira. Porém, a verdade, é que após a ajuda dos exércitos britânicos para a expulsão das tropas napoleónicas, Portugal passou a ser governado pela Inglaterra. Para parte do povo, vivia-se em estado de orfandade - os soberanos, "os paizinhos" estavam longe... - para outra enorme fatia da população, a monarquia portuguesa encontrava-se desacreditada. A Carbonária funcionava como uma organização secreta com objectivos políticos e tinha por defesa fundamental, a liberdade pública e a perfeição humana. Era declaradamente anticlerical e adversária das congregações religiosas, o que não significa que os seus membros fossem ateus. Estes homens, procediam maioritariamente das classes baixas, havia no entanto no seu seio, elementos das classes média e alta. Todos eles recebiam treino militar e defendiam o recurso às armas. A sua extinção surgirá na sequência das divisões verificadas no interior do Partido Republica Português e do triunfo da revolução do 28 de Maio de 1926 que pôs fim à 1ª República.
ORIGENS DA CARBONÁRIA EM PORTUGAL
A Carbonária italiana serviu de figurino à Carbonária Portuguesa. Efectivamente foi em Itália que nasceu a Maçonaria Florestal ou Carbonária, onde a primeira foi recolher os seus princípios. Segundo alguns autores, esta associação secreta remonta ao século XIII, época em que apareceram em Itália os primeiros carbonários, ligando-se à continuação das lutas que se haviam travado na Alemanha entre os Guelfos, partidários do Papa e os Gibelinos, partidários do imperador. Aqueles não queriam a interferência de estrangeiros nos destinos de Itália; estes, defendiam o poder do império germânico. A luta durou até ao século XV. Os Guelfos reuniam no interior das florestas, nas choças dos carvoeiros, daí a designação de carbonários. No entanto, outros autores referem a origem desta sociedade secreta em épocas mais recentes. A verdade, é que foi em Itália sem dúvida, que a Carbonária ganhou contornos, o rosto de que ouvimos falar, consubstanciada com o aparecimento da "Jovem Itália" de Mazzini, fundada em 1831 em Marselha. No entanto, apesar dos esforços de Garibaldi, Cavour e Mazzini, a Carbonária não conseguiu proclamar a República, porém, dois enormes trunfos foram alcançados: a unificação da Itália e a abolição do poder temporal do Papa. Em Portugal, Fernandes Tomás, José Ferreira Borges, Borges Carneiro e Silva Carvalho entre outros, fundaram em 1818 uma sociedade secreta (uma pequena Carbonária) a que chamaram Sinédrio, que preparou e fez eclodir a revolução liberal de 1820. Em 1828, um reduzido número de estudantes da Universidade de Coimbra organizou um núcleo secreto, de cariz carbonária, com o título de "Sociedade dos Divodignos", com a finalidade de combater a monarquia absoluta de D. Miguel. Denunciados por lentes dessa Universidade, perseguidos pelo rei caceteiro, a maioria acabou tristemente na forca, outros emigrados. Um destes, foi encontrado no Algarve, completamente miserável, transfigurado, exercendo a profissão de caldeireiro ambulante, não se sabendo dele o nome nem o seu fim. O presidente desta sociedade era um sextanista da faculdade de Direito, que emigrado na Bélgica por lá faleceu. Chamava-se: Francisco Cesário Rodrigues Moacho. Em 29 de Maio de 1848, fundou-se em Coimbra a Carbonária Lusitana. Foi seu "patrono" António de Jesus Maria da Costa, um padre anti-jesuíta, de nome simbólico Ganganelli. Abrindo as portas e fechando, encerrou-as por longo tempo em 1864. Por volta de 1850-1851, teve sede em Lisboa uma Carbonária com o nome de "Portuguesa", dividida em secções chamadas choças, ou "lojas-carbonárias". Esta carbonária foi de curta duração. Pela Segunda metade do século XIX, surge em Portugal a Maçonaria Académica, que se irá transformar em Carbonária. As Lojas Independência, Justiça, Pátria e Futuro passaram a Choças, sendo os seus membros divididos em grupos de vinte. Cada um desses grupos ou choças adoptou um nome diferente. Foram assim criadas vinte choças, presididas por uma Alta Venda provisória. Em breve, esta Carbonária foi integrada por elementos populares que foram sendo iniciados na antiga rua de S. Roque, 117, último andar, em Lisboa, sede provisória da Carbonária Portuguesa. A primeira Choça popular teve o nome República, seguindo-se a Marselhesa, Companheiros da Independência, Mocidade Operária e Amigos da Verdade entre outras. As diferentes secções da Carbonária tinham as seguintes denominações: Choças, Barracas, Vendas e Alta Venda.. Os Bons Primos, que pertenciam às Choças, possuíam os graus primeiro e segundo (Rachadores e Carvoeiros) e eram presididos por um carbonário decorado com o terceiro grau; Mestre. Às Barracas e Vendas só pertenciam os Mestres, presidentes dum certo número de Choças ou Barracas. Na verdade, tanto a Carbonária Lusitana (antiga e moderna) como a Carbonária Portuguesa, foram geradas no seio dos estudantes universitários. Na Carbonária encontravam-se Primos de todas as classes sociais: médicos, engenheiros, advogados, professores de todos os ramos de ensino, estudantes, oficiais e sargentos das forças armadas, funcionários públicos, proprietários, lavradores, administradores de concelho, actores, lojistas, comerciantes, polícias, operários, etc.. Havia de tudo, de Norte a Sul do País. No Algarve, os núcleos mais importantes encontravam-se em Silves, Faro e Olhão. O seu rosto visível - embora o não fosse aos olhos de profanos - eram os centros republicanos. Havendo já bastantes Mestres, fundou-se a Venda Jovem Portugal. A Loja maçónica Montanha, fundada por Bons Primos, foi o veículo da Carbonária dentro da Maçonaria. Outras Lojas maçónicas com o mesmo cariz se lhe seguiram.
A ORGANIZAÇÃO CARBONÁRIA
Os carbonários ou bons primos, tratavam-se por tu e davam-se a conhecer por meio de sinais de ordem, senhas, contra-senhas, apertos de mão e cumprimentos especiais com o chapéu. Usavam distintivos e possuíam armas de fogo para a sua defesa. - Os rachadores e os carvoeiros usavam uma folha de carvalho na lapela. - Os mestres, cintos com as cores do seu grau em aspa, e punhal. - Os mestres sublimes usavam além do cinto, um colar de moiré e com as cores carbonárias do último grau, tendo pendente um pedaço de carvão cortado em aspa. - O símbolo solar com 32 raios, era o distintivo superior da Ordem, sendo unicamente usado nas várias sessões magnas pelo Grão-Mestre. - A estrela de cinco pontas representava o Bom Primo.
A ESTRUTURA DA CARBONÁRIA
Só o Grão-Mestre Sublime e a Alta Venda conheciam toda a organização sem desta serem conhecidos, o que garantia o secretismo desta organização, reforçado pela rígida hierarquia e pelo ritual iniciático que contemplava o uso de balandraus e de capuzes, caveiras, tíbias, etc.. Desde a sua criação até ao seu fim, a Carbonária Portuguesa teve oito Alta Venda, tendo sido seu Grão-Mestre em todas elas, Luz de Almeida. De todas a mais importante foi a Sexta, pois foram os seus elementos que participaram decisivamente no 5 de Outubro de 1910, na ausência de Luz de Almeida, então exilado em França.
A INICIAÇÃO
As iniciações faziam-se nalguns Centros Republicanos - onde, aliás, se encontrava grande parte dos Bons Primos carbonários - mas de preferência em escritórios e casas particulares, quando temporariamente desabitadas, ou ainda, em armazéns, caves e até em cemitérios a altas horas da noite. Os que presidiam às iniciações vestiam-se de balandrau com orifícios no capuz. O venerável carbonário que presidia era assistido pelos seguintes Bons Primos: primeiro secretário (primo Olmo); o segundo secretário (primo Carvalho); o primeiro vogal (primo Choupo) e o 2º vogal (guarda externo). Era a este último que incumbia o secretismo das sessões, alertando ao mínimo movimento suspeito nas imediações. O neófito era vendado à entrada pelo bom primo Choupo, depois do interrogatório e após o juramento, se era aceite, assinava então o seu compromisso de honra, muitas vezes com o próprio sangue, como se segue: "Juro pela minha honra de cidadão livre guardar absoluto segredo dos fins e existência desta sociedade, derramar o meu sangue pela regeneração da Pátria, obedecer aos meus superiores e que os machados dos rachadores de cada canteiro se ergam contra mim se faltar a este solene juramento". Quanto ao bom primo Carvalho, lia os estatutos, em que referia que: "...os associados deviam obedecer cegamente às ordens que lhes fossem dadas; guardar segredo tão absoluto que nem às próprias famílias podiam revelar tudo quanto se passasse nas assembleias; que deviam ser astuciosos, perseverantes, intrépidos, corajosos, solidários, destemidos e valentes...".
CONCLUSÃO
A Carbonária foi uma sociedade secreta, política, organizada de modo a poder admitir elementos de todas as classes sociais, desde as mais elevadas às mais baixas. Diferia substancialmente da Maçonaria, esta mais tolerante em política e religião, e de carácter burguês. Sem dúvida que a Carbonária Lusitana e a Maçonaria divergiam substancialmente. Nem todos os Bons Primos eram maçons. A mais importante Loja maçónica que fazia a ponte para a Carbonária era a Loja Montanha. Aliás, esta Loja era uma irradiação da Carbonária, tendo chegado a estar fora da obediência do Grande Oriente. Embora tivesse favorecido e patrocinado a Revolução Republicana, a Maçonaria não foi a sua alavanca, mas sim a Carbonária. O baluarte da Revolução encontrava-se implantado na zona ribeirinha de Lisboa, muito embora abarcasse todo o País, num total de mais de 40 000 membros. Com a revolução triunfante, a Carbonária dissolve-se em bandos e clientelas políticas, sobretudo na busca de empregos, desfazendo-se assim, o espírito igualitário e fraterno cimentado por anos de luta.
Emmanuel
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Uma Escolha Ministerial Extremamente Grave! Dzerzhinski, Beria, Himmler, Heydrich, Heinrich Muller, Tarso Genro.
Postado Quinta-feira, Março 22, 2007 as 8:39 PM pelo B:.Pr:. Guiseppe 33
01. Hindenburg e as demais forças políticas alemãs convergentes se dobraram ao partido nacional socialista -nazi- e aceitaram uma coalizão majoritária com Hitler como chanceler (primeiro ministro).
30 de janeiro de 1933, jurou perante o Reichstag.
A composição do governo surpreendeu a seus aliados. Hitler não quis saber do ministério da economia, nem das forças armadas naquele momento. Queria o controle da Polícia. A partir desta foi controlando o próprio Estado por dentro, investigando, reprimindo e eliminando seus opositores. Construiu a Geheime Staatspolizei -conhecida resumidamente como Gestapo- sua polícia secreta, sem farda, que atuou com o poder de uma força armada paralela, sem limites.
Inicialmente dirigida por Himmler, e em seguida por Heydrich a partir de1936 e por Muller em 1939, impôs o terror de Estado a seus adversáriospolíticos e aos que perseguia, usando a eliminação física como penalidadebanal.
02. Uma vez no poder a fins de 1917 os bolcheviques organizaram o exército vermelho sob o comando de Trotsky. Para isso chamaram de volta vários oficiais do exército do Czar, especialistas em organização militar. Mas a Polícia deveria ser uma força pura composta exclusivamente de militantes comunistas treinados e automaticamente leais às ordens recebidas. Assim foi criada a Cheka -comissariado extraordinário para o combate à contra-revolução e a sabotagem. Foi sucedida pela GPU -administração política do Estado- e pela KGB que aos moldes da Gestapo e sob o comando de Beria, impôs o terror de Estado e a eliminação física de seus adversários dentro e fora do partido, na lógica estalinista.
03. Para construir e dirigir a Cheka foi chamado Félix Edmundovich Dzerzhinski, polonês de nascimento membro do partido na Lituânia e um dos fundadores do Partido na Polônia em 1900 e que foi transferido ao Partido Bolchevique em 1917, assim que foi solto de uma condenação a prisão de cinco anos. Lenin se referia a Dzerzhisnki como "herói, revolucionário profissional comunista e destacada personalidade do Partido Comunista e do Estado Soviético". Sua importância pode ser medida pela recente inauguração de seu busto por Putin em novembro de 2005.
04. A entrega por Lula da Polícia Federal a um militante partidário como Tarso Genro é fato de extrema gravidade. Será entregar os arquivos, as investigações e a ação da Polícia Federal a um militante político-ideológico que não terá limites para levar as informações para o setor de inteligência do PT, que ficou a descoberto nas eleições de 2006.
Que não terá limites em direcionar as operações da Polícia Federal no sentido de seus adversários políticos. Que assombrará as empresas com essa possibilidade tornando os pedidos de financiamento do Partido como ordens implícitas. Que entrará inevitavelmente na vida privada de seus adversários através dos grampos -ditos autorizados. Que trará os meios de comunicação sob o risco de suas operações.
05. Essa decisão equivale potencialmente ao que ocorreu na Alemanha Nazi e na Rússia Bolchevique. Será transformar a Polícia Federal -de fato- num braço da Gestapo, da KGB petista. Nunca em tempos democráticos os governos brasileiros ousaram tanto. Nunca na história política do Brasil em tempos de democracia -desde o Império- se designa para chefiar o ministério da justiça e portanto a Polícia, um militante partidário ideológico.
A vocação autoritária de Lula-PT crescentemente nítida se torna agora transparente e translúcida. Que os partidos políticos e os lideres sociais, sindicais e empresariais que não rezam na cartilha petista se cuidem, pois vem aí a Cheka brasileira. Tarso Genro: Lenin, Coração e Mente! Não se trata de crítica, mas de uma publicação sua. Quem viver, verá!
06. A tempo! Entre 14/11/2001 e 3/4/2002 um antigo militante no partido do governo ocupou o ministério da justiça. Foi o suficiente para uma central de grampos cercar a candidata a presidente que se igualava nas pesquisas a Lula. Um dinheiro caixa 2 foi localizado e a candidatura dela desmontada.
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Bolívar e Barreiro
Postado Sexta-feira, Janeiro 12, 2007 as 8:29 PM pelo B:.Pr:. Mazzini
Primeiro Maçons e Depois Guerreiros
A data 7 de agosto se comemora mais uma vez a batalha de Boyacá, ação que selou a independência de Colômbia do reino espanhol e que constituiu o ultimo ato de um cenário muito antes de 1717, quando a Maçonaria foi estabelecida na Inglaterra com o nome de “Grand Lodge of England”".
Rapidamente o pensamento maçônico que prega “Todos os homens são iguais, livres e capazes de alcançar a virtude [...] argumentando que a única escravidão é a ignorância e a verdadeira liberdade, o saber”, prontamente se difundiu pela Europa e nas Américas anglo saxonas para inspirar a luta de muitas instituições e dos homens que a conformavam. Foi assim como em 1786 Thomas Jefferson escreveu o famoso texto na Declaração da Independência e três anos mais tarde, a maçonaria francesa outorgava diretrizes ao movimento revolucionário, apoiando a luta contra o feudalismo e respaldo a implementação aos “Direitos do Homem”, proclamados em agosto de 1789, ato que permitiu segurar a instauração de um governo democrático. Em 29 de agosto de 1793 foi declarada a abolição da escravidão.
A maçonaria nas Antilhas pode-se afirmar que o movimento de independência americano teve a sua origem nas ilhas Antilhanas com a criação, em 1739, de uma loja maçônica em Kingston, Jamaica. Em 1742 fundou-se outra em Port Royal, dada a importância de esta praza com o porto naval, que servia como centro principal de operações para coroa espanhola.
Já em 1806 – escreve Américo Carnicelli – “Se encontraram baixo a jurisdição da Grande Loja da Jamaica dezenove loja das quais algumas ainda subsistem. Na ilha de Jamaica foi um grande centro maçônico para as Américas onde participavam todos os latino-americanos oriundos de diferentes colônias espanholas [...]”.
Muitos homens da Nova Granada, Venezuela, Equador, Chile, Centro América e México, e pelos acontecimentos políticos ocorrendo na Europa e por influencia e efeitos da revolução francesa, desejavam a independência das colônias da América da Coroa Espanhola.
Os membros das lojas patrióticas do general Miranda tinham um especial interesse em controlar a chegada ao porto de Cadiz, entrada principal, e as cidades de Madrid e de Londres de onde os indivíduos procediam das colônias hispano-americanas, com o fim de estudar e atraí-los para a causa da emancipação americana, tornando-os membros das lojas “mirandistas”, das quais tinham como objetivo realizar a independência das colônias espanholas. Nestas lojas se afiliaram uma grande casta dos nossos lideres: Antonio Nariño, o Precursor; Francisco de Paula Santander, José Maria García de Toledo, Juan Salvador de Narváez, José Fernández Madrid, Antonio Morales e Galaviz, Manuel Rodríguez Torices, José Ignacio París, Francisco Javier de Uricoechea, Domingo Caycedo, Francisco Montoya, Pedro Acevedo, Vicente Azuero, Florentino González, entre outros. O influxo de esta “corrente”, também atraiu aos capitães e soldados dos exércitos do Rei, como o coronel derrotado em Boyacá, José María Barreiro e Monjón.
Bolívar na Europa
Com seus 21 anos, Simon Bolívar se encontra em Paris e sua avidez de conhecimento chama atenção do sábio Humboldt, quem o convida a participar de reuniões secretas com científicos do calibre de Gay Lussac, Pierre Simon Laplace, George Cuvier e Louis Nicolas Vauquelin. Esta interação com tão eminentes membros da maçonaria permitiu a Bolívar ter uma opinião distinta do conhecimento pregado e implantado pelo clero.
Com seu mestre Simon Rodriguez, o mundo da política e a filosofia começam adquirir um ar renovador. Rodriguez influenciou na leitura de afamados filósofos e da política como: Voltaire, Montesquieu e Rousseau, cujos livros compartilham, discutiam e analisavam na luz dos acontecimentos do Novo Mundo.
Bolívar reflexiona, discute e medita com seu mestre a visão geopolítica de um sistema de governo distinto ao da monarquia que reinava na Europa: Os direitos dos humanos, os processos eleitorais a renovação constante dos quadros dos governos; a independência dos poderes: Executivo, legislativo, judicial, eleitoral moral; modelos de constituição, a liberdade de culto, a educação gratuita, reforma agrária, escravidão e os direitos dos homens; a autodeterminação dos povos, opressão espanhola; em fim todo um contexto revolucionário que mudaria a forma de pensar e atuar dos povos.
Para Bolívar foi surpreendente saber que Rousseau foi maçom, ao igual que seu compatriota Francisco de Miranda, quem teve uma trajetória impressionante nas revoluções mais importantes do século: francesa e americana. Miranda utilizou seus contatos na logia para organizar a fracassada invasão a Venezuela: Fruto de esta atividade foi a fundação em Londres da logia “Grande Reunião Americana”, onde cinco anos depois, Bolívar contato Miranda, logo que autarquia e o clero em Venezuela se revelo contra autoridade de Napoleão.
Ingresso na Ordem
Ávido de conhecimento que se abriria na frente dos seus olhos, Bolívar pede ao seu mestre o ingresso na Sociedade secreta, ante a restrição que impõem a ordem, na qual só podiam ingressar intelectuais levados por outros maçons. Assim ambos chegam na logia de Saint Alexandre D´Escocês localizada em Paris, sendo apresentado pelo seu mestre Simon Rodriguez na sua condição de maçom. Já em logia e para sua surpresa, conheceu homens da altura de George Washington; Benjamín Franklin; José de San Martín; Ambrosio O'Higgins; Amadeus Mozart; Louis de Montesquieu; Napoleão Bonaparte; os filósofos da época: Denis Diderot, Friedrich Hegel, Johann Herder; Alcalá Galiano; entre outros personagens, assim como os filósofos gregos da antiga Alexandria, todos eles eram maçons praticantes e participavam nas Sociedades secretas, e muitas das suas obras e inventos, surgiram nas logias, como resultado de compartilhar idéias e conhecimento.
O Juramento
Em 7 de janeiro de 1806 Bolívar faz seu juramento ante os iniciadores da maçonaria, términos filosóficos que sugere "Arquiteto de uma Moral Universal e Construtor do Templo Espiritual Invisível":
“Juro por Deus e por São João, pelo Esquadro e o Compasso, me submeter ao julgamento de todos, trabalhar ao serviço do meu Mestre na honorável logia, de segunda pela manhã aos sábados, e guardar as chaves, baixo a pena de que me seja arrancada a língua e de ser enterrado baixo as ondas, lá onde nenhum homem o sabra”.
Na Ata
Com a assinatura de Bolívar, a logia Saint Alexandre D'Escosse, de París, entregou a seguinte ata:
“A la gloria del Gran Arquitecto del Universo, y el undécimo mes Del año de la Gran Luz 5805, los trabajos de Compañero han sido abiertos al este por el Respetable Hermano de Latour d'Auvergne, alumbrando el oeste y el sur de los Respetables Hermanos Thory y Potu: La lectura de la última plancha trazada ha sido hecha y aprobada, el Venerable ha propuesto que se eleve al grado de Compañero al Hermano Bolívar nuevamente iniciado a causa de un próximo viaje que está a punto de emprender. El parecer de los hermanos habiendo sido unánime por su admisión y el escrutinio favorable, el Hermano Bolívar ha sido introducido en el Templo y después de las formalidades necesarias ha prestado a los pies del Trono la obligación usual, colocado entre los dos Vigilantes ha sido proclamado Caballero Compañero Masón de la Respetable Madre Logia Escocesa de San Alejandro de Escocia. Este trabajo ha sido coronado por un triple Huze y el Hermano, después de haber dado las gracias, ha ocupado su lugar a la cabeza de la Columna del Mediodía.”
Os trabalhos estão encerrados segundo o acostumado.
Na terceira oportunidade em que Bolívar viajou a Europa em 1810, visita a logia dos “Cavaleiros Racionais”, fundada por Francisco de Miranda em 1798, onde se discutia o destino das republicas americanas conforme o juramento anterior. Em Londres Bolívar recebe o Grau de Mestre Maçom na logia “LONDON” Nº 5 do Oriente da Inglaterra.
Bolívar regressa a Venezuela co uma visão distinta da historia e da religião que se conjugam em um ideal de Emancipação, como o prometeu naquele juramento que fez ante seu mestre, tendo com cenário o Coliseu Romano, os vestígios de um império que sucumbiu pela depredação e imoralidade, que com seus mesmos erros reinava a Espanha. Na Venezuela fundou conjuntamente com Miranda, a Logia "PROTETORES DAS VIRTUDES" No. 1 no Oriente de Barcelona, e “ORDEM e LIBERDADE” No. 2, que ainda existem em Caracas ““.
A historia de Bolívar e Barreiro
A seguinte historia, ocorreu em 1820 e foi narrada por Juan Mier Hoffman, e praticamente desconhecida para nós e esta descreve fielmente a convicção maçônica de Bolívar e da grandeza que este alcançou pelos seus membros de esta instituição quando atuam de acordo aos seus postulados.
“Ironicamente, Bogotá, a capital, esta no poder dos patriotas venezolanos, enquanto que Caracas, a outra capital, permanece no poder dos espanhóis. Bolívar esta imerso na frustração e na impotência de continuar a sua luta, suas poucas provisões só permitiram manter a poucos homens cobertos na selva, em um intento de proteger infrutuosamente na rota que podria conduzir a Morillo ate a capital da Nova Granada. Durante quatro meses, os exércitos de Bolívar se vigiam mutuamente, se observam,se analisam, mas não tentam nenhuma ação”.
“Curiosamente, Bolívar e Morillo nunca se haviam enfrentado, sem embargo, ambos se respeitavam e conhecem de suas proezas militares. Morillo, um herói da guerra contra Napoleão, era o oficial, mais destacado do exercito Espanhol. Sua missão? Submeter aos insurretos venezuelanos. Contava com o poder militar mais devastador que conheceu na América: soldados treinados para matar, as armas mais sofisticadas, os melhores cavalos, milhares de cabeças de gado e dinheiro em abundancia para alimentar sua tropa. Para Morillo, Bolívar era um guerrilheiro, cujas proezas militares ocupavam as primeiras páginas dos jornais europeus, e seus triunfos, galhardia e heroísmo, o tinham convertido no paládio da juventude. Mas o tempo conspirava contra os venezuelanos. Bolívar escreve a Santander: “Quase todos os soldados partiram para suas casas; as provisões de boca estão reduzidas; os homens estão cansados de comer banana: banana pela manhã, banana a tarde e banana a noite. Os doentes estão morrendo de fome. Nos vamos ter um conflito com o demônio”
“Presidente de duas nações, herói de mil batalhas, libertador dos povos e nem sequer conta com dinheiro para cobrir suas necessidades. Em uma correspondência fechada em 20 de Mio de 1820, se evidencia o desespero do Libertador quando escreve: “Meu cabo primeiro ganhou uns reais ao padre de São Ceyetano, e com este nos esta mantendo, Já não temos onde cair morto:Tudo esta se acabando e já nos morremos na miséria”.
O tempo passa e a inatividade consumia a intranqüilidade de Bolívar:”Dia a dia passo a pensar e a noite no sonho, nos fazemos castelos no ar, mesmo que ninguém seja melhor arquiteto do que eu”.
Mas quando tudo parecia perdido e a revolução parecia cair na derrota sem ter disparado um tiro, OCORRE O MILAGRE!!!
O Milagre
“Bolívar recebe uma boa noticia: Na Espanha os generais Rafael Del Riego y Antonio Quiroga encabeçam umas revoluções liberais, que obrigam ao Rei Fernando VII a jurar a Constituição de 1812, que abre uma democracia em esta nação e põe um freio ao absolutismo da monarquia Espanhola”. Esta nova realidade política suspende a expedição militar que estava disposta a reforçar o poderio militar de Espanha nas Américas ““.
“Este golpe de sorte para causa libertadora lhe permite a Bolívar ganhar o tempo necessário para re-organizar seus decadente exercito, No momento no chegariam os reforços solicitados pelos realistas. Morillo recebe instruções da Espanha:...” Se lhe ordena obter uma trégua com seus revoltados patriotas”, ao que Morillo respondeu energicamente “Estão loucos! Os que mandam na Espanha não conhecem quem manda neste país nem os inimigos nem as circunstancias, querem que passe por uma humilhação de negociar com o inimigo? Farei porque a minha a profissão é a subordinação e obediência”.
Decepcionado com esta nova realidade política do seu país e obrigado pelas circunstancias a negociar com seu maior inimigo, em 17 de junho de 1820, envia um Manifesto ao general Simon Bolívar, acordando a suspensão das hostilidades.
O Encontro
"Em 27 de novembro de 1820, Simón Bolívar e Pablo Morillo acordaram se reunir na aldeia de Santa Ana de Trujillo. Tudo há sido preparado para que este transcendental encontro, onde por primeira vez ambos olharam para suas caras. Morillo montado no seu cavalo de imponente estampa, esta rodeado pelo seu estado major e espera impacientemente, enquanto Bolívar não tinha um exercito para deslumbrar seu inimigo. Na distancia aparece Bolívar, sozinho e sem escoltas, chegando mais perto ele vem cavalgando uma humilde mula parda. Chega no momento crucial e com a reticência própria do nervosismo pela inimizade e o ódio alimentado em tantas batalhas, ambos generais estendem suas mãos para cumprimentar...”.
"Surpresa eles descobre que a pesar de estar em bandos opostos, ambos não só tinham em comum a indiscutível liderança para se conduzir na guerra, se não que também eram Irmãos maçons. Da forma em que seus dedos”. Polegares” se entrecruzaram, davam um claro sinal da Irmandade em que os obrigava a honrar a com fraternidade do ser humano por cima das paixões e para surpresa de todos os presentes, de imediato veio um forte abraço, como se em lugar de gladiadores que uma vez tingiram de sangue os campos de batalha, eram dois Irmãos de sangue que se reconciliaram logo de batalhar em bandos opostos.”
“O coronel realista Vicente Bausá descreveu o encontro: Morillo e Bolívar comeram juntos todo o dia e juraram uma fraternidade e filantropia interminável. A comida foi disposta pelo general Morillo e foi tão alegre e animado, que não parecia se não que eram antigos amigos. O general Morillo com toda sua sinceridade do seu coração chorou de prazer, brindou pela concórdia e uma fraternidade mutua. Todo foi em abraços e beijos. Os generais Morillo e Bolívar subiram em pé sobre a mesa a brindar pela paz e as valentes de ambos exércitos”.
“A Irmandade que a maçonaria prega e obriga tinha feito um milagre, com estes dois titães de guerra, Quem pensaria que ate ontem eram dois sanguinários combatentes dispostos a se matar e matar todo mundo? Bolívar e Morillo deram uma lição para historia, ao depor as paixões para honrar o Ser e a Irmandade que deve existir entre todo sos homens e mulheres de boa vontade. Por que quando se tem ideais e um coração nobre, não importam as diferenças descabeladas que pareçam, por que quando se atua de boa fé, se tem convicções e se acredita nos princípios, o homem cresce nas adversidades e da um sentido a sua existência. Ambos eram destacados cada um nas suas posições antagônicas; mas sem embargo encontraram um ponto de convergência que os uniu como seres humanos, mas que como militares entregues a uma causa”.
"Na manha seguinte, soldados de um e do outro lado do bando arrastavam uma pesada pedra, onde ambos generais acordaram em erigir uma pirâmide que comemoraria ao encontro maçônico. A pirâmide, como símbolo da Irmandade da Franco - Maçonaria, sinalaria o lugar onde Bolívar e Morillo fizeram honra ao Ser humano, para que recordemos que sem importar o ódio e as diferenças, sempre encontraremos um ponto de coincidência onde o amor e a fraternidade e capaz de unir aos homens e fazer milagres e como uma lição para estes tempos dificieis que vive a humanidade,onde as paixões políticas, religiosas, raciais e econômicas que mantem em uma guerra fraticida ao gênero humano, Bolívar e Morillo honraram ao Ser e demonstraram uma galhardia incomparável”.
Morillo ficou deslumbrado pela personalidade do Libertador Bolívar, tanto assim, que dias depois, 15 de dezembro, regressa a Espanha para nunca mais voltar a Venezuela, com estas palavras que dirige ao seu Rei Fernando VII:
“Nada e comparável a insaciável atividade de este caudilho. Seu arrojo e o seu talento são seus títulos para se manter na cabeça da revolução e da guerra; mas e verdade que tem uma nobre estirpe Espanhola traços e qualidades que o fazem ser superior a quantos o rodeiam. Bolívar é a revolução”.
Morillo entendeu a mensagem de Bolívar quando este se apresentou na frente do seu exercito sozinho e sem escolta. A mensagem era clara: “A Espanha não lutava contra um homem nem contra um aguerrido exercito, Espanha lutava contra um ideal; e quando o ideal esta na consciência, do povo esta é invencível”.
Ref: “El Compás”
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A MAÇONARIA BRASILEIRA PERANTE O FASCISMO E O INTEGRALISMO
Postado Sexta-feira, Janeiro 12, 2007 as 8:26 PM pelo B:.Pr:. Luigi
Doutrina de um partido político --- Ação Integralista Brasileira --- criado depois do golpe de 1930, para combater o comunismo e todos os sistemas, ou correntes, considerados capazes de ajudar a infiltração comunista, no Brasil, o integralismo tinha, por base, o lema "Deus, Pátria e Família", ou seja, a religião católica (exclusivamente), a organização corporativista do Estado e a organização patriarcal da sociedade.
Fundado pelo escritor Plínio Salgado, o partido cresceu, a partir de 1932, graças ao apoio de considerável parcela do clero e de um grande número de intelectuais, além do fato de ter sido favorecido por uma conjuntura política que privilegiava os movimentos e as idéias baseadas no fascismo italiano e no nacional-socialismo alemão, liderado por Adolf Hitler.
O fascismo, no âmbito maçônico brasileiro, já vinha sendo combatido há muito tempo, em função da situação aflitiva das Lojas italianas, sob o regime liderado por Benito Mussolini. Em janeiro de 1925, as Oficinas brasileiras recebiam uma lista de subscrição em favor das Lojas italianas "victimas dos fascistas", acompanhada de uma carta, redigida em italiano. A Loja Piratininga, a mais tradicional de São Paulo, em fevereiro do mesmo ano, insurgia-se contra a perseguição movida por Mussolini às Lojas italianas e enviava, ao Grande Oriente do Brasil, uma prancha, solicitando que a Maçonaria brasileira protestasse contra essa perseguição e contra as idéias do fascismo.
O integralismo, um fascismo à brasileira, teve, na época, o apoio do governo ditatorial de Getúlio Vargas --- que empalmara o poder, quando do golpe de 1930 --- que o utilizou e colocou em prática muitas de suas idéias, não permitindo, porém, que os integralistas tivessem acesso ao poder. Todavia, com o crescimento, os seus adeptos, que usavam, em suas manifestações, camisas verdes e gestos nazi-fascistas, foram se tornando cada vez mais audaciosos, proporcionando tumultos de rua, em diversas capitais brasileiras, com maior ênfase para a Capital Federal da época --- Rio de Janeiro --- e para São Paulo, que era a base política de Plínio Salgado.
Em São Paulo, em 1934, a praça da Sé, marco zero da cidade, ficaria interditada, das 22,30 hs do dia 7 de outubro até ao meio-dia do dia 8, porque, ali, na tarde do dia 7, um domingo, durante cerimônia de entrega da bandeira de benção à corporação, os camisas verdes provocariam grandes distúrbios, durante os quais foram disparados tiros dos altos de diversos prédios. O prédio próprio da Loja Piratininga, ali localizado, na época, embora nada sofresse e embora não houvesse ninguém ali postado, que pudesse fazer os disparos, acabou sendo atingido pela interdição.
Diante disso tudo, no mês seguinte, a 6 de novembro de 1934, o Grande Oriente do Brasil, expedia, a todas as Lojas de sua jurisdição, assinada pelo Grande Secretário Geral, uma circular, onde informava que "o Conselho Geral da Ordem, em resolução referente a consultas de diversas Officinas, em relação a respectiva attitude em face do partido integralista, approvou o parecer da Comissão de Justiça seguinte: o integralismo e a maçonaria são instituições que se reppelem ; não deve a maçonaria admittir integralistas em seu seio, o que motiva em considerações que expõe ; os maçons integralistas renegam os principios liberaes maçonicos, prova já dada pelo respectivo procedimento na Italia, em Portugal e na Allemanha ; faz notar que ás Lojas compete deliberar sobre a conveniencia de conservar ou eliminar dos seus quadros os maçons que agem contra os principios maçonicos" . Portugal está aí incluído porque, a partir da Constituição de 1933, o país passava a ser uma república unitária e corporativa, sob a égide de Antônio de Oliveira Salazar, que, em 1928, fora convidado, pelo presidente Oscar Carmona, para ser ministro das Finanças.
Não se tem notícia de que tivesse havido exclusão de obreiros dos quadros das Lojas, pois algumas alegaram que não havia integralistas em seu seio, enquanto outras afirmavam que os que existiam em seus quadros haviam deixado o partido, por fidelidade à Maçonaria. Na realidade, porém, muitos dos maçons "camisas verdes", fanatizados pelas idéias integralistas, haviam deixado, espontaneamente, as Lojas e a instituição, passando, inclusive, a combatê-las.
Quando ocorreu o golpe de Estado de 10 de novembro de 1937, com a implantação da ditadura férrea do Estado Novo, a Ação Integralista, como todos os demais partidos, foi dissolvida. Todavia, em maio de 1938, os integralistas tentaram um contragolpe, malogrado, com assalto ao Palácio Guanabara, onde residia Getúlio Vargas. Quando da queda do ditador, em 1945, e a reorganização dos partidos, o integralismo voltou sob o nome de Partido de Representação Popular, mas já sem nenhuma expressão e nem repercussão, vindo a desaparecer, posteriormente.
--- José Castellani ---
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GUISEPPE MAZZINI
Postado Quinta-feira, Dezembro 21, 2006 as 1:18 PM pelo B:.Pr:. Guiseppe 33
Nascido em Genova no dia 22 de maio de 1805 (filho de Giacomo, professor universitário ex giacobino, e de Maria Drago, mulher de grande sensibilidade moral e religiosa), foi estudante em lei na sua cidade natal, mas desde a sua adolescência mostrou-se mais interessado em assuntos políticos e literários do que em assuntos de jurisprudência. Ele se achava um revolucionário diferente dos outros porque não concebia a revolução como reivindicação dos direitos individuais não reconhecidos, mas sim como um dever religioso a ser atuado em favor do povo.
Por este motivo filiou-se à Carbonária, pela qual exerceu várias tarefas de caráter organizativo em Liguria e na Toscana. Além disso colaborou com o Indicatore Genovese e com o Indicatore Livornese, dois jornais que se definiam literários, mas que cedo foram fechados pela polícia sabauda e toscana, porque a razão literária era somente um disfarce, aliás pouco escondida, da intenção política. De algum interesse é o Ensaio sobre algumas tendências da literatura européia no século XIX, com que ele endereçava o romantismo no álveo democrático e laico.
Em 1830, acusado de atividade conspirativa, foi preso em Savona pela polícia de Carlo Felice, mas não tendo provas contra ele ofereceram-lhe o exílio em qualquer aldeia perdida do reino sob a vigilância da polícia, ou ir para Marselha: ele decidiu pela segunda opção (1831). Graças ao seu espírito profundamente religioso e a sua dedicação aos estudos sobre os acontecimentos históricos, ele entendeu porque somente um Estado do tipo republicano poderia permitir a conquista dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade próprios da Revolução Francesa. Por este motivo formulou o programa mais radical entre todos aqueles que foram debatidos no decorrer do Renascimento Italiano (não é um erro: muitos diziam renascença ou renascimento no lugar de ressurgimento) e, fiel à suas idéias democráticas, adversou a formação de um Estado monarquista. Um capítulo interessante para ser explorado é constituído pelo relacionamento de Mazzini e da sua Jovem Itália com os movimentos de oposição difundidos naqueles anos.
Apesar de ter sido aceito na I Associação Internacional dos Trabalhadores como representante da Itália (mas eram os anos de exílio em Londres) Mazzini nunca conseguiu entender a luta de classe e a prova está no seu irreduzível anti-marxismo e na sua contínua oposição aos movimentos socialistas. Também problemático foi o relacionamento com as sociedades secretas dirigidas por Filippo Buonarroti, cuja força estava no número e no vínculo com os grupos camponeses que eram atraídos pelo programa coletivista. Mazzini tentou uma aliança com os seguidores de Buonarroti (1832), mas a luta de classe e o apego que eles tinham com o "Oitenta e nove francês" produziram logo a ruptura (1833) tirando dessa forma dos "mazzinianos" qualquer influência sobre as massas operárias e camponesas. Não podendo contar com a ajuda de um soberano, Mazzini necessitou buscar a própria base de ação no povo. Começou assim a fixar as linhas programáticas de uma associação que enfrentasse com espírito e novos meios o problema da independência e da unidade da pátria. Ninguém mais do que ele era convicto de que a Carbonária não podia de modo algum conduzir o povo italiano ao seu resgate por causa de alguns graves defeitos tais como:como:
a falta de uma ação unitária e de visão nacional do problema político italiano;
a excessiva confiança nos soberanos locais e estrangeiros;
a incerteza do programa (republicano? monarquista? federal?);
a não difusão deste fato nas mais diferentes classes sociais inclusive por meio da imprensa;
a conseguinte ausência do povo nos movimentos revolucionários;
a presença de aristocratas, intelectuais, ricos burgueses ou oficiais do exército decididos a construir, também depois da vitória, uma classe privilegiada a quem deveria ser entregue a direção do Estado.
É por tudo isso que, segundo Mazzini, era chegado o momento de dizer e fazer algo novo, dirigindo-se não somente para um restrito número de pessoas, mas para todos os italianos através de programas claramente redigidos e levados ao conhecimento do público. É na base destas convicções que Mazzini, em julho de 1831, criava em Marselha a Jovem Itália: "jovem" porque era destinada a fundar-se, principalmente, sobre o entusiasmo revolucionário dos jovens e não mais sobre os sutis cálculos políticos das velhas gerações; "Itália" porque era a expressão de um movimento unitário em base nacional, intérprete das necessidades e das esperanças de toda a península. A nova associação devia, além disso, inspirar-se em princípios "republicanos" porque:
todos os homens de uma nação são chamados, pela lei de Deus e da humanidade, a serem iguais e irmãos;
a instituição republicana é a única que assegura este futuro;
a existência de um rei vicia a igualdade dos cidadãos e ameaça a liberdade de um país, enquanto permite que no pico da escala social alguém goze de extraordinários privilégios com grande perigo para todos os outros;
a soberania não reside num indivíduo somente, mesmo que nobre e valoroso, mas em todo o povo, cuja vontade descende diretamente de Deus e é a única capaz de exprimir o desejo divino nos ordenamentos de um Estado (Deus e povo) sagrada é portanto sua indignação, sagradas são as suas revoluções contra aqueles que pretendem sufocar a liberdade;
Eis o programa político-espiritual, que Mazzini através da nova associação desejava realizar e que se pode assim sintetizar:
Providenciar a educação e formação de uma nova consciência popular como indispensável premissa de qualquer ação. A Jovem Itália se definia "associação tendente antes de tudo a um propósito de insurreição, mas essencialmente educadora até aquele dia e depois daquele dia", e portanto era necessário que seu programa fosse difundido o mais amplamente possível, que fosse "gritado pelos telhados", a fim de que resultasse claro em todos seus pontos. A clandestinidade, da qual as seitas anteriores se compraziam, permanecia obviamente necessária pelos aspectos organizativos da associação (para esconder os nomes dos filiados), mas devia cessar completamente em relação aos propósitos e fins da Jovem Itália. A importância atribuída à educação não deve fazer pensar a uma atitude acadêmica e livresca, porque, ao contrario, a fórmula de Mazzini "pensamento e ação" visa exatamente a sublinhar o vinculo entre o amadurecimento moral e o empenho na luta, condenando ao mesmo tempo qualquer cultura puramente intelectualista.
Fazer da Itália, com uma "revolução do povo", uma nação firmemente unida, independente do estrangeiro, livre em seus ordenamentos e soberana, ou seja dona de si mesma e do seu destino.
Fundar uma república democrática baseada no sufrágio universal, enquanto somente o Povo, sem distinção de classe, riqueza ou religião, é soberano e tem portanto o direito de auto governar-se.
Lutar por um sistema social melhor baseado em uma distribuição das riquezas mais justa.
Renegar o predomínio de uma nação sobre a outra e contribuir para o pacífico progresso de toda a humanidade Se a ação anterior era falida, era devido, segundo Mazzini, a falta de uma profunda inspiração religiosa, a falta de confiança que ainda se tinha em relação aos príncipes, e por ter acreditado no valor das constituições e não na ação criativa do povo, a única capaz de construir um edifício duradouro.
Religiosidade, democracia e nação são para Mazzini uma coisa só: sem a fé num princípio superior, num Deus de verdade e justiça (que para Mazzini não se identifica com aquele da tradicional religião), os italianos teriam continuado a ocupar-se do próprio interesse particular e não teriam sentido nascer em si mesmo aquele sentimento de solidariedade e dignidade que é necessário para um renascimento; sem um regime de plena democracia republicana, eles teriam ficado como simplórios objetos da história, escravos dos estrangeiros ou dos tiranos e príncipes locais; enfim, sem religião e sem democracia não pode existir uma nação, também quando se conseguiu a independência territorial, porque a nação não se identifica com a unidade étnica ou com as tradições comuns, mas funda-se, ao contrário, na unidade dos propósitos que podem manifestar-se em cheio somente graças a conquista de um regime de completa liberdade.
Em resumo: "Deus e povo" significa exatamente que Deus manifesta-se através do povo; significa que a nação deve considerar-se "uma operária a serviço de Deus", ou seja a serviço da Humanidade. Como cada indivíduo tem um dever a cumprir, assim cada nação tem uma própria missão.
Mazzini atribuiu à Itália a missão de fazer-se inspiradora do movimento de liberação de todos os povos europeus: não um primado de potência político-militar, mas uma vocação de solidariedade e de liberdade. Neste sentido ele podia dizer de amar a própria pátria enquanto amava todas as pátrias, e fundou em 1834 a" JOVEM EUROPA", (dividida em quatro organizações locais: a "Jovem Alemanha", a "Jovem Polônia",a "Jovem Itália", e a "Jovem Suíça") a fim de conduzir todos os povos à insurreição libertadora, depois da qual, derrubados os governos, reconhecerem-se como irmãos.
A presença de Mazzini (que considerando os fatos foi, de certo modo, o grande derrotado do ressurgimento), foi essencial e determinante para a realidade italiana, de fato ele não soube somente criar uma consciência de "povo" e de "pátria" em todas as classes sociais, mas soube também ser, nos países europeus, o símbolo do nosso "Risorgimento" e da absoluta necessidade de dar aos problemas italianos uma solução adequada. A propaganda "mazziniana" teve ampla difusão em Toscana, Abruzzi e Sicilia, mas sobretudo em Piemonte e Liguria, onde recebeu muitas adesões, especialmente no âmbito militar (oficiais e sub-oficiais).
Exatamente nestas últimas regiões, que ele conhecia melhor, Mazzini iniciou em 1833 a sua primeira tentativa insurrecional, que deveria encontrar seus centros de iniciativa em Chambèry, Turim, Alessandria e Genova. A mesma amplitude da conjura e os métodos muito mais abertos da "Jovem Itália" fizeram com que o governo sabaudo tomasse conhecimento da conjura antes dela começar, e sendo que Carlo Alberto sentiu-se ameaçado justamente pela lealdade do exército, que segundo tradição devia ser instrumento fiel da política regia, a repressão foi desumana e feroz: vinte e sete condenações a morte, das quais doze foram realizadas; uma centena de condenações a penas carcerárias de diferentes entidades; numerosos exilados voluntários ou obrigatórios.
O mais querido amigo de Mazzini, Jacopo Ruffini, chefe da "Jovem Itália" de Genova, onde foi preso, para evitar a violência dos interrogatórios, aos quais nem todos conseguiam resistir, preferiu suicidar-se. Estas vítimas, e especialmente a lembrança de Ruffini, pesaram por muito tempo no coração de Mazzini, que, alguns anos depois, se verá acometido pela dúvida de tê-las sacrificado inutilmente por uma idéia orgulhosa e arbitrária. Mas o "tormento da dúvida" (que foi superado em consideração ao sentido religioso ou da missão em que ele se empenhou) não interromperam a atividade de Mazzini. Em 1834 a insurreição recomeçou: um grupo de italianos deveria entrar em Savoia passando pela Suíça, e acender o fogo da rebelião; em Genova o sinal da revolta deveria ser dado por Giuseppe Garibaldi, ardente filiado da "Jovem Itália", que alistou-se na marinha sarda exatamente com o objetivo de difundir as novas idéias republicanas e patrióticas.
Para chefiar as colunas provenientes da Suíça foi escolhido um veterano da insurreição polonesa de 1830-31,Girolamo Ramorino, que nesta ocasião deu péssima prova, guiando a expedição sem entusiasmo, depois de ter desperdiçado os fundos de que dispunha. Um grupo foi barrado pelas tropas suíças antes de atravessar a fronteira com o Reino de Sardegna e outras duas tropas, não apoiadas pelas populações, foram facilmente derrotadas pelas patrulhas de Carlo Alberto. Outras tantas negativas foram as tentativas de insurreição da "Jovem Itália" em Sicília, Abruzzi, Toscana e Lombardo-Veneto.
Evidentemente Mazzini pedia ao povo italiano muito mais do que ele estava preparado para dar e isto o colocou num estado de profunda amargura e desconforto, que perdurou de 1835 até 1840. A mãe foi sempre espiritualmente do seu lado, estimulando-o a prosseguir até o fim, tanto que o infatigável Mazzini fundou a "Jovem Europa" (o projeto era todavia ambicioso demais para dar resultados concretos) e organizou em Bologna (1843) um outro movimento que chamou a atenção sobre dois jovens oficiais da marinha austríaca recentemente convertidos às idéias de Mazzini: Attilio e Emilio Bandiera. Infelizmente, este movimento também teve hesito negativo. Único momento exaltante, depois de tantos insucessos, foi para Mazzini a experiência da República Romana de 1849, porém logo seguida de novos tristes insucessos, como aqueles sofridos no ano de 1852 em Mantova, que redundou em nove condenações à morte, e em 1853 em Milão, que ofereceu ao governo austríaco a ocasião para seqüestrar os bens dos patriotas lombardos emigrados em Piemonte.
A situação precipitou-se na fracassada tentativa de Carlo Pisacane em 1857. Depois da unificação da península sob a direção dos Savoia, a personalidade de Mazzini teve sempre menos importância e ele viveu cercado somente por poucos amigos até o ano de sua morte em 1872.
A este ponto nos perguntamos o motivo de todos estes insucessos apesar de tanta atividade. A resposta deve ser procurada no programa de Mazzini. Todo inflamado pelo ideal de nação, ele não entendeu bastante o próprio povo que era formado pela grande massa de camponeses e pela emergente burguesia. Ao primeiro não apresentou uma solução do problema agrário fundamentada sobre uma distribuição de terras mais justa, enquanto ao segundo não soube oferecer aquelas garantias de progresso e estabilidade que a ação de Casa Savoia parecia poder assegurar especialmente depois da eliminação das classes feudais.