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Esta batalha foi a mais desastrosa derrota de Lopez: 6000 paraguaios morreram ou foram deixados no campo de batalha; 7000 gravemente feridos foram levados para os hopitais. O exército paraguaio ficou completamente disperso, quebrado e desmoralizado, além de ter perdido muitos equipamentos de guerra, inclusive 4 canhões e 5000 mosquestes. Se os Aliados tivessem avançado no dia seguinte teriam ganho a guerra com um golpe, mas os Aliados também sofreram severamente e não tinham noção da magnitude da vitória, além de temerem a coragem dos paraguaios que, invariavelmente, lutavam desesperadamente mesmo quando feridos até a morte. Levou alguns dias para os paraguaios reorganizar o exército de 12 mil homens e assumir as posições defensivas atrás de suas linhas de defesas.***
Ambos os exércitos suspenderam suas operações e trabalharam para reforçar as suas posições, em cada um dos lados do Bellaco. Os paraguaios transferiram sua artilharia pesada que estava em Humaitá e Assunção para as linhas de trincheiras. Por seu lado, as forças aliadas reforçaram suas linhas com canhões rifles. Os oponentes frequentemente trocavam descargas de canhões, mas sem perdas significativas. Nesse ínterim, no início de julho, os soldados Aliados sofreram severamente por doenças e ficaram reduzidos, pelas mortes frequentes, a 30 mil homens e precisavam de urgente reforço. Uma tropa auxiliar, sob comando do Barão de Porto Alegre já estava a caminho, proveniente da província brasileira de Rio Grande. Quando cruzaram o Paso la Patria, o Barão ordenou avançar para Candelaria, na parte mais acima do rio Paraná, para atravessar ali e seguir por detrás das linhas inimigas mais profundamente para o interior do Paraguai. Esta tropa era composta de 14 mil homens, 50 canhões, além de 12 mil cavalos para remonte da cavalaria brasileira. Ao chegar ao rio Paraná, no entanto, foram contrapostos por um destacamento paraguaio de 3000 homens e 12 canhões, o Barão, então, mudou de plano e marchou pela margem esquerda do rio na direção de Paso la Patria, para se juntar ao grosso do exército principal. Os primeiros reforços alcançou os aliados em 12 de julho, o restante alguns dias depois.
O exército de Lopez estava agora reforçado, contava em torno de 20 mil homens e estavam anciosos para induzir os Aliados a atacar suas linhas. Considerando que não tomavam a iniciativa, López tentou provocá-los ordenando a aproximação de algumas de suas forças ao campo inimigo. Entre 10 e 11 de junho, ocorreram duras escaramuças com os argentinos, que resultou na morte de cerca de 400 a 500 soltados de cada lado, forçando os argentinos a se deslocar para além da passagem principal. A partir do dia 14 de julho ocorreram outros sérios combates. A intenção dos Aliados era destruir a linha de trincheira, situada em posição obliqua à frente, que estava sendo construída através da floresta e avançava para a extremidade direita da linha paraguaia (que Barrios havia ocupado na batalha de 24 de maio). Esta posição paraguaia, além de ameaçar o lado esquerdo aliado, dificultava a comunicação com as companhias na retaguarda e, então, os brasileiros, na manhã do dia 16 de junho, atacaram essa posição e lutaram por 16 horas, com a floresta atrás de si. Em 18 do mesmo mês, os Aliados, com uma grande força atacou através da floresta a trincheira principal inimiga que se localizava no final de uma clareira. Esta posição, de grande importância para os paraguaios, protegia o flanco direito e em caso de perda comprometeria seriamente este flanco. A luta foi desesperada e ocorreram perdas severas de ambas as partes. Os aliados, em um decidido ataque tomaram a trincheira, mas foram cortados ao meio por um contra-ataque de 200 dragões paraguaios que lutavam a pé, armados com sabre. No início da noite do dia 18 de junho a luta encerrou-se, os paraguaios mantiveram sua tricheira principal, mas perderam a posição avançada e outras trincheiras na mata. As mortes de ambos os lados foram pesadas, os Aliados contaram em torno 5 mil baixas, contando mortos e feridos; no lado paraguaio 2500 mortos, aproximadamente.
Após este ataque os Aliados fortificaram suas posições e construiram novas baterias e fortificações para cobrindo o lado esquerdo e o centro de suas linhas. Os paraguaios também continuou a aumentar as trincheiras à sua direita e atrás da floresta (cenário da severa luta) até alcançar o impenetrável ‘carrizal’. Considerando a posição paraguai impossível de atacar frontalmente, os Aliados empreenderam uma série de operações táticas para virar para o flanco direito e alcançar a retarguarda, para atacar a bateria de Curupaty, abaixo de Humaitá. Esta fortificação, localizada em terra baixa e alagada, encontrava-se à direita de suas linhas, estava ali instalados vinte e cinco canhões, inclusive três de 8 polegadas, para conter ataques nesse flanco. Uma trincheira tinha sido cavada no ponto chamado Curuzú, certa de 3 mil metros abaixo de Curupaty, no lado esquerdo da laguna, para bloquear ataque que pudesse ser lançado naquela direção. Nas trincheiras foram instalados 13 canhões e ali foram colocados 2500 homens. Um combinado ataque Aliado, naval e terrestre, foi direcionada contra esta posição. Toda flotilha brasileira, incluindo 4 encouraçados, subiu o rio e abriu fogo sobre Curuzú no dia 1 de setembro; no dia 2, 14 mil brasileiros provindos do exército principal, sob comando do Barão de Porto Alegre, desembarcou no alagadiço e marchou contra as trincheiras inimigas totalmente exposto às descargas das baterias inimigas. O esquadrão naval brasileiro, nesse interim, bombardeava furiosamente a posição inimiga, em um contra ataque paraguaio, o encouraçado Rio de Janeiro, de seis canhões, teve sua couraça de placa de 10 centímetros de espessura perfurada por um tiro de canhão de grosso calibre e seu casco foi atingido por torpedo, que explodiu e afundou. Outro barco a vapor teve sua caldeira atingida. O esquadrão sofreu fogo pesado das baterias inimigas, principalmente de três canhões de grossos calibres, que causaram sérios estragos na força naval. Em 3 de setembro, o bombardeio recomeçou, Porto Alegre ordenou ataque às trincheiras paraguaias e as colunas brasileiras em ataque frontal, sob o fogo cerrado das trincheiras, sofreu terrivelmente, mas conseguiram virar para o flanco esquerdo paraguaio e se movendo com dificuldades através da água do lago, que tinha cerca de 1,20 metros de profundidade, conseguiram voltear a trincheira inimiga e atacar da esquerda para a direita. Os paraguaios deixaram cerca de 700 mortos no campo de batalha, os brasileiros em torno de 2000, entre mortos e feridos. Se os brasileiros tivessem continuado o atacando neste dia, com certeza teriam tomado Curupaty e dominado completamente a posição e inclusive, também, ter cruzado as linhas de defesa de López. Mas não se moveram além das trincheiras capturadas.
***As causas da derrota dos paraguaios foram: primeiro, número menor de soldados – 25.000 contra 45.000; segundo, falta de planejamento para o ataque, que, em vez de dirigir a força principal para um ponto e meramente simular um ataque com o restante de suas linhas, foi escolhido atacar os dois flancos aliados simultaneamente e também quebrar o centro; e, finalmente, os amarmentos de inferior qualidade, em estado deploráveis e antiquados do exército paraguaio. Os homens que estavam na retaguarda não podiam atirar por medo de matar seus próprios companheiros que estavam na linha de frente, enquanto os aliados portavam modernos rifles de percussão que tinham bom alcance, enquanto a infantaria paraguaia portava antiquadas carabinas de pederneira.
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