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LIVROS
DE ADMINISTRAÇÃO
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"O Glorioso Acidente"
Clemente Nóbrega, Objetiva, Rio
de Janeiro, 1998, 258 pag.
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O difícil com os livros de Clemente Nóbrega é saber
como classificá-los. O primeiro, "Em Busca da Empresa Quântica",
era certamente um livro sobre administração, mas também sobre
marketing, jogos e teoria da complexidade. Este "O Glorioso
Acidente" pode ser classificado como um livro de biologia,
por tratar do cérebro humano, mas também pode ser classificado
como um livro sobre teoria dos jogos, por descrever extensamente
alguns jogos em que os organismos se empenham em busca da sobrevivência.
Resolvi colocá-lo aqui, com o perdão do autor, apenas para ficar
mais perto do primeiro livro.
O Glorioso Acidente, cujo longo subtítulo é "A
Ciência e o Acaso da Mente, Einstein x Frankenstein, O Eterno
Combate - Razão x Instinto", procura explicar como a
mente pode entender a própria mente. Nada de esoterismos,
Nova Era, astrologia e assemelhados. Clemente Nóbrega, um
físico, mestre em Engenharia Nuclear e diretor de Marketing
da Amil, apoia-se na Ciência, e mais nada. A visão resultante
certamente parecerá crua demais a alguns leitores: somos robôs
biológicos, "macacos cabeçudos" empenhados em sobreviver usando
uma multiplicidade de sistemas primitivos e tentando dar sentido
ao mundo. Em outros tempos Nóbrega teria sido queimado vivo
após um julgamento sumário.
O glorioso acidente de que o
livro trata é o acidente evolucionário que fez com que, há
uns dois milhões de anos, uma certa espécie de chimpanzé tenha
se desviado de sua linhagem original e dado início ao crescimento
exponencial do cérebro. De fato, toda a evidência genética
aponta na direção de que nós, os chimpanzés e os bonobos (chimpanzé
anão) somos apenas três espécies de chimpanzés que seguiram
caminhos evolutivos diferentes. Somos irmãos, e não apenas
primos.
A convivência em grupo, característica
de todos os grandes primatas, produz uma tensão entre as necessidades
de sobrevivência do indivíduo e as necessidades do grupo.
É aí que aparecem Einstein (a razão) e Frankenstein (a emoção).
A seguir, Nóbrega usa vários exemplos para mostrar que a inteligência
pode nos livrar da didatura do gene egoísta e ainda expõe
as idéias de Richard Dawkins sobre os "memes" (vírus da mente,
ou infecções culturais que atravessam as gerações sem explicação
lógica).
Visite também o site do autor: Clemente Nobrega - Home Page .
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"The Ten-Day MBA"
Steven Silbiger, Quill, New York,
1993, 378 pag.
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A proposta deste livro não é, naturalmente , que
alguém possa fazer um curso de MBA em dez dias, mas sim que
a linguagem da área de negócios e administração seja apresentada
rapidamente. O autor atinge este objetivo, mas a visão é um
pouco superficial em alguns pontos e fica-se com a impressão
de que o tão falado "jargão dos MBAs" nada mais é do que uma
coleção de palavras elaborada com o objetivo de esconder a falta
de conhecimento em muitas situações. Apesar dessas desvantagens,
esperadas até certo ponto, o livro pode servir como um guia
de referência rápida, útil quando se quer mostrar, por exemplo,
que taxas de juros diferentes devem ser usadas para avaliar
projetos com diferentes riscos.
Trata-se de um livro fácil de ser lido em
menos de dez dias e capaz de fornecer conhecimento quase instantâneo
ao não-especialista que não quer ficar perdido em reuniões
lotadas de MBAs. "The Ten-Day MBA" foi recentemente traduzido
para o português, mas é interessante que aqueles que puderem
leiam o original. Nessa época de globalização nunca é demais
conhecer alguns termos financeiros também em inglês.
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"The Living Company"
Arie de Geus, Harvard Business
School Press, Boston, 1997, 215 pag.
Peça "The Living Company" e acorde sua empresa
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Arie de Geus foi diretor da Royal Dutch/Shell e
atualmente é professor da London Business School e membro do
MIT Center for Organizational Learning. O autor tem duas notícias
a dar aos executivos, uma boa e uma ruim. A boa é que sua empresa
está viva. A ruim é que pode ser que ela não viva muito tempo,
pois, segundo pesquisas, a média de vida de grandes empresas
é de cerca de 40 anos. O assunto parece estar em moda e o autor
é feliz em apresentar a idéia de que a principal função de uma
empresa é permanecer viva, ao contrário do que fazem as "empresas
econômicas", cujo principal objetivo seria (apenas) dar lucro.
O autor também se vira contra as práticas empresariais de fusões
e aquisições, deixando claro que, do ponto de vista da empresa
viva, uma fusão pode servir para introduzir um parasita no organismo
empresarial. Uma parte impressionante é a "receita para destruir
uma empresa em doze meses": (1) Declare que a empresa não é
lucrativa o suficiente e que um determinado índice de retorno
sobre o capital deve ser especificado como meta; (2) Desenvolva
um plano de ação especificando quais ativos deverão ser cortados
para atingir tal meta; (3) Siga o plano. Impressionante, não
é mesmo ? Ainda mais quando paramos para pensar que todas as
empresas fazem isso ... Bem, espero que ao menos a Shell não
faça. De fato, uma das impressões finais ao se ler o livro é
a de que a Shell seria uma dessas "empresas vivas" e o autor
deixa claro que as empresas vivas sabem mudar de atividade quando
um mercado se esgota, como acontecerá, cedo ou tarde, com o
petróleo. Daí é que veremos.
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"Em Busca da Empresa Quântica"
Clemente Nóbrega, Ediouro, 1995,
381 pag.
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Este livro me atraiu por ser o autor simultaneamente
um físico e um "marqueteiro", trabalhando atualmente em Marketing.
A tese principal da obra é comparar a evolução do pensamento
administrativo com a evolução do pensamento sobre o mundo físico,
que já passou pela revolução quântica. Não concordo totalmente
com isto e acho que metáforas quânticas são complicadas e passíveis
de má interpretação, mas é óbvio que precisamos de uma revolução.
Prefiro pensar em uma empresa como um organismo complexo e não
linear, sujeito ao caos determinístico. Este assunto também
foi abordado por Nóbrega, mas me parece que um livro com o título
"Em Busca da Empresa Caótica" não seria exatamente um sucesso
de vendas. Um fato que fica evidente é que nosso pensamento
empresarial ainda é cartesiano - ou newtoniano, segundo o autor
- demais. Precisamos de mais não-linearidades e de mais "wholeness".
A grande empresa do próximo século será notadamente diferente
das empresas atuais. O autor está de parabéns por apresentar
ao público brasileiro um assunto palpitante e atual, sobre o
qual vários livros e artigos têm sido escritos. Uma nota no
final do livro apresenta o e-mail do autor, que é muito solícito
e realmente responde a qualquer questionamento.
Depois de comprar o livro visite também o site do
autor: Clemente Nobrega - Home Page
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