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LIVROS
DE CIÊNCIAS
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"Os Dragões do Éden"
Carl Sagan, Círculo do Livro, copyright
de 1977, 220 pag.
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Ganhador do prêmio Pulitzer de 1978, este é um daqueles
livros capazes de transformar vidas. É impossivel ficarmos alheios
à história da evolução do cérebro humano aqui relatada. No entanto,
imagino que o livro deve ter desagradado muita gente, especialmente
nos EUA. De fato, a premissa básica de Sagan a respeito do cérebro
foi de que "...as suas atividades - aquilo que às vezes
chamamos 'mente' - representam uma consequência de sua anatomia
e de sua fisiologia e nada mais". Partindo de tal premissa,
Sagan discorre sobre os cérebros de mamíferos e répteis, apresenta
a teoria do cérebro trino (complexo réptil, sistema límbico
e neocórtex) e comenta sobre a separação dos hemisférios cerebrais.
A seguir, é apresentada a descoberta, então recente, de que
os chimpanzés são capazes de aprender, e até ensinar, a linguagem
dos sinais. Sagan fecha o livro comentando sobre a futura evolução
do cérebro de uma maneira que só ele poderia ter feito. Em suma,
trata-se "apenas" de um livro sobre o cérebro, mas de um livro
sobre o cérebro (escrito por um astrônomo !) que simplesmente
não existia no longínquo 1977, muito antes do presidente George
Bush ter declarado a década de 90 como a década deste órgão
que nos assusta e nos fascina. |
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"O Mundo Assombrado Pelos
Demônios"
Carl Sagan, Companhia das Letras,
1997.
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Último livro do famoso autor de "Cosmos", "Contato",
"Dragões do Éden" e tantos outros. Deveria ser leitura
obrigatória em todo curso secundário e superior (se alguma leitura
devesse ser obrigatória). O autor elabora uma grande discussão
sobre a Ciência (com "c" maiúsculo) e seu método. O alvo principal
é a chamada "pseudo-ciência" (astrologia, ufologia, etc.). Em
um dos capítulos mais interessantes, Sagan descreve algumas
falácias com as quais nos deparamos todos os dias, muitas vezes
sem perceber.
Um fato desabonador diz respeito à tradução
do livro para o português. A tradutora refere-se a "unipolares
magnéticos" para traduzir "magnetic monopoles", termo que
tem sido traduzido como "monopólos magnéticos" desde que o
primeiro livro de eletromagnetismo apareceu no Brasil. Pior
ainda, emprega-se o termo "viés" para traduzir "bias" (tendência,
predisposição). Isto é deplorável. Fica-se com a impressão
de que a tradutora usou indiscriminadamente o comando de busca
e substituição do editor de textos. O assustador é que tenho
percebido que "viés", usado na acepção de "tendência", parece
estar mesmo entrando na língua portuguesa. Eduardo Giannetti
emprega tal termo, embora o faça discretamente. Imagino que
a grande confusão deve-se ao fato de que "bias", em inglês,
admite os dois significados, ou seja, pode ser traduzido como
"viés, no sentido de uma linha inclinada, e também como "tendência",
"predisposição", etc. É certo que a língua portuguesa é mutante,
mas devemos evitar o uso deste tipo de terminologia, digamos,
enviesada...
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