|
|
|
|
LIVROS
DIVERSOS
|
|
"O Homem que Confundiu
sua Mulher com o Chapéu"
Oliver Sachs, Companhia das Letras,
1985/1997, 264 pag.
|
Oliver Sachs é o neurologista que ficou conhecido
por vários livros e pelo filme "Tempo de Despertar",
com Robin Williams e Robert De Niro. No filme, Williams faz
o papel de Sachs, um médico empenhado em descobrir a cura de
uma doença neurológica extremamente debilitante conhecida como
"Síndrome pós-encefálica".. Em "O Homem que Confundiu sua
Mulher com o Chapéu", recentemente traduzido para o português,
descobrimos que, muitas vezes, o neurologista pouco pode fazer
para encontrar uma cura. O autor relata alguns casos curiosos
e outros realmente pavorosos - como no capítulo "A Mulher Desencarnada",
por exemplo. A mistura de retórica e diagnóstico torna a leitura
envolvente, embora os termos médicos atrapalhem aqui e ali,
sem, no entanto, prejudicar o entendimento. Um livro recomendado
para todos que tenham um cérebro.
|
|
|
"O Erro de Descartes"
Antonio Damázio, Companhia das Letras, 1994/1996,
330 pag.
|
Um livro que poderia ter sido denominado "Mais um
dos Erros de Descartes", já que o célebre filósofo parece ter
errado mais do que acertado, mesmo tendo dado origem ao método
científico (Descartes pensava que o calor fazia o sangue circular
e que as finas e minúsculas partículas do sangue transformavam-se
em "espíritos animais", os quais conseguiam mover os músculos).
O erro apontado por Damázio, chefe do Departamento de Neurologia
da Faculdade de Medicina de Iowa, é o da separação entre emoção
e razão, a teoria cartesiana que diz que só podemos decidir
de "cabeça fria". Pesquisas recentes em neurologia apontam que,
quando as pessoas perdem completamente a emoção, seja por alguma
doença ou lesão cerebral, tornam-se incapazes de decidir ou,
pior ainda, nem mesmo percebem por que motivo deveriam decidir
seja lá o que for. Perdendo-se a capaciadade de decidir, perde-se
também a capacidade de planejar para o futuro. A tradução brasileira
do livro foi resenhada na revista "Veja" e lembro-me de um leitor
indignado ter escrito uma carta afirmando ser um absurdo que
alguém pudesse se posicionar contra Descartes. Sejamos claros:
Descartes criou o método científico, mas não o utilizou, e viveu
em uma época em que a filosofia e a religião dominavam o pensamento
científico emergente. Damázio é fantasticamente bem sucedido
em esclarecer esse e outros fatos, tais como o de que não há
separação entre corpo e mente e de que o processo decisório
tem muito de emocional. Definitivamente, Sr. Spock e Comandante
Data poderiam até existir, mas nunca teriam entrado para a Academia
da Frota Estelar... |
|
|
"A Física de Jornada
nas Estrelas"
Lawrence M. Krauss, Makron Books, 1995.
|
Sim, senhores e senhoras, existe uma física de Jornada
nas Estrelas (Star Trek) ao lado de toda a "treknologia" e de
toda a "treknobaboseira". Talvez este seja o grande diferencial
do seriado, criado em um época em que "Perdidos no Espaço" e
"Viagem ao Fundo do Mar" representavam o que havia de mais avançado
no ramo. O autor, que é físico, leva-nos a uma viagem pelos
principais aspectos da vida dentro da USS Enterprise e conclui,
para decepção dos fãs, que quase tudo é impossível. Em termos
de propulsão da nave, seja por meio dos motores de impulso ou
de dobra, os custos são proibitivos. Isto não quer dizer somente
que será muito caro levar uma nave até "dobra 1", por exemplo;
quer dizer, isto sim, que simplesmente não há energia suficiente
no Sistema Solar para tanto. Quanto ao teletransporte e ao holodeck,
o autor conclui que a tecnologia necessária será para sempre
limitada pelas leis da Mecânica Quântica, a não ser, é claro,
que alguém invente os famosos "Compensadores de Heisenberg".
É duro ter que admitir, mas nenhuma dobra 6 vai nos levar às
estrelas. Deveremos inventar outros meios, menos cinematográficos
e mais plausíveis. |
|
|
|
|
*
*
|