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LIVROS
BIOGRÁFICOS
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"Sutil é o Senhor-Vida e Pensamentos
de Albert Einstein"
Abraham Pais, Gradiva, Lisboa,
trad. Fernando Parente e Viriato Esteves, 1993, 655 pag.
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Os portugueses chegaram na nossa frente ao traduzir
esta fantástica biografia de Albert Einstein. O autor, um físico
renomado e não um biógrafo profissional, esforçou-se em escrever
uma biografia mais intelectual do que intimista, mesmo por que
esta última seria quase impossível no caso de Einstein. O livro
foi escrito antes de "Cartas de Amor" e das afirmações de que
a teoria da relatividade seria obra de Mileva Maric, primeira
esposa de Eintein. Não é um livro fácil, especialmente ao não
iniciado, mas o esforço vale a pena.
O título do livro refere-se a
uma opinião de Einstein a respeito da Mecânica Quântica, expressa
em carta a Max Born: "Deus não joga dados com o Universo.
Ele é sutil, mas não maldoso". Esta frase encontra-se
também gravada acima da lareira do Fuld Hall, em Princeton,
onde Einstein passou os últimos anos. Depois de Einstein descobrimos,
não só que Deus joga dados com o Universo, mas também que
, por vezes, ele os joga onde não podem ser vistos. A interpretação
probabilística da Mecânica Quântica, conhecida como "Interpretação
de Copenhagen", e à qual Einstein se opunha radicalmente,
mostrou ser a mais viável. Para desespero do físico alemão,
a Mecânica Quântica parece, nesse fim de século, ser uma teoria
completa. Além disso, temos o Caos, ciência que Einstein não
conheceu em vida, mas que trouxe o indeterminismo (os dados
que, agora sabemos, Deus adora jogar) também para o mundo
macroscópico.
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"Feynman - A Natureza do Gênio"
James Gleick, Gradiva, Lisboa,
trad. Ana Falcão Bastos e Luís Leitão, 1993, 538 pag..
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James Gleick é um repórter científico, notabilizado
por ter escrito "Caos - A Criação de Uma Nova Ciência".
Por esta razão, esta biografia de Feynman é menos científica
do que o célebre físico mereceria, mas é uma ótima leitura.
Contudo, o autor parece acentuar demais as características "humanas"
de Feynman, como se fosse mais incomum encontrá-las em um físico
do que em uma outra pessoa qualquer. A participação de Feynman
no Projeto Manhatan é examinada com profundidade, mas algum
tempo é perdido com detalhes que parecem meio desconexos, tais
como a invenção da penicilina. Não há ligação alguma entre Feynman
e a penicilina, a não ser pelo fato de que a primeira mulher
dele morreu de tuberculose em uma época em que este medicamento
não existia. O autor usa este fato para tecer algumas argumentações
sobre a evolução da ciência que parecem fora de propósito. Uma
confusão desculpável, sem dúvida, especialmente se comparada
à dramaticidade empregada por Gleick em "Caos - A Criação de
Uma Nova Ciência". Assim como este último, esta biografia é
uma leitura fácil e pouco técnica. |
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"Estás a Brincar Sr. Feynman !"
Richard P. Feynman, Gradiva,
Lisboa, trad. Isabel Neves, 1988, 325 pag.
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Esta é a auto-biografia de Richard Feynman, o homem
que inventou a Eletrodinâmica Quântica, as Integrais de Feynman,
os Diagramas de Feynman e participou do Projeto Manhatan, que
deu ao mundo a Bomba Atômica. O livro causou algum furor quando
foi lançado nos Estados Unidos, por razões diferentes em diferentes
segmentos da sociedade. Feynman havia ficado conhecido do grande
público por causa dos trabalhos na comissão de investigação
do acidente com o ônibus espacial Chalenger. A publicação deste
livro fez com que todos percebessem que ele não era somente
um físico ganhador do prêmio Nobel, mas também um ser humano
comum, dotado de sentimentos e paixões e diferente do estereótipo
do cientista. Para os físicos, contudo, Feynman teria falado
muito sobre sua vida pessoal e muito pouco sobre física. Não
se pode mesmo contentar a todos, mas logo após a publicação
do livro, Feynman foi arguido por um professor de física sobre
o porquê do pouco conteúdo de física. Feynman teria respondido:
"Isso ficou para o próximo livro". Por coincidência, esta tradução
portuguesa de "Surely you're Joking ..." apareceu em
fevereiro de 1998, o mês e ano de falecimento de Feynman. Infelizmente
não haverá outro livro.
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"Nem Sempre a Brincar, Sr. Feynman!"
Richard P. Feynman, Gradiva,
Lisboa, trad. Maria Georgina Segurado, 1989, 261 pag.
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Feynman nunca escreveu o livro auto-biográfico sobre
física que tinha em mente. "Nem Sempre a Brincar" é
uma obra póstuma, compilada por Ralph Leighton a partir de conversas
com Feynman e de alguns escritos. A estória que dá o título
a livro - que em inglês se chama "What Do You Care What Other
People Say ?" - é também a estória do envolvimento de Feynman
com Arlene, sua primeira mulher, que morreu de tuberculose nos
vasos linfáticos quando os dois eram jovens. Não é uma estória
fácil de ler, pelo conteúdo emocional, e foi recentemente reproduzida
no cinema ("Infiniy", com Mathew Brodrick e Patricia Arquete).
Uma das mais famosas aventuras de Feynman,
a sua participação na investigação do acidente com a Chalenger,
foi também a sua última. Ele vinha lutando contra um câncer
estomacal há dez anos e morreu em 5 de fevereiro de 1998,
duas semanas após sua última aula no Caltech. Cerca de metade
do livro é dedicada ao relato das investigações do acidente
com o ônibus espacial (que os portugueses chamam de "vaivém
espacial !).
Ao final do livro fica-se com
uma impressão estranha, como se a obra fosse uma grande colagem,
à maneira do que se costuma fazer com canções inéditas de
cantores falecidos. Entretanto, é uma leitura indispensável
aos "feynmanólogos", os quais, acreditem , existem às dúzias
... ao menos, como diria Feynman, naquela terra maravilhosa
... a Califórnia.
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