|
|
|
|
LIVROS
DE MATEMÁTICA
|
|
"Acaso e Caos"
David Ruelle, Editora Unesp,
São Paulo, trad. Roberto Leal Ferreira, 1993, 224.
|
David Ruelle, um físico-matemático belga radicado
na França é um dos fundadores da ciência do caos, tendo introduzido
o conceito de atrator estranho, em 1971, juntamente
com Floris Takens. Neste livro, organizado em forma de pequenos
capítulos auto-contidos, Ruelle apresenta alguns conceitos básicos
do caos. Algumas vezes temos a sensação de que a exposição está
rápida demais ou resumida demais, e é verdade. A divulgação
científica é uma tarefa impossível, talvez comparável a explicar
música aos surdos (em tempos politicamente corretos talvez devêssemos
dizer deficientes auditivos...). Ruelle percorre os rudimentos
das probabilidades, do caos, da teoria dos jogos, da turbulência,
da mecânica quântica, da termodinâmica, da complexidade e do
teorema da incompletude de Gödel, mas deixa a parte "chata"
para as notas de rodapé. Todos os capítulos têm essas tais notas,
quase sempre de caráter matemático e que podem ser omitidas
em uma primeira leitura. O resultado final é que o livro é um
pouco desconexo, como se quisesse agradar a várias audiências
ao mesmo tempo, mas a leitura certamente vale a pena. Em particular,
um capítulo que me assusta um pouco é o de número 13, onde Ruelle
discorre sobre o caos em Economia. "Caos em Economia" é sempre
um assunto de meter medo, e reparem que o livro foi escrito
em 1990, antes das turbulências financeiras dos países emergentes. |
|
|
"Será que Deus Joga Dados
? - a nova matemática do caos"
Ian Stewart, Jorge Zahar Editor,
Rio de Janeiro, trad. Maria Luiza Borges, 1991, 336p.
|
Albert Einstein não acreditava que Deus jogasse dados.
Como vários cientistas da época, ele tentou formular suas teorias
dentro de um determinismo estrito, de maneira que conceitos
probabilísticos fossem necessários apenas para refletir nossa
ignorância em relação às medidas de fenômenos naturais. Mas
ele nunca acreditou que a incerteza pudesse ser inerente aos
fenômenos e esta foi justamente a razão de sua insatisfação
quanto à "Interpretação de Copenhagen" da mecânica quântica,
fundada por Niels Bohr, Werner Heisenberg e outros. Einstein
estava errado neste ponto. A pesquisa das últimas décadas, em
vez de enfraquecer os conceitos de acaso e probabilidade, tornou-os
imprescindíveis. A simulação computacional de sistemas dinâmicos
resultou em que mesmo sistemas muito simples - como um pêndulo,
por exemplo - podem apresentar, em determinadas circunstâncias,
comportamentos muito complexos e imprevisíveis. É o chamado
"caos determinístico". O conceito de caos foi popularizado por
meio do livro de James Gleick, "Caos: a Criação de uma Nova
Ciência". Ao contrário de Gleick, que é um repórter, Ian Stweart
é um matemático altamente qualificado e é muito mais feliz do
que o primeiro na tentativa de explicar conceitos abstratos
como "atratores estranhos" e "bifurcações". Digo "tentativa"
porque o entendimento verdadeiro só vem quando se vê um atrator
pulando caoticamente na tela de um computador. Mesmo assim,
Stweart nos ensina como realizar experimento elementares com
lápis, papel e uma calculadora. Trata-se de um livro que deve
ser lido por qualquer um que deseje entender esses conceitos
vitais, presentes em áreas tão diversas como a física, engenharia,
química, biologia, neurologia e economia. |
|
|
|
|
*
|