KABALA NUMEROLOGIA |
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GUILHERME
DE ALMEIDA Eleito “príncipe dos poetas brasileiros”, após a morte de Olegário
Mariano, o parnasiano de ontem talvez não imaginasse que chegaria a ser
festejado poeta modernista. Guilherme de Andrade e Almeida é paulista, nascido
em 1890, pertence à Academia Brasileira de Letras, e viu sua fama crescer desde
o seu primeiro livro Nós, cheio de belíssimos sonetos.
SONETO
Hoje
voltas-me o rosto, se a teu lado
passo;
e eu baixo os meus olhos se te avisto.
E
assim fazemos, como se com isto
pudéssemos
varrer nosso passado.
Passo,
esquecido de te olhar — coitado!
Vais
— coitada! esquecida de que existo:
como
se nunca tu me houvesses visto,
como
se eu sempre não te houvesse amado!
Se,
às vezes sem querer, nos entrevemos;
se,
quando passo, teu olhar me alcança,
se
os meus olhos te alcançam, quando vais,
— ah! só Deus sabe e só nós dois sabemos! -
volta-nos
sempre a pálida lembrança
daqueles
tempos que não voltam mais!
(Nós)
ESTA VIDA
Um
sábio me dizia: “Esta existência
não
vale a angústia de viver. A ciência,
se
fôssemos eternos, num transporte
de
desespero, inventaria a morte !
Urna
célula orgânica aparece
no
infinito do tempo: e vibra, e cresce,
e
se desdobra, e estala num segundo...
Homem,
eis o que somos neste mundo !“
Falou-me
assim o sábio e eu comece a ver,
dentro
da própria morte, o encanto de morrer.
Um
monge me dizia: “ó mocidade,
és
relâmpago, ao pé da eternidade!
Pensa:
o tempo anda sempre e não repousa...
Esta
vida não vale grande cousa:
—
uma mulher que chora, um berço a um canto,
o
riso às vezes, quase sempre o pranto...
Depois,
o mundo, a luta que intimida...
Quatro
círios acesos — eis a vida !”
Isto
me disse o monge e eu continuei a ver
dentro
da própria morte, o encanto de morrer.
Um
pobre me dizia: “Para o pobre,
a
vida é o pão e o andrajo vil que o cobre.
Deus
?... Eu não creio nessa fantasia!
Deus
me dá fome e sede cada dia,
mas
nunca me deu pão nem me deu água...
Nunca!
Deu-me a vergonha, a infâmia, a mágoa...
de
andar, de porta em porta, esfarrapado...
Deu-me
esta vida: um pão envenenado !”
Disse-me
isto o mendigo e eu continuei a ver,
dentro
da própria morte, o encanto de morrer.
Uma
mulher me disse: “Vem comigo!
Fecha
os olhos e sonha, meu amigo!
Sonha
um lar, uma doce companheira
que
queiras muito e que também te queira...
Um
telhado... Um penacho de fumaça...
Cortinas
muito brancas na vidraça...
Um
canário que canta na gaiola... — Que linda a vida lá por dentro
rola !“
Pela
primeira vez, eu comecei a ver,
dentro da própria
vida, o encanto de viver!
(Messidor)
MORMAÇO
Calor.
E as ventarolas das palmeiras
e
os leques das bananeiras
abanam
devagar
inutilmente
na luz perpendicular.
Todas
as coisas são mais reais, são mais humanas:
não
há borboletas azuis nem rolas líricas.
Apenas
as taturanas
escorrem
quase líquidas
na
relva que estala como um esmalte.
E
longe uma última romântica — uma araponga metálica — bate o bico de bronze na atmosfera timpânica.
(Toda
a Poesia) |
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