MACHADO DE ASSIS
Oriundo de família humilde, sendo simples tipógrafo na sua mocidade,
Joaquim Maria Machado de Assis, graças
a seus esforços e à sua extraordinária
inteligência, notabilizou-se como romancista, poeta e crítico. Estilista dos
melhores, purista na forma, soube retratar os costumes e a criatura humana com
uma precisão jamais superada por outro escritor. Foi poeta romântico no começo,
depois parnasiano. Suas obras são numerosas. Nasceu no Rio em 21 de junho de
1839, falecendo na mesma cidade em 29 de setembro de 1909.
Prosa: Contos
Fluminenses (1870); Histórias da Meia-Noite (1873); Histórias sem data
(1884); Várias histórias (1895); Relíquia de Casa Velha (1906); Ressurreição
(1872); Helena; Iaiá Garcia (1878) Memórias póstumas de Brás Cubas (1881); Quincas Borba (1890); e a partir desta data: Dom Casmurro; Esaú e Jacó;
Memorial de Aires; A mão e a luva. Manifestou-se dramaturgo através de Teatro,
em 1863; Quase ministro, comédia (1864), e Tu, só tu, puro amor, comédia
(1880).
Poesia: Crisálidas
(1864); Falenas (1870); Americanas (1875)
CÍRCULO
VICIOSO
Bailando
no ar, gemia inquieto vaga-lume:
-
“Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que
arde no eterno azul, como uma eterna vela !“
Mas
a estrela, fitando a lua, com ciúme:
— “Pudesse eu copiar o transparente lume,
Que,
da grega coluna à gótica janela,
Contemplou,
suspirosa, a fronte amada e bela !“
Mas
a lua, fitando o sol, com azedume:
— “Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade
imortal que toda a luz resume !”
Mas
o sol, inclinando a rútila capela:
— “Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfada-me
esta azul e desmedida umbela...
Por
que não nasci eu um simples vaga-lume?”
(Poesias
Completas)
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