BOLETIM DA DIRETORIA DE CRIAÇÃO NÚMERO 68

1-PRAGMATISMO.

Algumas conclusões do interessante artigo What happens to a radiograph ot the OFA: The submission and evaluation process, dos Drs. e diretores da OFA Ann L. Reed e G. Greg Keller, merecem comentários pela objetividade: 1- Além da importância do uso de reprodutores com coxo-femurais normais, mostram a importância das famílias dos pais dos reprodutores, inclusive dos seus irmãos; 2- Em 1966 foi criada a Orthopedic Foundation for Animals (a famosa OFA), entidade privada e sem finalidades lucrativas, com os objetivos de: a- Colher e difundir informações sobre doenças genéticas e ortopédicas dos animais, b- Alertar, encorajar e estabelecer programas de controle para baixar a incidências destas doenças, c- Estimular e financiar estudos sobre as mesmas e d- Capitalizar fundos e fazer doações para conseguir estes objetivos; 3- Os arquivos voluntários mantidos pela OFA incluem todas as raças de cães e gatos e possuem o maior banco mundial de dados sobre avaliações radiográficas sendo, por exemplo, uma fonte básica para orientação dos criadores sobre a displasia coxo-femural e maneiras de diminuir a sua incidência; 4- As radiografias submetidas ao exame da OFA devem seguir as determinações técnicas da American Veterinary Medical Association. A identificação do animal deve seguir as recomendações do American Kennel Club (AKC), tatuagem, microchip contendo um número ou DNA, devendo também constar informações sobre os pais do animal examinado. A posição do animal para a radiografia é semelhante a usada no Brasil, sendo recomendável a anestesia; 5- Como já visto nos nossos boletins, as fêmeas não devem ser radiografadas durante gravidez ou no período do estro, situações que aumentam a flacidez articular e facilitam a subluxação. A cadela deve ser radiografada a partir de um mês após o desmame, a partir de um mês após o término do estro e não radiografada no mês que antecede o estro. A inatividade física provocada por doença, pelo tempo frio ou chuvoso ou por um manejo inadequado (preguiça do dono geralmente) também leva a uma possível flacidez articular. A OFA recomenda radiografar o animal em perfeitas condições físicas; 6- Na OFA, a radiografia é examinada quanto a sua qualidade. Se houver deficiências (posicionamento inadequado, muito clara, muito escura ou borrada) é remetida de volta ao radiologista para a repetição. Se aprovada, recebe uma leitura de segurança por dois radiologistas da diretoria da OFA; o resultado não afeta a leitura final, sendo somente uma medida de segurança para uma radiografia que deverá ser enviada para fora da OFA. A leitura definitiva é feita por três radiologistas de um pool de 20 a 25 pertencentes a universidades ou exercendo a clínica privada. A leitura, feita independentemente por cada um dos três radiologistas, avalia nove áreas anatômicas: borda acetabular craniolateral, margem acetabular cranial, cabeça femural, fóvea, chanfradura acetabular, borda acetabular caudal, margem acetabular dorsal, junção da cabeça femural e o colo e a fossa tracanteriana. Com base na análise dos nove itens, a articulação é classificada em sete fenótipos: excelente, boa e aceitável, que seriam as A no Brasil e consideradas por eles normais, e mais limítrofe, displasia leve, displasia média e displasia grave. Feitas as leituras independentes, o diagnóstico final é dado pelo consenso entre as três. Exemplos: a- Dois laudos excelentes e um bom confirmam o diagnóstico final de excelente; b- Um laudo excelente, um bom e um aceitável confirmam o diagnóstico final bom e c- Um laudo aceitável e dois laudos displasia leve confirmam o diagnóstico displasia leve. Os laudos excelente, bom e aceitável recebem números da OFA que são tornados públicos. Os outros graus são revistos pela OFA que emite documentos confirmando os diagnósticos e que não são tornados públicos. Portanto, uma coxo-femural com um número da OFA é um atestado de excelência e qualidade, muito respeitado e aceito pelo AKC; 7- A análise das 1.5 milhões chapas radiográficas, avaliadas por 35 radiologistas, mostra: a- Em 94.9% dos casos, os três radiologistas são concordantes quanto aos diagnósticos das radiografias em normais, limítrofes ou displásicas; b- Em 73.5%, os três radiologistas concordam com um fenótipo (excelente, bom e aceitável, que são as tidas como normais, limítrofe ou displasias leve, média ou grave ); C- Em 21% dos casos, dois radiologistas concordam com um diagnóstico e o terceiro discorda em um grau (exemplo, um acima); D- Em 5.4% dois radiologistas concordam com um diagnóstico e o terceiro discorda em dois graus (exemplo, 3 acima). Portanto, a percentagem de concordâncias diagnósticas é alta considerando-se a subjetividade da avaliação; 8- A espera pela realização da radiografia até os 12 anos, como no Brasil, ou 24 meses, como exigido pela OFA, leva o criador a grandes gastos na manutenção de um animal que poderá ser displásico. A OFA aceita a radiografia prévia a partir dos 4 meses de idade do animal. A leitura da prévia é feita pelos radiologistas do staff da OFA, obedecendo as mesmas classificações da radiografia aos 24 meses. Estudo recente mostra alguns dados interessantes e práticos: a- Há 100% de possibilidade de uma radiografia prévia excelente ser confirmada, aos 24 meses, como normal (excelente, ótima ou aceitável); b- Há 97.9% de possibilidade de uma prévia ótima ser confirmada como normal aos 24 meses e c- Há 76.9% de uma radiografia prévia aceitável ser confirmada como normal aos 24 meses. A confiabilidade do resultado da radiografia prévia aumenta quando aumenta a idade em que é realizada. Para uma radiografia normal, a confiabilidade é de 89.6% aos 3 a 6 meses, 93.8% aos 7 a 12 meses e 95.2% aos 13 a 18 meses. Esses resultados mostram que os resultados das prévias são geralmente confiáveis. A OFA aconselha que um animal com diagnóstico aceitável ou displasia média na prévia deve ser reavaliado aos 24 meses. Outro levantamento mostra que, dos resultados preliminares com diagnóstico de displasia, 2.58% foram alterados para normais em exames após os dois anos de idade do animal e, dos diagnósticos normais, 8.49% foram considerados displásicos em exame posterior. Num universo grande, levando-se em conta as vantagens de um diagnóstico ser feito o mais cedo possível, essas percentagens de alterações de resultados são muito aceitáveis ; 9- Os programas de criação envolvendo um macho normal com uma fêmea normal não são custosos nos EEUU, pois envolvem somente custos com radiografias de dois animais. E é capaz de diminuir a incidência da DCF se usado durante gerações. O progresso pode ser mais rápido se forem usados animais normais originários de pais e avós normais, quando se consegue até 75% de filhotes normais. O uso de machos comprovadamente capazes de melhorarem as coxo-femurais também é um mecanismo acelerador do processo. Os dados sobre a incidência da DCF entre quatro das raças mais acometidas, e cujos dirigentes e criadores mais se dedicam ao seu controle, mostram o sucesso que vem sendo conseguido nos EEUU:

RAÇA   1980 1987-88 1994-95 MUDANÇA

1980 a 94-95

GOLDEN RETRIEVER EXCELENTE

DISPLÁSICO

TOTAL CÃES

1.8%

23.4%

18 169

3.0%

23.9%

7 939

4.4%

17.0%

6 888

+ 144.4%

-- 27.4%

PASTOR ALEMÃO EXCELENTE

DISPLÁSICO

TOTAL CÃES

2.5%

20.7%

12 810

2.8%

21.4%

6 516

3.3%

16.9%

5805

+ 32.0%

-- 18.4%

LABRADOR RETRIEVER EXCELENTE

DISPLÁSICO

TOTAL CÃES

10.4%

14.5%

15 343

15.9%

13.8%

10695

16.6%

11.7%

12 655

+ 59.6%

-- 19.3%

ROTTWEILER EXCELENTE

DISPLÁSICO

TOTAL CÃES

4.0%

24.0%

6869

7.5%

22.9%

10 823

9.6%

17.0%

5 386

+ 140.0%

-- 29.2%

 

e 10- Um dos problemas encontrados é a rotatividade dos criadores em atividade. Nos EEUU, o típico criador está envolvido no processo por 5 anos em média. Assim, os informados e experientes criadores são continuamente substituídos por criadores inexperientes não familiarizados com os problemas associados à DCF, principalmente da importância da participação no programa de rastreamento e controle da doença. Além disso, muitos criadores guiam-se somente pelos fenótipos individuais dos animais, sem o conhecimento dos seus ancestrais e colaterais, além dos resultados de ninhadas prévias produzidas por eles. Procuram os norte-americanos, no momento, baratear os custos das radiografias dos filhotes com 4 meses possibilitando o exame daqueles filhotes que serão apenas pets e não somente dos que serão usados para a criação ou exposição. Hoje, nos EEUU, já é possível radiografar ninhadas com 3 ou mais filhotes por apenas 30 dólares. Um exemplo a ser seguido ?

2- MUITO PREOCUPANTE.

Em uma revista leio que, na estatística divulgada pelo CBKC referente ao ano de 1997, o registro de filhotes de pastores alemães caiu para o quinto lugar entre todas as raças. Foram somente 3761 registros, número que acho preocupante para a sedimentação da criação. É difícil, senão impossível, falar em criação nacional registrando tão poucos filhotes num país continental. Foram registrados sete vezes mais filhotes de rottweiler, raça que ocupou o primeiro lugar. A raça quarta colocada, o yorkshire, registrou 1.5 vezes mais filhotes. Somente 476 filhotes separam o pastor alemão da sexta colocada, o husky siberiano, 557 filhotes do dachshund e 603 do boxer, ocupantes das posições seguintes. Somente o fila brasileiro teve um desempenho negativo semelhante ao pastor alemão. O pastor é líder nos registros na Itália, nas proximidades dos 20 000 anuais, líder na Alemanha com mais de 30 000 registros anuais, líder na França, na disputa com o labrador e o yorkshire e nos EEUU somente é ultrapassado para valer pela mania nacional, o labrador.

Se o número de registros é muito baixo, o número de animais radiografados é anêmico, o número de selecionados é esquálido e o de reselecionados desesperador.

Respeitado, admirado, amado e, algumas vezes odiado por suas involuntárias participações na história mundial, o pastor alemão pode ser considerado como o protótipo da vitória de uma raça de cães. É exposto constantemente e positivamente na mídia não paga quando, durante catástrofes, surge, atento e orelhas em pé e focinho colado no chão, farejando escombros na busca de sobreviventes.

Portanto, temos nas mãos um produto de primeira linha e de grande aceitação. Por que estagnamos?

Francamente, não sei responder. E não gosto de polêmicas sem embasamentos de fatos, muito menos sou Mc Carthy para caçar bruxas. E minha praia para estressar é outra.

Somente toco no assunto, num boletim que prima pelas matérias técnicas, pela gravidade da situação.

Afinal, todos nós temos responsabilidades com essa extraordinária raça de cães.

3- NASCIMENTO.

Nasceram os filhotes do acasalamento de Chip v. Antheus, RX QN, filho de Hobby v. Gletschertopf, RX N, e Amber v. Forsteck, RX N, e Núbia do Vale do Paraíba, RX N, filha de Mink v. Farbenspiel, RX N e reconhecido melhorador de coxos-femurais, e Nelita de Dois Pinheiros. Lembrar que Mink é filho de Henning v. Noort, RX N, e Kissi v. Farbenspiel, RX N. Hobby é um filho de Jeck v. Noricum (Odin,Quando), bastante aconselhado na Alemanha por manter o tipo do encadeamento genético do seu pai, inclusive com excelentes comprimentos de ossos e angulações dianteiras. A mãe de Hobby, Quitta v.d. Ehrenfeste, é uma boa matriz filha de Mark sobre a excelente Ines v.d. Ehrenfeste, filha de Eiko. A mãe de Chip, Amber v. Forsteck, é uma filha do VA Kevin v. Assaut sobre Manta v. v. Urbecke, uma neta do VA Putz v. Arjakjo.

Núbia é uma cadela grande, forte e substanciosa, muito bem pigmentada, cabeça forte, bem angulada nos anteriores e posteriores, com uma garupa de bom comprimento, excelente largura que poderia ser mais inclinada. Interessante nesta cadela é a grande influência fenotípica que sofreu do uso da linha Mutz, por Bax v. Spiegels Berge (portador do encadeamento genético excelente Dax, Gauner, Jonny e Mutz), cão que deveria ter sido mais usado, sobre Cilly v. Overledingerland, irmã de ninhada de Canto Overledingerland, pai de Arko de Pontiac, excelente padreador que gerava excelentes matrizes e muita substância. Interessante que, tanto Bax como Cilly tiveram como mães cadelas fortemente influenciadas por Canto v.d. Wienerau (Bax, filho de Airim v.Spiegels Berge, Argus v.d.Netheperle, Argus Klammle,Canto e Cilly, filha de Kathia v. Noort, vinda da fina flor Canto, filha do próprio Canto com Cilly v. Noort).

Os filhotes trazem uma consangüinidade V/IV em Quanto v. Arminius e V/IV em Uran.

A expectativa é de fenótipo para excelente matriz e com potencial muito grande para gerar boas articulações coxo-femurais com parceiros adequados. Produto do Canil Cabana dos Casaes, da Sra. Eliana Gonçalves Casaes.

4- CELULITE.

A mordedura do homem pelo cão ou pelo gato pode provocar no local uma infecção chamada celulite por bactéria chamada Pasteurella multocida. A mordedura do cão também pode provocar celulite por bactérias como Staphylococcus intermedius, pela Capnocytophaga canimorsus e por variedades de anaeróbios. Lavar o local copiosamente com água e sabão e procurar cuidados médicos para prevenção do tétano, da celulite e orientações sobre a raiva. A propósito: Tem vacinado o seu cão anualmente contra a raiva?

Dr. José Carlos Pereira, Diretor de Criação

 

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