30 - "Tudo aquilo que minha agenda plaanejou, o inesperado transformou" (Edgard Scandurra)

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Alexandre Matias

 

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boca do lixo
A porta de entrada para o underground

Outro dia, tava trocando uma idéia com o Tom Leão por email e ele me perguntou se eu não queria fazer um box em primeira pessoa pra uma matéria que ele tava fazendo. Falava de fliperama e da mutação LAN house e queria um depoimento sobre a mutação de um prisma mais, er... old-skool. Meu péssimo hábito de ver emails sem freqüência me fez perder a deixa, mas já que ele tocou no assunto...

Fliperamas, no meu tempo, eram a boca do lixo. Desculpe soar saudosista e nostálgico, mas de vez em quando isso acontece. Imagine um bar, imundo, azulejado, cheio de gordura, mal-iluminado, naqueles lotes comerciais verticais, um simples corredor paralelo ao balcão e as poucas mesas  enfileiradas à parede contrária. No fundo, a chapa de um lado e o caixa do outro. A clientela, tipica e rala, beira os quarenta anos, está desemprega e entregue ao ócio, a barba por fazer e está quase sempre meio bêbada.

Agora tire o balcão e a chapa e as mesas, colocando, lado a lado, na parede em que ficavam as mesas quadradas de lata, máquinas de pinball, uma do lado da outra. Uma mais velha que a outra. Todas tão reconhecíveis quanto cada um dos mesmos velhos clientes, moleques grandes com mais de vinte anos, que têm a mesma expressão da clientela do bar do parágrafo anterior: quarentona, desempregada, ociosa, barba por fazer, meio bêbada.

Eis um típico fliperama da minha infância nos anos 80. Viagens ao Rio e a algumas cidades do nordeste além de papos com conhecidos gaúchos e paulistanos vieram comprovar que aquele formato era quase universal, variando apenas de acordo com o tamanho do imóvel em questão. Mas o fato é que, nos anos 80, casas de jogos eletrônicos eram exatamente o contrário do que são hoje.

Você sabe o que é LAN house? Imagine um cybercafé interligado num mesmo videogame do tipo Doom (daqueles que o jogador assume a mira em 3D do protagonista - a próxima vez que ler as letras FPS, saiba que elas significam First-Person Shooter - este tipo de jogo). Todas as pessoas no local estão na mesma partida, se agredindo mutuamente enquanto engolem litros de gatorade ou energético. Jogadores hardcore varam noites inteiras destruindo adversários menos encanados, que compraram poucas horas, apenas para matar o tempo e se inteirar socialmente. Pois qualquer máquina de LAN house é um computador como o que você está lendo este texto agora, e você pode trocar as horas de combate virtual por uma seção interminável de ICQ ou pela típica zoeira fundo de ônibus que são as salas de bate-papo. Ou fazer tudo ao mesmo tempo: assim, a molecada gasta suas verdadeiras jovens tardes. Marcando encontros online e os consumando offline, como um correio elegante moderno, uma  Assim é uma LAN house - um paintball virtual e um shopping center sem corredores, tudo num lugar seguro e confortável.

(Recomendo, inclusive, safaris antropológicos nestas casas. Essa molecada tem mais cérebro que a geração anterior, de miolos derretidos como manteiga no copo gigantesco de pipoca, embora seja predominante - e presumível - seu claro posicionamento ideológico: sectário, individualista, preconceituoso, reacionário e direitosos. Mas são garotos e garotas de 14, 16 anos e o contato comunitário que a LAN house aos poucos reacende é diametralmente oposto ao desfile de status que o shopping center se tornou. Fora que é uma molecada que cresce sem ranços artísticos e escuta Racionais, trilha sonora da Malhação, Anderson Noise e Nirvana sem distinção. Não tem dessas de "música de botão", "não gosto porque não é cool" ou quebrar discos ruins - espasmos fascistas disfarçados de "gosto musical" que o rock'n'roll deixou de herança. Fora que das LAN houses, os moleques vão pras raves - ou seja, uma adolescência não muito diferente da minha, que pulei dos fliperamas de rua para as festas de faculdade - só que há a mentalidade inclusiva da eletrônica, que é radicalmente diferente)

Quanta diferença. Casas de diversões eletrônicas, para os nascidos nos anos 70, significavam tudo que os pais não queriam para os filhos. A atmosfera, a vizinhança, as más companhias - tudo favorecia à degeneração do caráter dos filhos da classe média. Fliperamas de rua não eram casas seguras de lazer. Posicionados em endereços nada convidativos, estes estabelecimentos não apenas expunham jovens crianças à degradação humana, mas as entregavam a um mundo estranho e proibido. O underground.

Foram os fliperamas que me levaram ao Conic, por volta de 1985, 86... Faz muito tempo que eu não vou a Brasília, que dizer de visitar o centro comercial do B, que cedeu às forças do mal... Brasília é o tal do aeroplano visto de cima, com duas metades bem distintas, norte e sul. O centro comercial da asa norte, de frente ao imponenete Teatro Nacional, floresceu como o principal shopping da cidade, chamado Conjunto Nacional (cuja fachada de neons é cartão postal candango). Atravessando o Eixo Monumental (a avenida que se estende pelo corpo do avião do mapa), damos de cara com o Conic, o Conjunto Nacional da asa sul. Há um estranho desequilíbrio nas forças racionais da capital, afinal a asa sul sempre foi, à maneira carioca, sinônimo de modernidade e contemporaneidade, enquanto a asa norte assumia ares de subúrbio. Mas, próximo ao encontro das asas, era o shopping do lado norte que se destacava, enquanto o do lado sul...

Haviam dois cinemas que ligavam o Conic com a vida real: o Atlântida (um dos principais palcos cinematográficos de Brasília, que viu a insólita e incendiária sessão de estréia de Rock Estrela - eu tava lá) e o Bristol, além de algumas lojas de roupa no lado que ficava logo em frente ao posto do Touring. Eram eles quem fingiam-se como fachada família do Setor de Diversões Sul (nome técnico do Conic). Mas qualquer família em Brasília sabia o que acontecia nos corredores do fundo do shopping center.

Era o submundo. Havia o Cine Ritz, pornô, e uma loja de camisetas de heavy metal. Três famosas casas de massagens e o Teatro Dulcina. A infame Berlim Discos (a Baratos Afins de Brasília) e escritórios de advocacia de fachada. Lojas de instrumentos musicais, palco de bandas iniciantes, moleques matando aula, brigas de galera, skinheads, policiais fumando beque, cola de sapateiro debaixo da rampa, meninas dark, universitários, gangues punk, troca de fitas, sorrisos de putas e tchauzinhos de travestis. E fliperamas de rua.

Todos tinham a mesma cara: corredores imundos e engordurados, à meia-luz da tarde seca, com dois ou três fregueses grudados perto de uma ou outra máquina. Foi um acordo conjunto. A W3 havia ficado pequena para minha turma e todas os fliperamas de rua tinham nossas marcas. Era tempo de gangues e abreviaturas. Todos marcavam suas iniciais em todos os lugares, assinalando território. Tempo do império MTZ, de cyberpunks do terceiro mundo, pichando muros e scores de máquinas de pinball.

Mesmo sem saber, em nossa ingênua liberdade, éramos isso. Vivíamos a violência das ruas por puro glamour primitivo, latas de spray e joysticks mirando na apatia do sistema. Andávamos de skate e bicicleta, cheirávamos tudo o que parecia fazer mal (além de clorofórmio e lança-perfume) e entrávamos em brigas sem pestanejar. No som, ouvíamos fitas piratas de bandas de Brasília (o show do Legião na sala Villa-Lobos e o festival Rock na Rampa, com Beta Pictoris, Escola de Escândalo e outras dez bandas eram obrigatórios) e bandas que as influenciaram: Joy Division, Sex Pistols, Cure, Jam, Echo & the Bunnymen, Television, Buzzcocks, Clash, Bauhaus, Gang of Four, Talking Heads, Ramones, Dead Kennedys. Procurávamos uma menina que fosse cool como a Siouxsie e normal como a Molly Rigwald, visual que todas as meninas tentavam imitar - tirando as patricinhas, que giravam os olhos pra cima, meio assustadas, meio exultantes, quando descobriam, na marra, aquele universo.

Depois da W3, restava o Conic. O prédio, baixo (deve ter uns dez andares) e horizontal, nos olhava como uma risada cínica. Três moleques de BMX surradas, cruzados novos com a cara do Juscelino enfiados nos tênis sem meia, encarando o prédio como se este fosse cérbero. Cine pornô, teatro, drogas, punk, metal, cola, sexo, brigas, violência. Era como se o universo de perdedores e vagabundos das tiras do Angeli realmente existisse. Era o antônimo de sociedade, mas não era a barbárie. Este universo funcionava, à sua maneira, melhor do que o mundo que conhecíamos. Não sabíamos nada disso, mas era como se soubéssemo, o dia em que resolvemos, para jogar fliperama, entrar no Conic.

A princípio, uma volta de reconhecimento. O zerinho-ou-um definiu quem iria, sozinho, ao caixa, comprar cinco fichas e gastar apenas quatro, salvando a última longe dos olhos do caixa. Anos de perícia em bancas de jornal e supermercados nos qualificavam para aquele momento. O escolhido foi, jogou quatro partidas de 1941 e voltou como se tivesse jogado cinco. O golpe perfeito, se gabaria a seguir, orgulhoso de fingir cinco partidas com apenas quatro fichas. As preocupações da adolescência...

Em nossas baiques, descemos a rampa do Touring e pedimos "chumbo de pneu". Simples assim. Prática comum entre os brasilienses, a extração do metal, ainda mole, dos vãos internos de pneus de borracha era "a" tática dos jovens brasilienses contra os "senhores do fliperama". Simples, bastava dois sabonetes e uma ficha original para criar um molde. Depois, tirava-se a ficha e colocava-se o chumbo mole no vão esculpido entre os dois sabonetes. Há quem fizesse com couro, mas os resultados não eram satisfatórios, pois às vezes a ficha falsa caía, mas era tão leve que não pressionava o botão no interior da máquina.

Com as fichas feitas no sabão, não tinha segredo. Bastava comprar cinco fichas e, num processo inverso ao original, jogar dez partidas como se fossem cinco. Com o tempo, era preciso trocar de estabelecimentos, mas os três sujeitos do Conic caíam bonito na ficha de chumbo. Cheguei a comprar uma ficha falsa das mãos daqueles caras, prova que guardei do golpe perfeito.

Mas, aos poucos, o fliperama perdia o ar desafiador e era assimilado. Logo, o imenso sorriso cínico do Conic também era nosso. E todas as putas, os traficantes, os metaleiros, as meninas dark, as brigas, as alunas do teatro, as latas de cola, os discos punk, as camisas de metal, o sexo descompromissado, o cinema pornô, os advogados traficantes, os policiais corruptos - tudo era nosso.

E ao mesmo tempo, não era. E ao mesmo tempo, nós éramos dele. Uma sensação estranha, um sentimento de familiaridade com o desconhecido. É isso que chamamos de underground.

talagadas
Random tidbits sobre porranenhuma

Suíte
Muita gente se empolgou com o texto da semana passada, em que eu jogava medievais e desplugados no balaio do reacionarismo. Mas os eletros não estão 100% certos. Outro dia, falo deles.

Noite dos sonhos II
Imagina, na mesma noite, Chico Correa, DJ Dolores, Stereo Maracanã, Sonic Júnior, Instituto, O Rappa, Marcelo D2 e Nação Zumbi. Tinha que sair em fila, passando por várias cidades do Brasil, eletrocutando todo mundo com uma overdose de informação e atitude que ultrapassaria, em importância, a Semana de 22 (que, cá entre nós, me parece tão "revolucionária" quanto a cena indie jazz que era a bossa nova...)

OutrÓdromo
O Skol Beats deve sair do Autódromo de Interlagos para o Sambódromo de São Paulo. Os primeiros nomes a pintar na rede de boataria são o sempre bem-vindo Laurent Garnier e o pessoal da Slam. E não custa lembrar que no ano passado, o Luiz Eurico Klotz (diretor artístico do festival) queria ninguém menos que Chemical Brothers e Basement Jaxx. Não custa torcer.

Opa...
O que é isso?

Columbia pictures television
Isso é que é revival dos anos 80.

Over
O Saci Tric acabou. Uma das bandas mais simbólicas do underground baiano pediu as contas após um disco pouco ouvido, o ótimo Ao Vivo no Theatro XVIII, de 2001. Seu vocalista, Rolnei Jorge, parte para a carreira solo com o auxílio luxuoso de Gilberto Monte (Tara Code, O Cumbuca).

Triste
É ter de procurar pelo copo em que você estava bebendo.

É impressão minha...
...ou a musiquinha que toca nos comerciais do Big Brother é "Come As You Are" numa versão power turbo overdrive?

MP3 da semana
Se quarta passada, a dica era "Rainmaker", do Grenade (que pôs música nova, "Gooday" - mezzo Meddle, mezzo "Good Day Sunshine" -, em seu site), esta semana é a vez de "Catete Beats", um inspirado db do Gerador Zero que casa aquele andamento 2-step com guitarrinhas pós-punk (e ecos de NWOBHM) de fazer Robert Fripp sorrir de orelha a orelha. E bem no nível G0 de produção: detalhista sem soar barroca, popular sem apelar pra deixas populistas, para se ouvir em casa, na pista ou no carro. Baixa .

Pós-pone
Parece que adiaram o Extermínio, o filme novo do Danny Boyle que falei nessa coluna, acho, pra agosto. Que onda.

Barbárie
E estréia nesta sexta o filme novo de Scorsese, Gangues de Nova York, aclamado, entre outras coisas, por mostrar as raízes da violência americana. Não vi e já gostei, afinal é Scorsese e certas pessoas têm essa moral. Mas você não tá procurando a raiz da violência americana num filme, né? Se estiver, vá ao pai dos burros indústria cinematográfica e preste atenção em um de seus diálogos mais emblemáticos: "I'm going to live through this and when it's all over, I'll never be hungry again! No, nor any of my folk. If I have to lie, steal, cheat or kill! As God is my witness, I'll never be hungry again!". Gotcha?

Complexo de inferioridade?
Alguém me explica isso aqui?

cut+paste
Citar é fácil

Now Corporations Claim The "Right To Lie"
Corporations are non-living, non-breathing, legal fictions. They feel no pain. They don't need clean water to drink, fresh air to breathe, or healthy food to consume. They can live forever. They can't be put in prison. They can change their identity or appearance in a day, change their citizenship in an hour, rip off parts of themselves and create entirely new entities. Some have compared corporations with robots, in that they are human creations that can outlive individual humans, performing their assigned tasks forever.

O denuncismo amoroso
Sem carecer nem mesmo gastar a saliva nos selos, os tempos modernos nos trouxeram a explosão da carta anônima de volta. “Ah um hotmail anônimo!”. Você vai lá, fácil que nem empurrar bêbado ladeira abaixo, e cria o endereço da maldade.
A carta tinha mais credibilidade e carga dramática –do ato de rasgar aquele envelope misterioso ao “decifra-me ou te devoro” da caligrafia-, mas o estrago de um email bem fundamentado pode ser equivalente. Nitroglicerina pura.

Batalha Espiritual
Novembro de 2000

1
A meu ver, a legislação corporativa é baseada na velha ficção judicial do Rei de Dois Corpos. O rei individual morre mas o Rei, a entidade, nunca morre, e certas características pertencem ao arquétipo, mas não ao mortal soberano. Por exemplo, o rei mortal não pode vender ou alienar terras - o reino em si - pertencentes ao Rei imortal. Mas o rei mortal partilha dos exclusivos direitos do seu sósia imortal, como o privilégio de conceder monopólios. Os monopólios (como a Companhia das Índias Orientais ou os monopólios chineses de sal) formaram os germes da corporação moderna. No entanto, a verdadeira corporação moderna passou a existir quando o conceito de monopólio foi desbloqueado e combinado com o conceito do corpo real em uma única entidade. Deste modo, perante a lei, uma corporação goza de muito mais privilégio e muito menos responsabilidade ("obrigações limitadas") do que qualquer reles humano. Uma corporação pareceria mais ser uma des-corporação, um ser espiritual, desencarnado, imorredouro, com vastos poderes no plano material. Parece a descrição de um demônio, não é verdade? Em um só século a legislação corporativa teve êxito em forjar um dublê oculto que faz o satanismo parecer um inofensivo hobby para empregados insatisfeitos.
A área de finanças é outra atividade altamente espiritual, enraizada no fato de que os bancos primordiais eram templos. No final do quarto milênio, templos sumérios freqüentemente emprestavam dinheiro ou commodities: gado, cevada, prata – com taxas de até 33,3% ao ano. A tradição do Jubileu (presente na Bíblia), a periódica anistia de dívidas, aparece pela primeira vez na Suméria. A economia teria entrado em colapso sem tais válvulas de segurança. O banco moderno resolveu esse problema obtendo o monopólio da criação de dinheiro. A invenção de moedas na Lídia, no século XVII a.C., facilitou essa mágica. Ao emprestar (com juros) dez vezes as suas reservas, o banco simplesmente cria o dinheiro necessário para pagar as dívidas que lhe são devidas. O Federal Reserve Bank (um banco privado com um monopólio) efetivamente cunha dinheiro e o empresta ao governo. A maioria dos estados está, há séculos, em dívida com bancos privados.
A chave para tal mágica era cortar todos elos entre as commodities (por exemplo, cevada ou prata) e o dinheiro. O dinheiro, liberto de sua âncora de bens reais, pôde flutuar para sempre, forjando a si próprio eternamente. A história do dinheiro revela uma sempre atenuada conexão com a rude materialidade, até que em 1973 o (altamente mágico) elo com o ouro foi dissolvido pelo alquimista Nixon. Neste ponto, o dinheiro começou uma apoteose selvagem espiralada que ainda perdura. Hoje, mais de 95% de todo o dinheiro não tem qualquer conexão real com nenhuma substância material. Não se trata de capital produtivo, mas capital "puro" – não riqueza, apenas dinheiro. Dinheiro gera dinheiro, como Ben Franklin alardeou – a sexualidade do Morto. Pura espiritualidade e, entretanto, provida de um absoluto poder sobre a materialidade e a própria vida. Dinheiro: não apenas a linha central, mas a única linha, o cercado final – o desaparecimento da Margem.
Em resumo, o dinheiro é mais um demônio. A paisagem das nossas velhas e cansadas Luzes efetivamente parece assombrada por espectros (ou "hobgoblins", como na primeira tradução inglesa do Manifesto Comunista). Corporações e bancos precisam ser compreendidos à luz da história das religiões. Estranhos fantasmas habitam a cabecinha do "neo-liberalismo" no seu triunfalismo sem controle. Precisamos de uma crítica hermética das instituições. Queremos uma ciência dos hieróglifos para nos ajudar a penetrar o transido labirinto de texto e imagem que esconde (no seu centro) o agudo não-ser das corporações e dos bancos, e a natureza puramente mágica do dinheiro.
A ideologia nos aparece agora como, ainda, outro fantasma. A ideologia nos traiu, não (como é o caso dos bancos e das corporações) ao ganhar, mas ao perder, no último milênio, a força da hegemonia paradigmática. Se a dialética vai arrancar de novo no século XXI, a ideologia não dará a partida. O movimento social precisa ser reestruturado, não apenas ressuscitado. Algo milagroso urge. Algo "impossível".

Tricotar é a nova moda e símbolo da contracultura
Nós fabricamos tecido a partir de rolos de lã há dois milênios, mas tricotar foi por um bom tempo algo para se fazer em casa antes de se chegar às ruas como símbolo "cool" da contracultura. Quando foi declarada atividade terrorista em potencial nos aviões, após os ataques de 11 de setembro, todos já estavam fazendo: modelos escondiam-se em banheiros durante desfiles para tricotar, enquanto Hollywood estava dominada - Julia Roberts, Cameron Diaz e Madonna já assumiram o tricô como um hábito. Em Hoxton, perto de Londres, um grupo de tricoteiros começou a se encontrar semanalmente em bares.
O tricô como atividade atraente tanto a homens quanto a mulheres pode marcar sua transição definitiva de um sonífero passatempo de senhoras idosas para um hobby respeitável como qualquer outro. A marca de roupas Pringle deve lançar em fevereiro seu Kit Tricô, pacote que inclui agulhas e lãs pretas e cinza suficientes para confeccionar um cachecol.
Mas a prova definitiva de que essa atividade também pode ser feita por homens chegará em março, quando a Knitting and Crocet Guild of Britain (Associação Britânica de Tricô e Crochê) planeja uma edição dedicada ao tricô masculino de seu jornal Slipknot. Rita Taylor, diretora da associação, acredita que o processo atual se encaixa no aumento da disposição dos homens em assumir tarefas anteriormente destinadas às mulheres. E os sexos diferem no modo de tricotar? "Os homens são mais audaciosos do que as mulheres, eles mostram uma maior disposição de correr riscos e sair dos padrões", diz Rita.
No ano passado, a associação esteve envolvida em batalha legal com a banda de rock pesado Slipknot. Milhares de fãs bombardearam seu site exigindo que o nome do jornal fosse mudado. Será que alguns desses correspondentes converteram-se ao tricô? "Não sei, mas acho que a banda vai se separar depois do próximo disco. Então, pode-se dizer que o tricô levou a melhor."

matias
psychedelic
breakfast

Três considerações pela manhã

R&S: Mondriando
SSU: Amazonot
MG: Social engineering rulez

no noção
Internet tem dessas...

Segunda-feira, Fevereiro 03, 2003
Bahh hj tava mto tri, tava na rua, tomando mate c a minha irmã esperando o Maicon, ai chego o byron e tal e fikamos conversando, depois veio todo mundo aki de casa, todos na rua, ai passo um tempinhu e chega o Maicon, ai eu e o byron sentamos nas pedras e fikamos conversando, eu o Maicon e o Byron, bahh eu nunk ri tanto, tava mtooo show!! sem noçao.. pra vcs terem noção eu e o Maicon fikamos conversando e tal ate quatro horas e tal, sendo que é claro que meia noite por ai o Byron foi embora ne, e eu fikei conversando tb com minha amigona a Franzinha hehehe vo na casa dela hj (Domingo) sendo que tudo isso aconteceu (Sábado) só postei agora porq mal fikei no pc hehehe pra falar a verdade só entrei p fala com o Maicon e fala pra ele vir aki e tal. mas tava mto show, aproveitei bastante, vo dormi cedimm hj p eu passa a tarde com a Fran e mais tarde fik aki com o Maicon. Mas é isso.. tava mto legal, eu ri bastante, nunk me diverti tanto.. o Byron so avacalho, ai não sei que horas eram, o Raul (meu outro amigao) passo de carro ali na frente de casa, eu tava c o Maicon e tal, e dei um oi nele, ele tava com a namo dele e tal. Mas eu gostei, achei mto 10... ;)

Sesereia_TNT

Quarta-feira, Novembro 27, 2002
Eh pessoal... infelizmente nao foi dessa vez...
O festival da Transamerica acabou e o AHUYA passou batido... bom, azar o deles que perderam a chance de serem os responsaveis pelo surgimento da maior banda dessa decada...
Gostaria de agradecer muito a todos que nos ajudaram votando e torcendo pra tocarem nossa musica na radio!!!
Nao pensem que estamos desanimados... muito pelo contrario! Estamos com milhares de coisas pra fazer e estamos nos mexendo pra fazer no menor espaco de tempo possivel... ate fevereiro estaremos voltados para a gravacao do nosso CD e, paralelamente, ja estamos abrindo nosso espaco para divulgacao, etc.
Eh isso ae galera! Em breve novidades aqui no site... fiquem de olho!
AHUYA!!
Por Artur Mascarenhas, as 9:56 AM

emblog
Pensando com a cabeça dos outros

O browser é meu! 
Sabe aqueles sites chatos que mostram a mensagem "deve ser visualizado em 800 x 600, 16 milhões de cores, em Internet Explorer com Java"? Chatos, né? Mas tem gente que faz pior, achando que é sutil.
O Rafa acabou de me mandar pelo ICQ um site de uma grande empresa brasileira, feito por uma agência que se acha a rainha da cocada preta da Internet (é agência especializada em Internet, então deveria entender do negócio). Ao chegar no site este abre um popape em tela cheia que abre outro popape, este sim com o site propriamente dito. Este segundo popape, obviamente, de um tamanho específico que não pode ser mudado. As páginas também não funcionam direito no Mozilla, mas isso já era de se esperar. Vou no site da tal agência e vejo que eles anunciam o lançamento de um novo site de um cliente. Resultado idêntico: um popape com tamanho fixo. Devem se achar o máximo. Já até consigo imaginar o cliente babando: "Uau! Nosso site ocupa a tela toda do usuário, que demais!"
Vamos repetir até o pessoal entender: o browser é meu, não é seu. É como se eu sentasse no ônibus, abrisse um jornal, fosse tentar dobrar ao meio (pra facilitar a leitura sabe?) e o jornal não dobrasse. Se eu fosse reclamar com o jornal eles iam dizer "mas não foi assim que eu pensei em você ler o jornal" ou ainda "este jornal não foi desenhado para ser lido no ônibus, só na privada". Não é porque o navegador te dá controle sobre a navegação que você vai abusar. Os jornais, para continuar no exemplo, fazem pesquisas para tentar entender como as pessoas lêem, não forçam nada. É por essas e outras que anúncio na página "da direita" é mais caro, por ser ali onde as pessoas olham primeiro, pelo movimento da leitura. Um jornal não sabe se você começa pela primeira página, pula pra Esportes e depois vai para os quadrinhos. Eles têm uma estatística, mas sabem que cada leitor é um caso (os canhotos gostam de ler de trás pra frente, por exemplo) e que não podem controlar o ato de leitura. A Internet, que deveria ser o meio de comunicação mais livre de todos, acaba sendo o mais restritivo. Quem cria para a Internet anda confundindo tecnologia com controle, em nome de uma liberdade criativa que só beneficia seu próprio ego, não o usuário final.
Se um jornal ou revista tentasse limitar a maneira com que as pessoas o lêem a reação imediata seria uma queda nas vendas daquele veículo. Na Internet todo mundo acha essa tomada do controle normal (afinal de contas nove entre dez sites assim fazem) e segue navegando pelo site.
O browser é meu, não seu. Estamos entendidos, senhores publicitários da web?
PS para os amantes dos popapes: graças aos gênios da publicidade (que descobriram que meter um popape na cara do usuário é a maneira mais inteligente de anunciar) muita gente está usando pop-up-killers. Então os seus queridos sites que custaram milhões de Reais tornam-se apenas páginas em branco com erros de Javascript. Bem feito.
CrisDias

Esplanada dos Ministérios
Acho que quem mora em Brasília, votou em Lula e tem, como eu, grandes esperanças nesse novo governo, deve compartilhar comigo uma sensação muito interessante quando passamos pela Esplanada dos Ministérios. Antes era inevitável olhar para aqueles prédios e, apesar de sua beleza e harmonia, fazer algumas caretas ou até soltar alguns palavrões. Agora é diferente. Na primeira vez que passei por lá após a posse, dei um sobressalto e pensei: "meu Deus, veja só quem é que está ocupando esse espaço agora!" Uma energia diferente está fluindo agora daquele lugar, pelo menos na minha percepção. Uma esperança que torço para se concretizar.
Hoje recebi um texto bem legal do Frei Beto e percebi que esse sentimento de surpresa é partilhado também com aqueles que estão lá, metendo a mão na massa.
Bem, além da semelhança do sentimento que ele expressa no texto, eu gostaria de destacar aqui um pequeno trecho:
São poucos dias dentro da máquina do governo. Mas uma só coisa me causa enfado: os pedidos de emprego, como se o Estado devesse manter a sua tradição clientelista de cabidão dos correligionários e amigos. Felizmente o novo governo se pauta por respeitar os funcionários de carreira, preservar os de notória competência, nomear para funções estratégicas e de confiança profissionais de relevante capacidade em suas respectivas áreas.
É incrível a quantidade de pessoas que aplaude o discurso, mas não acredita realmente nele ou, no mínimo, não entende realmente o que ele quer dizer. Lembro quando minha mãe foi nomeada Diretora Financeira da NOVACAP, em 95, no início do governo do Cristóvam. Ela trabalhou intensamente na campanha, quando dizia que eles queriam fazer um governo ético, que ela não estava naquela luta para proveito próprio, mas por uma causa na qual acreditava. Depois, pessoas que apoiavam e diziam concordar com o discurso queriam os favores. Tsc, tsc.

Zamorim

Jack Kerouac - On the Road
Three generations of writers, musicians, artists, and poets cite their discovery of On the Road as the event that "set them free."
On the Road chronicles Jack Kerouac's years traveling North America with his friend Neal Cassady, "a sideburned hero of the snowy West." As "Sal Paradise" and "Dean Moriarty," the two roam the country in a quest for self-knowledge and experience. Kerouac's love of America, his compassion for humanity, and his sense of language as jazz combine to make On the Road a work of lasting importance.
A moleza do dia é que eu subi o arquivo .pdf com o livro completo (em inglês). Eu sei que é sacal ler no monitor, mas taí um livro que eu já estava com vontade de ler fazia algum tempo.
Fernando Rocha

Triste mesmo é ver o estado da dramaturgia na TV. É impressionante o nível de didatismo a que chegam as tramas e os diálogos nas atuais novelas e mini-séries. Não há mais espaço para meias-palavras, sentimentos reprimidos, silêncios constrangedores. Não é mais permitido que se interprete o subtexto e se abstraia o significado de uma cena. Não é mais necessário fazer tamanha ginástica mental. Tudo é objetivamente explicado, nos mínimos detalhes.
Essa "Casa das Sete Mulheres", por exemplo. Trama histórica, superprodução, possibilidades promissoras. Mas qual o quê... Até me solidarizo com os atores - está certo, Mariana Ximenes é mesmo adoravelmente canastrã, mas nem Fernanda Montenegro daria jeito em um texto tão capenga. Chega a ser infantil de tão auto-explicativo. Após um embate dramático com seu amado, a atriz se tranca no quarto, deita-se em sua cama e, põe-se a chorar?, não, corre a explicar suas aflições ao atento espectador. Meu Deus, como fala-se sozinho nas novelas brasileiras! Em "O Clone" o recurso já era diferente: os pensamentos eram declamados ao fundo, tentando definir pelo texto o que na verdade gostaria de transmitir a indevassável expressão do Murilo Benício.
Tudo isso é sintomático da incapacidade e preguiça do público? Talvez, mas é certamente gerado pela incapacidade e preguiça dos próprios realizadores das produções.

Cartas de Maracangalha

pop will eat itself
terminei de ler a bomba informática, de paul virilio, em criciúma.
antes dos quotes dos melhores momentos, cabe uma impressão que eu estava tendo sobre a realidade ser um artigo cada vez mais raro nas prateleiras. quanto mais os produtos precisam deste combustível para abrirmos nossas combalidas carteiras, mais a realidade é cooptada e mesclada ao "mundo dos sonhos" publicitário. everything has a value on the open market, e quanto mais diáfana a realidade, maior o desejo por ela, e portanto, mais seus fracos pontos de expressão (credibilidade, confiança nos sentidos, estabilidade) são sequestrados.
ah, lembrando que paul virilio é um velho orgulhoso (como todo intelectual europeu, aliás), que confunde a decadência de seu corpo com a falência de toda uma civilização. some grain of salt is advised.

"se a
interatividade for para a informação o que a radioatividade é para a energia, então estamos diante da temível emergência do "acidente dos acidentes", um acidente não mais local e situado precisamente, mas global e generalizado, (...) capaz de interferir simultaneamente em toda parte."
"A informação é menos o conteúdo explícito que a rapidez do seu feedback (
indeed, true. O importante é a reverberação, quanto menor o delay, mais eficiente o meme).
"nessa conjuntura globalitária - verdadeira guerra fria civil, guerrilha de um comércio de execução simbólica dos concorrentes - o "espaço publicitário" já não é o dos intervalos dos filmes ou spots de televisão,
é o espaço-tempo real de toda comunicação.
A inflação virtual já não diz respeito, pois, à economia dos produtos manufaturados, à bolha financeira, mas à própria compreensão de nossa relação com o mundo.
A partir daí, o famoso
risco sistêmico já não é apenas o da falência das empresas, dos bancos, por reação em cadeia, como hoje na Ásia, mas sim a temível ameaça de cegueira, de uma cegueira coletiva da humanidade; a possibilidade inaudita de uma derrota dos fatos e, pois, de um descontrole de nossa relação com o real..."

comparando agora, até que minha entrevista pra revista play não parece tão apocalíptica...
Non Linear - 13:57

Sabe o que significam 30 bilhões de dólares?
"1. A quantia é três vezes maior que o valor envolvido em um dos mais bombásticos escândalos financeiros de que se teve notícia na Argentina. Sob investigação das autoridades locais, suspeita-se que US$ 10 bilhões sumiram do país dias antes da decretação do corralito, em dezembro de 2001.
2. A dinheirama equivale a R$ 108 bilhões, que daria para tapar o rombo da Previdência Social durante dois anos seguidos ou bancar o programa Fome Zero durante 21 anos.
3. Significa nada menos que 8% de toda a riqueza que a economia brasileira é capaz de produzir durante um ano e corresponde ao dobro da economia nas contas públicas que o governo brasileiro terá que fazer neste ano para cumprir o acordo com o FMI."
Absurdo, inaceitável e muito, muito assustador.
O resto você lê aqui. Como meia dúzia de, com o perdão da palavra, filhos de umas putas conseguiram em três anos, desviar essa singela quantia dos cofres públicos brasileiros.
Não existe outro remédio, é paredão e tá acabado. Tolerâcia Zero já.
Haroldinho

sábado, 25.01.03
Microsoft ontem:
Microsoft Promises a More Secure 2003.

Microsoft hoje: quase toda a Internet fora do ar.

The Internet Has Broken
Massive DDoS attacks all over US
Internet traffic broadly affected by electronic attack
Virus-like attack hits web traffic
MS SQL Server Worm Wreaking Havoc
Internet slowed by suspected denial-of-service attack
Computer worm slows global Net traffic
Electronic attack slows Internet
SQL Worm Pounds Internet

O vilão: uma falha no Microsoft SQL Server. Surpreso? :-)
Concatenum

 

hitofdasummer
Óculos escuros e cabelos ao vento

»  "Argent Trop Cher", Tarace Boulba
»  "Say Hello to Angels", Interpol
»  "Astawesalehu", Lemma Demissew
»  "Walking on Sunshine", Katryna & the Waves
»  "Sapo da Banca", Záfrica Brasil
»  "Snip Snap ", Goblin
»  "Go!", Tones on Tails
»  "Falador Passa Mal", Originais do Samba
»  "Highagain", Stereo Maracanã
»  "Disco 2000", Nick Cave
»  "We Rock Hard", Freestylers
»  "Nuclear Fusion", Jimi Tenor
»  "Ballroom Blitz", The Sweet
»  "Changes", Black Sabbath
»  "I Want a New Drug", Huey Lewis & the News
»  "Medicine Man", Playgroup
»  "Good Day", Jimi Tenor
»  "Na Pista", Casino
»  "Locomotion", Grand Funk Railroad
»  "Walking on Thin Ice", Yoko Ono
»  "Catete Beats", Gerador Zero
»  "Uptown Top Rankin", Althea & Donna
»  "Faz Tempo", Nação Zumbi
»  "Things Are Getting Better", N*E*R*D
»  "Pasta Al Burro", Bugo
»  "Ball of Confusion", Temptations
»  "O Tolo dos Tolos", Ira!
»  "Rainmaker", Grenade
»  "See You", Depeche Mode
»  Os quatro primeiros compassos de "Hey You", Bachman-Turner Overdrive
»  "Baby I'm Gonna Leave You", Led Zeppelin
»  "Tarja Preta", Wado
»  "Ape Man", Kinks
»  "19 Rebellions", Asian Dub Foundation + Edy Rock
»  "O Caminho do Bem", Tim Maia
»  "Cross-Eyed and Painless", Talking Heads
»  "Poweride", Marcos Valle
»  "Chunk of the Winter", Pablo
»  "Mysteries of Love", Fingers Inc.
»  "The State of the Union-Tronik", Thievery Corporation
»  "Take On Me", A-ha

50 de 2002
Aos poucos eu vou
colocando as resenhas

  1. In Search of... - N*E*R*D

  2. Nação Zumbi - Nação Zumbi

  3. Blazing Arrow - Blackalicious

  4. The Private Press - DJ Shadow

  5. The Eminem Show - Eminem

  6. Ciclo da De.Cadência - Cidadão Instigado

  7. Cinema Auditivo - Wado

  8. Deadringer - RJD2

  9. Playgroup - Playgroup
    O Roxy era uma boate nova-iorquina que queria reinventar o princípio da disco num ponto de vista entre o electro, a new wave, o hip hop e a world music. O Playgroup é como um parque temático musical sobre o Roxy. Sem soar retrô.

  10. Nada Como Um Dia Após o Outro Dia - Racionais MCs

  11. Fantastic Damage - El-P

  12. Mind Elevation - Nightmares on Wax

  13. Start Breaking My Heart - Manitoba

  14. Geogaddi - Boards of Canada

  15. Angles Without Edges - Yesterday's New Quintet

  16. Antigamente Quilombos Hoje Periferia - ZÁfrica Brasil

  17. EP - Casino

  18. In Between - Jazzanova

  19. Murray Street - Sonic Youth

  20. All of the Above - J-Live

  21. Walking With Thee - Clinic

  22. Contraditório? - DJ Dolores

  23. Scorpio Rising - Death in Vegas

  24. Evil Heat - Primal Scream

  25. Sea Change - Beck

  26. Concrete Dunes - Grandaddy

  27. Outubro ou Nada! - Bidê ou Balde

  28. As Heard on Radio Soulwax, Pt. 2 - 2 Many DJ's

  29. Are You Passionate? - Neil Young

  30. Amanhã É Tarde - Fellini
    A maturidade fez a dupla Cadão e Thomas perder um tanto da espontaneidade ingênua que era um dos charmes do grupo. Mas com ela, veio uma segurança musical inédita, colocando o Fellini ao lado de seus contemporâneos europeus. Para exportação.

  31. Out of Season - Beth Gibbons & Rustin Man

  32. Yoshimi Battles the Pink Robots - Flaming Lips

  33. Kittenz and thee Glitz - Felix da Housecat

  34. Handcream for a Generation - Cornershop

  35. Coleção Nacional - Instituto

  36. Combatente - Stereo Maracanã

  37. Original Pirate Material - The Streets

  38. Déjà-Vu - Metrô

  39. Gerador Zero - Gerador Zero

  40. Life On Other Planets - Supergrass

  41. I Might Be Wrong - Radiohead

  42. Hate - Delgados

  43. Title TK - Breeders

  44. Panzertúnel - Objeto Amarelo

  45. The First Album - Miss Kittin & The Hacker

  46. Now You Know - Doug Marstch

  47. Come with Us - Chemical Brothers

  48. Disco novo - Kiko Zambianchi
    Um pouco de rock anos 80, um pouco das melodias do Teenage Fanclub, um acabamento Gallagheriano. Tudo que o Astromato devia ter tentado, se quisesse ir para a rádio.

  49. Yankee Hotel Foxtrot - Wilco

  50. Everyone Who Pretended to Like Me Is Gone - Walkmen
    Um dos poucos clones do Radiohead que não lembram o Toto.

carrossel
"Estamos envoltos por som"

»  Interpol
Turn On the Bright Lights

»  Vzyadoq Moe
O Ápice

»  Gang of Four
A Brief History of the 20th Century

»  Peaches
The Teaches of Peaches

»  Jimi Tenor
Higher Planes

»  The Doors
L.A. Woman

»  DJ Shadow + Cut Chemist
100th Window

»  Walter Franco
Revolver

»  Fight Club
Trilha sonora

»  Arthur Franquini
When Loneliness Fucks You Up

»  Coldcut
Some Like it Cold

»  Roberto Carlos
O inimitável

ou dá ou desce
Download enquanto é tempo

»  Snow Crash - Neal Stephenson
»  A Carta - Pero Vaz de Caminha
»  Illuminatus Trilogy - Robert Anton Wilson & Robert Shea
»  On Liberty - John Stuart Mill (capítulos 1, 2, 3, 4 e 5)
»  The Raven - Edgar Allen Poe (tradução de Machado de Assis)
»  Devil's Dictionary - Ambrose Bierce
»  Tao Te King - Lao Tsé
»  Contact - Carl Sagan
»  A Clockwok Orange - Anthony Burguess
»  A República - Platão
»  Contos Fluminenses - Machado de Assis
»  On the Road - Jack Kerouac
»  A Volta Ao Mundo em 80 Dias - Jules Verne
»  Neuromancer - William Gibson
»  The Heart of Darkness - Joseph Conrad
»  Lutando na Espanha - George Orwell
»  O Triste Fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto
»  Alice's Adventure in Wonderland - Lewis Carroll
»  Civil Disobecidience - H.D. Thoreau

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